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ANP afirma que Petrobras deve R$ 1,3 bi em royalties
Segundo agência, valor deve ser pago à União, a Estados e a cidades da bacia de Campos
ANP diz que a Petrobras errou ao contabilizar investimento como custo operacional; estatal contesta e afirma que vai recorrer
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A ANP (Agência Nacional do
Petróleo) determinou que a Petrobras faça o pagamento adicional de pelo menos R$ 1,3 bilhão em participações especiais
à União, ao Estado do Rio e a
municípios produtores de petróleo da bacia de Campos.
A agência afirma que a Petrobras errou ao contabilizar investimentos como custo operacional, o que acabou reduzindo
artificialmente seus lucros e,
em conseqüência, os pagamentos devidos ao poder público
pela extração de óleo.
A Lei do Petróleo, que instituiu a participação especial em
1998, prevê que a companhia
pode deduzir do pagamento
seus custos operacionais.
A Petrobras divulgou nota
em que diz que a decisão da
ANP "não encontra respaldo
jurídico, ferindo princípios
constitucionais e impondo à
companhia a busca da proteção
de seus direitos". A estatal ressaltou que pagou participações
especiais segundo critérios fixados pela própria ANP.
A participação especial é uma
espécie de royalty que incide
apenas em campos de alta produção ou de grande rentabilidade. É o caso do campo de
Marlim, na bacia de Campos,
que teve os valores pagos recalculados pela ANP.
Segundo Vitor Martins, diretor da ANP, a agência já havia
constatado o pagamento menor em 2006, quando a Petrobras concordou em desembolsar R$ 399 milhões adicionais
em participações especiais em
Marlim. Mas esse só se referia
ao período de 2002 a 2005.
Não há questionamentos sobre 2006, quando a Petrobras
pagou R$ 8,84 bilhões em participações especiais à União, a
Estados e a municípios.
Como a Lei do Petróleo é anterior a 2002, o secretário da
Fazenda do Rio, Joaquim Levy,
pediu no início deste ano à ANP
que calculasse a diferença da
participação especial em relação ao período de 1998 a 2002,
o que deu R$ 1,3 bilhão.
"A Procuradoria da ANP entendeu que o pleito do Rio tinha base legal", disse Martins.
Somente o Estado do Rio,
que convive com déficit em
suas contas, receberá R$ 522
milhões -40% do valor total.
Também têm direito ao pagamento o Ministério de Minas e
Energia (40%), o Ministério do
Meio Ambiente (10%) e municípios produtores da área do
campo de Marlim (10%).
O valor definido pela ANP refere-se somente ao principal
devido pela empresa. A agência
ainda não calculou juros e multa previstos em lei, o que pode
elevar o débito da estatal.
Sem intenção
Indagado sobre a possibilidade de a Petrobras ter inflado
seus custos para pagar menos
participação especial, Newton
Monteiro, diretor da ANP, disse acreditar que a companhia
não agiu intencionalmente para recolher um volume menor
de recursos. "Não houve dolo."
Segundo Martins, o erro foi
fruto da complexa "engenharia
financeira" montada pela Petrobras para desenvolver o projeto de Marlim, que é explorado
por meio de uma SPE (Sociedade de Propósito Específico).
Para arcar com os vultosos
custos de exploração e produção do campo, a estatal lançou
mão de uma project finance,
modalidade de financiamento
cujas receitas futuras do próprio projeto constituem a garantia do empréstimo.
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