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Retomada avança, mas exportação e investimentos ainda patinam
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
Os últimos dados sobre a economia brasileira têm surpreendido por mostrarem que a situação do país não se agravou
tanto quanto se temia no início
do ano.
Os números que dizem respeito à conjuntura (como os de
mercado de trabalho e de produção industrial) revelam que
em maio e junho começou a se
delinear uma retomada, segundo os especialistas -o diagnóstico oficial e preciso, que é o levantamento do PIB (Produto
Interno Bruto) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística), só sai daqui a dois
meses.
Os chamados indicadores antecedentes também sinalizam
que a tendência de melhora deve se manter. Ontem, a FGV
(Fundação Getulio Vargas) informou que o seu índice de confiança do consumidor avançou
2,8% na leitura do mês atual,
para 111,4 pontos -dentro da
zona de otimismo. Já a EPE
(Empresa de Pesquisa Energética) divulgou que o consumo
de energia do setor manufatureiro subiu 2,3% em junho ante
maio, para o maior patamar do
ano.
"Não está uma maravilha,
comparando com o primeiro
semestre do ano passado, mas
não é um desastre total", afirma Régis Bonelli, pesquisador
do Ibre (Instituto Brasileiro de
Economia), da FGV.
"A crise, em 2008, representou quase uma ruptura na trajetória que o Brasil vinha perseguindo havia quatro anos. Foi
tão violenta que deixou modelos de projeções como biruta de
aeroporto, mudando de direção
a todo minuto. Então, as medições que saem contrariam ou
negam as estimativas feitas",
completa Marcio Pochmann,
presidente do Ipea (Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada) e professor licenciado da
Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Na opinião de Bonelli, "os índices prenunciam uma recuperação lenta e gradual do país".
"Essa perspectiva só não se
confirmará no caso de uma catástrofe internacional, algum
acontecimento que esteja totalmente fora do radar agora",
ressalva.
Ainda há dois indicadores
importantes que estão demorando a se restabelecer, avisando, assim, que os aspectos da
economia a que se referem podem se colocar como obstáculos à restauração da atividade
no país: o que diz respeito ao
ritmo de investimento das empresas e o referente às exportações. O primeiro tem uma importância dupla: quando os donos de negócios investem, demandam mão-de-obra e insumos; além disso, criam a possibilidade de maior oferta de produtos no futuro sem utilizar totalmente a capacidade da indústria, o que poderia gerar
inflação.
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