São Paulo, sexta-feira, 24 de julho de 2009

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Com reforço ao BNDES, dívida pública cresce R$ 26 bi

Emissão de papéis do Tesouro visa compor reserva de R$ 100 bi contra a crise

Participação de investidores externos entre compradores da dívida federal cresce para 6,09% em junho, abaixo do pico de agosto, de 7%


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A emissão de R$ 26 bilhões em títulos do governo federal para o caixa do BNDES fez com que a dívida pública alcançasse R$ 1,434 trilhão em junho. Os papéis emitidos pelo Tesouro Nacional fazem parte da promessa do governo de colocar R$ 100 bilhões à disposição do setor privado para amortecer o impacto da crise sobre o crédito disponível às empresas.
Além de aumentar o capital do BNDES, o governo também emitiu outros R$ 9 bilhões em papéis que foram vendidos diretamente ao mercado financeiro. A conta de juros em junho foi de R$ 11,52 bilhões. Juntos, esses três efeitos explicam a elevação de 3,3% no endividamento federal em junho, quando comprado a maio.
Até o fim do ano, o Tesouro emitirá mais R$ 61 bilhões para o BNDES, o que deve causar novas elevações na dívida. Em maio, o banco já havia recebido R$ 13 bilhões do governo federal, que foram imediatamente transformados em dinheiro.
Na emissão feita em junho, o banco recebeu títulos que serão vendidos aos poucos ao mercado financeiro, em momentos em que o BNDES precisar de recursos em caixa. Além disso, parte dos títulos emitidos, cerca de R$ 9 bilhões, não foram direcionados a novos empréstimos. O banco teve que repassar recursos à Caixa Econômica Federal e ao Banco do Brasil para financiar programas.
A tendência de aumento da participação de investidores estrangeiros entre os compradores da dívida brasileira se manteve em junho. No mês passado, 6,09% do endividamento total estava nas mãos, principalmente, de fundos de pensão e seguradoras internacionais que procuram aplicações de mais longo prazo.
Esse percentual ainda está abaixo do pico atingido em agosto do ano passado, quando os investidores internacionais detinham 7% da dívida do Tesouro Nacional. Com a piora na crise financeira, em setembro do ano passado, a participação estrangeira caiu para próximo de 5,5%. "Nos últimos três meses observamos uma recuperação lenta", disse o coordenador de Operação da Dívida Pública, Fernando Garrido.
Os juros pagos pelo governo na venda de seus títulos também caíram no mês passado, refletindo a redução nas taxas do BC (Banco Central). Em dezembro do ano passado, o custo médio da dívida federal negociada no mercado interno era de 13,56% ao ano. Já nos doze meses terminados em junho, esse percentual havia se reduzido para 12,63% ao ano.
A emissão de títulos para o BNDES também fez com que o Tesouro chegasse bastante perto do teto de emissões de papéis com juros definidos no momento dos leilões, os chamados prefixados. O objetivo do governo é que esses títulos não respondam por mais que 31% da dívida total no fim do ano. O percentual em junho, segundo o Tesouro, era de 30%
Segundo Fernando Garrido, o teto não será ultrapassado até o final do ano porque há um valor elevado de vencimentos desses títulos, o que abre espaço para novas vendas. Segundo ele, o Tesouro continuará vendendo os títulos prefixados, procurados pelo mercado em momentos de queda dos juros.


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