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Atritos marcam
cúpula do
Mercosul
DO ENVIADO ESPECIAL A ASSUNÇÃO
Atritos e reclamações
marcaram ontem as discussões na cúpula semestral do
Mercosul, em Assunção, em
um retrato da situação delicada do bloco regional.
As críticas vieram, sobretudo, dos sócios menores
-Uruguai e Paraguai-, que
criticaram medidas protecionistas de Brasil e Argentina. Os sócios maiores procuraram contemporizar e relacionar o estado do Mercosul
à crise econômica mundial.
"Hoje o desencanto em relação ao Mercosul se generalizou. Parece que ninguém
está confortável no estado
atual", afirmou o ministro de
Relações Exteriores do Paraguai, Héctor Lacognata.
Em duro discurso, Lacognata disse que o bloco respondeu à crise mundial com
"medidas protecionistas unilaterais e sem coordenação
regional". Citou a condição
de país sem litoral e de economia pequena do Paraguai
para justificar o veto ao fim
da dupla cobrança da TEC
(Tarifa Externa Comum).
A TEC é o tributo de importação que deveria ser
aplicado em sistema único
pelos membros do bloco. Na
prática, além de comportar
exceções, pelo regime um
mesmo produto é taxado
múltiplas vezes.
Como retira 10% de sua receita de imposto sobre importações, o Paraguai condiciona a eliminação da bitributração à criação de mecanismos de divisão da renda
aduaneira e de um Tribunal
de Justiça regional -Brasil e
Uruguai se opõem.
O Uruguai criticou o aumento de restrições a importações por Argentina e Brasil
e disse ver com "preocupação" o "bilateralismo" das
negociações setoriais entre
câmaras empresariais promovidas pelos dois países para tentar minimizar a queda
no fluxo de comércio.
O principal negociador argentino, Alfredo Chiaradía,
defendeu sua política comercial como forma de preservar
a estabilidade do país e do
bloco em meio à crise. "Não
se pode tomar esse semestre
como indicativo valido do
ritmo de avanço do grupo."
O Brasil procurou contemporizar, ressaltando a manutenção relativa do nível de
comércio intrabloco. O secretário-geral do Itamaraty,
Samuel Pinheiro Guimarães,
isentou o Mercosul de responsabilidade pela falta de
acordos com outros blocos.
"Se não temos acordo com
a União Europeia, é porque a
UE pediu adiamento, e os Estados Unidos não responderam à proposta de acordo",
afirmou.
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