São Paulo, sexta-feira, 24 de agosto de 2001

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VIZINHO EM CRISE

País deverá usar US$ 3 bilhões do socorro do FMI como garantia para reduzir taxas de juros dos papéis

Argentina corre para fazer troca de títulos

ROGERIO WASSERMANN
DE BUENOS AIRES

Após conseguir um novo pacote de ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI), o governo argentino pretende agora acelerar as negociações para a nova troca de títulos públicos, condição para o recebimento de US$ 3 bilhões dos US$ 8 bilhões do pacote.
Em princípio, esses US$ 3 bilhões seriam recebidos pela Argentina somente em março, mas segundo assessores do Ministério da Economia o ministro Domingo Cavallo deseja concretizar a operação até o fim do ano, para evitar um novo clima de incerteza que poderia ser criado no ano que vem, quando vencem US$ 19,8 bilhões dos US$ 132 bilhões da dívida argentina.
A operação, que deverá ser finalizada apenas no início do próximo ano, poderia ser uma repetição da megatroca de títulos públicos concretizada no início de junho, quando a Argentina conseguiu postergar US$ 29,7 bilhões em amortizações de sua dívida de mais curto prazo para datas entre 2006 e 2031.
Ao contrário daquela operação, quando os compradores dos novos títulos conseguiram taxas de juros médias de 15,6%, consideradas altíssimas, o governo pretende conseguir agora uma garantia para os novos títulos dada por algum organismo internacional ou pelo Tesouro dos EUA.
Com uma garantia legal de que receberão o valor integral do título em seu vencimento, os credores poderiam aceitar taxas de juros bem mais baixas.
Um dos cenários previstos para a nova troca de títulos seria a criação de um fundo, composto inicialmente pelos US$ 3 bilhões do FMI, para garantir os títulos.
Segundo cálculos feitos por economistas, esses US$ 3 bilhões poderiam permitir uma emissão de até US$ 12 bilhões em novos títulos, se o governo seguir a mesma fórmula utilizada numa operação desse tipo realizada em 1999, quando, a partir de um montante dado como garantia pelo Banco Mundial, foram emitidos títulos em montante quatro vezes maior, com vencimentos em quatro períodos distintos. A cada vencimento, a garantia passaria ao vencimento posterior.
Segundo o vice-presidente do Banco Central, Mario Blejer, que participou da missão argentina que negociou com o FMI, a operação será "totalmente voluntária". Ele afirma que não se trata de "reprogramação, renegociação ou reestruturação", porque, segundo eles, são palavras que trazem uma implicação de imposição. "São termos que causam certo mal-estar nos mercados, porque dão a impressão de que vão fazer algo que eles não querem fazer", afirmou.



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