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VIZINHO EM CRISE
País deverá usar US$ 3 bilhões do socorro do FMI como garantia para reduzir taxas de juros dos papéis
Argentina corre para fazer troca de títulos
ROGERIO WASSERMANN
DE BUENOS AIRES
Após conseguir um novo pacote
de ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI), o governo argentino pretende agora acelerar
as negociações para a nova troca
de títulos públicos, condição para
o recebimento de US$ 3 bilhões
dos US$ 8 bilhões do pacote.
Em princípio, esses US$ 3 bilhões seriam recebidos pela Argentina somente em março, mas
segundo assessores do Ministério
da Economia o ministro Domingo Cavallo deseja concretizar a
operação até o fim do ano, para
evitar um novo clima de incerteza
que poderia ser criado no ano que
vem, quando vencem US$ 19,8 bilhões dos US$ 132 bilhões da dívida argentina.
A operação, que deverá ser finalizada apenas no início do próximo ano, poderia ser uma repetição da megatroca de títulos públicos concretizada no início de junho, quando a Argentina conseguiu postergar US$ 29,7 bilhões
em amortizações de sua dívida de
mais curto prazo para datas entre
2006 e 2031.
Ao contrário daquela operação,
quando os compradores dos novos títulos conseguiram taxas de
juros médias de 15,6%, consideradas altíssimas, o governo pretende conseguir agora uma garantia
para os novos títulos dada por algum organismo internacional ou
pelo Tesouro dos EUA.
Com uma garantia legal de que
receberão o valor integral do título em seu vencimento, os credores poderiam aceitar taxas de juros bem mais baixas.
Um dos cenários previstos para
a nova troca de títulos seria a criação de um fundo, composto inicialmente pelos US$ 3 bilhões do
FMI, para garantir os títulos.
Segundo cálculos feitos por economistas, esses US$ 3 bilhões poderiam permitir uma emissão de
até US$ 12 bilhões em novos títulos, se o governo seguir a mesma
fórmula utilizada numa operação
desse tipo realizada em 1999,
quando, a partir de um montante
dado como garantia pelo Banco
Mundial, foram emitidos títulos
em montante quatro vezes maior,
com vencimentos em quatro períodos distintos. A cada vencimento, a garantia passaria ao vencimento posterior.
Segundo o vice-presidente do
Banco Central, Mario Blejer, que
participou da missão argentina
que negociou com o FMI, a operação será "totalmente voluntária".
Ele afirma que não se trata de "reprogramação, renegociação ou
reestruturação", porque, segundo
eles, são palavras que trazem uma
implicação de imposição. "São
termos que causam certo mal-estar nos mercados, porque dão a
impressão de que vão fazer algo
que eles não querem fazer", afirmou.
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