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MERCADO FINANCEIRO
Brasileiros esperam por novas medidas no país vizinho; avaliação é que apoio do FMI é insuficiente
Dólar e Bolsa seguem colados à Argentina
DA REPORTAGEM LOCAL
O alívio que o anúncio do acordo entre a Argentina e o FMI
trouxe ao mercado brasileiro durou só um dia. Ontem, o dólar
voltou a subir, o volume de negócios na Bolsa, que operou em queda, continuou pequeno e os juros
futuros tiveram pequena alta.
A impressão no mercado é que
falta algo no acordo. A única conclusão a que chegaram os analistas até agora é que a economia Argentina tem garantidos US$ 5 bilhões adicionais e que esse dinheiro pode dar algum fôlego ao país,
mas não por muito tempo.
Para os investidores brasileiros,
falta anunciar medidas que mostrem que o país pode sair da recessão ou que sinalizem que a carga da dívida externa será aliviada
pela já anunciada reestruturação.
O problema é que, por enquanto, foi apenas anunciado que o
país terá a disposição outros US$
3 bilhões para fazer a reestruturação. Não se explicou como será
feita, quando e nem o que ela realmente significa.
É essa incerteza que faz com que
o mercado brasileiro ainda tema
pelos efeitos que a crise no país vizinho pode ter para o Brasil. Ou
seja, o risco de contágio, no caso
de uma piora no cenário econômico argentino, ainda preocupa
analistas e investidores.
Ontem a Bovespa caiu 1,56%. O
índice Ibovespa atingiu os 12.750
pontos -o menor nível desde
novembro de 99. A perda da Bovespa no segundo semestre soma
12,4%. Neste ano, ela é de 16,4%.
O dólar fechou em R$ 2,53, com
uma alta de 0,36% em relação à
quarta-feira. A cotação da moeda
já subiu 29,7% neste ano.
Na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), os juros futuros
voltaram a subir. Apenas a taxa
dos contratos de setembro ficou
estável -em 19,10%. As taxas dos
contratos de janeiro de 2002 subiram de 22,4% para 22,5%.
Contra a maré de ceticismo no
mercado interno, os C-Bonds, títulos mais negociados da dívida
externa brasileira, subiram ontem. Os títulos haviam sido negociados a 70% de seu valor de face
na terça-feira. Se recuperaram
bem na quarta-feira (72,75% do
valor de face) e foram negociados
ontem a 73,13%.
Essa alta significa, na prática,
que diminui, aos olhos dos investidores, o risco de investir no papel. Pagando valor maior pelos títulos, os investidores estão reduzindo os juros que exigem para
investir em papéis brasileiros.
(MARCELO BILLI)
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