|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Empresas aumentam captações com juro menor e recuperação econômica
CÍNTIA CARDOSO
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Com os juros em níveis menores do que os praticados há um
ano e com a economia mostrando
sinais de aquecimento, o mercado
de debêntures tem atraído um
número maior de empresas.
Neste ano, até a semana passada, o volume captado por esse tipo de operação já é quase igual ao
resultado obtido em todo o ano
passado. As emissões totais de debêntures estão em R$ 5,13 bilhões
neste ano. Ao longo de 2003, somaram R$ 5,28 bilhões.
As debêntures são títulos de dívida que as empresas lançam para
captar recursos no mercado interno. Para o investidor, elas representam uma aplicação de renda
fixa, por prazo predeterminado.
Para Vivian Figueiredo, economista do SND (Sistema Nacional
de Debêntures), há a chance de
outros R$ 3 bilhões serem emitidos no próximo trimestre.
No entanto, até o momento, as
operações feitas neste ano têm sido destinadas principalmente à
rolagem de dívidas. Segundo dados da CVM (Comissões de Valores Mobiliários), 73,42% das empresas que emitiram debêntures
neste ano usaram os recursos para alongar o perfil das dívidas. Só
5,04% das emissoras aplicaram
esses recursos em investimentos.
Para Figueiredo, essa proporção
indica que, apesar de sinais de retomada da economia brasileira, as
empresas ainda não têm feito investimentos com vigor. Mas a
economista ressalta um aspecto
positivo na onda de emissões.
"Comparando com os anos de
2002 e 2003, há uma diversificação maior dos setores que têm
captado com debêntures", disse.
Captações externas
Já em relação às captações de recursos no exterior, a perspectiva é
a de que haja um aumento no número de operações fechadas daqui para o fim do ano. Até o momento, segundo dados compilados pela Global Invest, o setor privado brasileiro captou US$ 5,7 bilhões. A estimativa da consultoria
é que, no acumulado de 2004, esse
volume chegue a US$ 11 bilhões,
abaixo dos US$ 16,05 bilhões registrados no ano passado.
A sensação, dizem analistas, é a
de que o pior momento do ano
passou. A questão da alta dos juros norte-americanos parece menos nebulosa -dificilmente haverá uma elevação abrupta dos juros no curto prazo. Isso ajudou a
tornar o mercado internacional
menos avesso a títulos de países
emergentes, como o Brasil.
De acordo com Walter Molano,
da BCP Securities, esse novo cenário pode trazer boas notícias
para a economia brasileira. "Devido à forte melhoria dos fundamentos macroeconômicos, a elevação [da nota de crédito concedidas pelas agências de risco para
o Brasil] já está atrasada", escreveu em relatório para investidores. O "upgrade" do Brasil, diz, é
uma questão de tempo.
O fato de o risco-país brasileiro
ter recuado recentemente para os
patamares registrados em março
-próximo dos 500 pontos- deve levar o setor privado a procurar
com maior interesse o exterior.
Em uma captação externa, quanto menor estiver o risco-país,
maiores as facilidades e menores
os custos para se captar.
Apesar de os juros básicos (taxa
Selic, que serve de referência para
as demais operações) terem deixado de cair, permanecendo desde o segundo trimestre em 16% ao
ano, a taxa é dez pontos percentuais inferior à praticada há pouco mais de um ano.
Há ainda outros R$ 2,07 bilhões
em emissão de debêntures em
análise na CVM (Comissão de
Valores Mobiliários), sendo R$
600 milhões da Sabesp.
Normalmente, os pedidos de
emissão de debêntures levam algumas semanas para sair.
"Com a redução interna dos juros, fica mais fácil para as empresas fazerem captações via debêntures do que por meio de captação
externa", disse Paulo Gomes, da
Global Invest.
Texto Anterior: Valorização do real reduz ganhos da indústria Próximo Texto: Opinião econômica - Benjamin Steinbruch: O capitão e suas batalhas Índice
|