São Paulo, terça-feira, 24 de agosto de 2004

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ENERGIA

Anúncio de corte na produção da Rússia não afeta cotação do barril, que fecha cotado a US$ 46,05 em Nova York

Petróleo cede com exportações do Iraque

DA REDAÇÃO

O restabelecimento das exportações iraquianas permitiu uma nova queda dos preços do petróleo ontem. Essa foi a primeira queda consecutiva das cotações em um mês. Nem a informação de que a petrolífera russa Yukos irá reduzir sua produção foi o bastante para pressionar os preços.
Na Bolsa Mercantil de Nova York, os contratos para setembro encerraram negociados a US$ 46,05, uma queda de 67 centavos ou 1,4% em relação ao preço de sexta-feira. Em Londres, o barril do tipo Brent negociado para outubro encerrou em queda de 1,2%, aos US$ 43,03. Os preços, aos poucos, se distanciam dos recordes alcançados durante o pregão de sexta-feira, quando a cotação beirou US$ 50.
A produção do Iraque voltou aos 2 milhões de barris diários. As operações no sul do país foram retomadas após terem ficado duas semanas parcialmente interrompidas -as extrações ficaram reduzidas à metade. Ao norte do país, as linhas de exportações na região de Kirkuk também voltaram o operar, com pelo menos 50% de sua capacidade.
O país é o sexto maior fornecedor de óleo para os Estados Unidos. As exportações do Iraque responderam por 6,5% das importações do produto pelos EUA, em maio, de acordo com informações do Departamento de Energia norte-americano.

Yukos
Na Rússia, a maior produtora local, a Yukos, comunicou que será forçada a reduzir sua capacidade por conta do congelamento de suas contas bancárias. A empresa vive uma disputa judicial com o governo local sobre o pagamento US$ 3,4 bilhões em tributos supostamente atrasados.
No sentido oposto, o presidente russo, Vladimir Putin, disse ontem para o seu colega norte-americano, George W. Bush, que as empresas do país irão manter os atuais níveis de produção. A informação foi dada pelo porta-voz da Casa Branca, Scott Mclellan.
A incerteza na Rússia, no entanto, não foi suficiente para elevar os preços ontem. "Essa redução é parte de um leve ajuste, mas ainda não é uma reversão de tendência", disse Ric Navy, negociador do BNP Paribas.
Segundo analistas, para haver uma reversão definitiva da tendência, seria necessário o fim dos conflitos nas regiões produtoras do Iraque.

Demanda
O mercado teme que a pequena capacidade dos países produtores de elevar sua capacidade acabe pressionando os preços. Em especial, em um momento de alta no consumo como o atual.
O analista Martin King, da First Energy Capital, diz acreditar que "o preço do produto permaneça na casa dos US$ 40 por um ou dois meses, até que fique mais nítido o comportamento do consumo nos EUA no último trimestre.
Nesta época, o consumo tende a subir em razão da utilização do combustível no aquecimento domiciliar. As refinarias do país já importaram, em média, 9,95 milhões de barris por dia neste ano, um crescimento de 6,5% em comparação ao mesmo período do ano passado.
O consumo chinês é outro fator preocupante. Nos últimos 12 meses encerrados em julho, as importações da commodity pela China cresceram mais de 40%. O país ainda espera aumentar o consumo do produto. Com todos esses fatores, qualquer problema em um país produtor poderá ter reflexos nas cotações.


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