São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 2006

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Air Canada negocia participação no capital da Varig

Companhia canadense, que já presta consultoria sobre o Smiles, pode divulgar amanhã comunicado sobre negócio

Novos donos da aérea dizem que só ficarão na empresa se não houver sucessão de dívida; Ministério Público apóia divisão de linhas


MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A Air Canada está em negociação com os novos donos da Varig para adquirir parte do programa de milhagens da companhia, o Smiles. Não está descartada também a aquisição de uma participação direta na companhia, de até 10%.
"Eles [Air Canada] têm interesse em participar de alguma forma na Varig. Ainda não sabemos como se dará essa participação, mas o mais provável é que se dê via a compra de parte do Smiles", afirmou Marco Antonio Audi, presidente do conselho de administração da VarigLog, dona da Varig.
Desde antes de a companhia ser vendida para a VarigLog, em julho, a aérea canadense já demonstrava interesse na Varig, na época em parceria com a portuguesa TAP e o fundo de investimentos Brookfield.
De acordo com Audi, presidente do conselho de administração da VarigLog, dona da Varig, o negócio ainda não foi fechado. "Vamos dizer que ainda é um namoro. Eles [Air Canada] vieram para cá como consultores e realmente têm interesse em participar de alguma maneira no "business" em si, com pouca coisa", afirmou.
Segundo a Folha apurou, a ACE Aviation Holding, que controla a Air Canada, pode soltar um comunicado sobre o assunto amanhã, dia em que a nova Varig pode receber o Cheta (Certificado de Homologação de Empresa de Transporte Aéreo) da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
Procurada pela reportagem, a Air Canada informou que o porta-voz da ACE é o único habilitado a falar sobre o assunto. Ele deve se pronunciar sobre o caso entre hoje e amanhã.
Segundo Audi, representantes da Air Canada prestam hoje consultoria para a nova Varig para avaliação do programa de milhagem da companhia, o Smiles, e também para definir a nova frota da companhia.

Ameaça
O executivo do fundo de investimento norte-americano Matlin Patterson, Lap Chan, informou aos funcionários, em reunião, que a permanência dos novos donos da Varig no negócio depende da confirmação do acordo coletivo de trabalho, da obtenção do Cheta e da confirmação pela Justiça do Trabalho de que não há sucessão de dívida trabalhista.
Segundo a Varig, a empresa exige apenas o cumprimento do previsto no edital. Os ex-funcionários da aérea lutam na Justiça para receber as rescisões trabalhistas. A Varig demitiu 5.500 pessoas no mês passado e até agora elas não receberam nem o FGTS.
No Rio de Janeiro, a reunião foi marcada também por um incidente. O comissário Valdemir Menezes Pereira tentou gravar a reunião. Segundo a Varig, ele foi alertado para o fato de que a gravação era proibida. A empresa alega temer o uso indevido da imagem e exigiu que ele assinasse um termo de compromisso de que não venderia a fita. Com a recusa do funcionário, a polícia foi acionada.

Financiamento
A VarigLog, nova dona da Varig, entregou ao BNDES a carta-consulta para o pedido de financiamento de US$ 1,7 bilhão para a compra de 50 aeronaves da Embraer. A carta representa o primeiro estágio formal dos pedidos de financiamento.
Enquanto a Varig se reorganiza, o Ministério Público Federal apoiou a redistribuição das linhas que não serão usadas pela empresa na primeira etapa do seu plano de linhas. Para a Justiça, isso só pode ocorrer 30 dias após a obtenção do Cheta pela Varig.


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