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Air Canada negocia participação no capital da Varig
Companhia canadense, que já presta consultoria sobre o Smiles, pode divulgar amanhã comunicado sobre negócio
Novos donos da aérea dizem
que só ficarão na empresa se não houver sucessão de dívida; Ministério Público apóia divisão de linhas
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
A Air Canada está em negociação com os novos donos da
Varig para adquirir parte do
programa de milhagens da
companhia, o Smiles. Não está
descartada também a aquisição
de uma participação direta na
companhia, de até 10%.
"Eles [Air Canada] têm interesse em participar de alguma
forma na Varig. Ainda não sabemos como se dará essa participação, mas o mais provável é
que se dê via a compra de parte
do Smiles", afirmou Marco Antonio Audi, presidente do conselho de administração da VarigLog, dona da Varig.
Desde antes de a companhia
ser vendida para a VarigLog,
em julho, a aérea canadense já
demonstrava interesse na Varig, na época em parceria com a
portuguesa TAP e o fundo de
investimentos Brookfield.
De acordo com Audi, presidente do conselho de administração da VarigLog, dona da Varig, o negócio ainda não foi fechado. "Vamos dizer que ainda
é um namoro. Eles [Air Canada] vieram para cá como consultores e realmente têm interesse em participar de alguma
maneira no "business" em si,
com pouca coisa", afirmou.
Segundo a Folha apurou, a
ACE Aviation Holding, que
controla a Air Canada, pode
soltar um comunicado sobre o
assunto amanhã, dia em que a
nova Varig pode receber o Cheta (Certificado de Homologação de Empresa de Transporte
Aéreo) da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
Procurada pela reportagem,
a Air Canada informou que o
porta-voz da ACE é o único habilitado a falar sobre o assunto.
Ele deve se pronunciar sobre o
caso entre hoje e amanhã.
Segundo Audi, representantes da Air Canada prestam hoje
consultoria para a nova Varig
para avaliação do programa de
milhagem da companhia, o
Smiles, e também para definir
a nova frota da companhia.
Ameaça
O executivo do fundo de investimento norte-americano
Matlin Patterson, Lap Chan,
informou aos funcionários, em
reunião, que a permanência
dos novos donos da Varig no
negócio depende da confirmação do acordo coletivo de trabalho, da obtenção do Cheta e da
confirmação pela Justiça do
Trabalho de que não há sucessão de dívida trabalhista.
Segundo a Varig, a empresa
exige apenas o cumprimento
do previsto no edital. Os ex-funcionários da aérea lutam na
Justiça para receber as rescisões trabalhistas. A Varig demitiu 5.500 pessoas no mês passado e até agora elas não receberam nem o FGTS.
No Rio de Janeiro, a reunião
foi marcada também por um
incidente. O comissário Valdemir Menezes Pereira tentou
gravar a reunião. Segundo a Varig, ele foi alertado para o fato
de que a gravação era proibida.
A empresa alega temer o uso indevido da imagem e exigiu que
ele assinasse um termo de compromisso de que não venderia a
fita. Com a recusa do funcionário, a polícia foi acionada.
Financiamento
A VarigLog, nova dona da Varig, entregou ao BNDES a carta-consulta para o pedido de financiamento de US$ 1,7 bilhão
para a compra de 50 aeronaves
da Embraer. A carta representa
o primeiro estágio formal dos
pedidos de financiamento.
Enquanto a Varig se reorganiza, o Ministério Público Federal apoiou a redistribuição
das linhas que não serão usadas
pela empresa na primeira etapa
do seu plano de linhas. Para a
Justiça, isso só pode ocorrer 30
dias após a obtenção do Cheta
pela Varig.
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