São Paulo, sexta-feira, 24 de agosto de 2007

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Após turbulência nos mercados, bancos passam a apostar na valorização do dólar

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A crise internacional mudou a estratégia dos bancos no câmbio. Em agosto, as instituições financeiras passaram a acreditar na alta do dólar pela primeira vez desde novembro de 2006. O movimento foi registrado pelo Banco Central. Para analistas, o fenômeno reflete a desconfiança com os rumos do mercado financeiro.
Nos 21 primeiros dias de agosto, bancos mantiveram posição comprada de US$ 1,328 bilhão. Estar comprado, no jargão financeiro, significa apostar na alta das cotações da moeda norte-americana. Nessa transação, bancos assumem compromisso de compra do dólar no futuro com cotação preestabelecida, garantindo preço combinado em cenário de cotação em alta.
Esse quadro é diferente do visto nos meses anteriores. De novembro de 2006 a junho de 2007, instituições mantiveram forte posição vendida -aposta de queda das cotações.
"Isso mostra o susto que o mercado financeiro levou com a crise imobiliária nos Estados Unidos", afirma o diretor da Modal Asset Management, Alexandre Póvoa.

Movimento de manada
A opinião é compartilhada pelo professor da Faculdade de Economia e Administração da USP Fábio Kanczuk. "Tivemos um movimento de manada em meio ao pavor dos investidores. Em momentos de nervosismo e turbulência, o que mais acontece é ficar em posições defensivas como essa", diz Kanczuk. Os dois observam, contudo, que a tendência do dólar não é a de alta. "Isso é muito mais uma reação de susto. Tanto que a moeda está voltando ao patamar anterior", completa.
A explicação dos especialistas é diferente da dada pelo Banco Central. Na avaliação do chefe do Departamento Econômico da instituição, Altamir Lopes, o que mais pesou foi a mudança na regulamentação do mercado cambial realizada em junho que dificultava a manutenção de grandes posições vendidas. "Isso pode ter influenciado, mas não seria suficiente para transformar a aposta, de queda para alta do dólar. Essa reversão foi gerada pela crise", diz Kanczuk.
Apesar desse cenário, analistas não acreditam no reforço da posição comprada. "O pessoal está em período de análise da situação. A mudança principal já foi feita ao aumentar a defesa, e agora o investidor analisa o mercado para ver o que fará", afirma Póvoa.


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