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Após turbulência nos mercados, bancos passam a apostar na valorização do dólar
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A crise internacional mudou
a estratégia dos bancos no câmbio. Em agosto, as instituições
financeiras passaram a acreditar na alta do dólar pela primeira vez desde novembro de
2006. O movimento foi registrado pelo Banco Central. Para
analistas, o fenômeno reflete a
desconfiança com os rumos do
mercado financeiro.
Nos 21 primeiros dias de
agosto, bancos mantiveram posição comprada de US$ 1,328
bilhão. Estar comprado, no jargão financeiro, significa apostar na alta das cotações da moeda norte-americana. Nessa
transação, bancos assumem
compromisso de compra do dólar no futuro com cotação
preestabelecida, garantindo
preço combinado em cenário
de cotação em alta.
Esse quadro é diferente do
visto nos meses anteriores. De
novembro de 2006 a junho de
2007, instituições mantiveram
forte posição vendida -aposta
de queda das cotações.
"Isso mostra o susto que o
mercado financeiro levou com
a crise imobiliária nos Estados
Unidos", afirma o diretor da
Modal Asset Management, Alexandre Póvoa.
Movimento de manada
A opinião é compartilhada
pelo professor da Faculdade de
Economia e Administração da
USP Fábio Kanczuk. "Tivemos
um movimento de manada em
meio ao pavor dos investidores.
Em momentos de nervosismo e
turbulência, o que mais acontece é ficar em posições defensivas como essa", diz Kanczuk.
Os dois observam, contudo,
que a tendência do dólar não é a
de alta. "Isso é muito mais uma
reação de susto. Tanto que a
moeda está voltando ao patamar anterior", completa.
A explicação dos especialistas é diferente da dada pelo
Banco Central. Na avaliação do
chefe do Departamento Econômico da instituição, Altamir
Lopes, o que mais pesou foi a
mudança na regulamentação
do mercado cambial realizada
em junho que dificultava a manutenção de grandes posições
vendidas. "Isso pode ter influenciado, mas não seria suficiente para transformar a aposta, de queda para alta do dólar.
Essa reversão foi gerada pela
crise", diz Kanczuk.
Apesar desse cenário, analistas não acreditam no reforço da
posição comprada. "O pessoal
está em período de análise da
situação. A mudança principal
já foi feita ao aumentar a defesa, e agora o investidor analisa o
mercado para ver o que fará",
afirma Póvoa.
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