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Economistas vêem BC mais cauteloso
Turbulência deve pesar mais que alta do dólar, diz Loyo; Werneck acha possível parada na queda da taxa de juros
Mendonça de Barros diz que maior risco ao governo Lula é a complacência beneficiada pela abundância de dólares
MARIA CRISTINA FRIAS
TONI SCIARRETTA
ENVIADOS ESPECIAIS A CAMPOS DO JORDÃO
A alta do dólar em relação ao
real não preocupa, mas a volatilidade pode aumentar a cautela
do Banco Central, segundo o
ex-diretor da instituição
Eduardo Loyo, economista-chefe para América Latina do
Banco UBS Pactual. "O momento atual pode definir o tamanho da cautela que o BC terá
de ter. Mas [a cautela] não resulta do movimento já observado na taxa de câmbio", disse.
"É preciso não exagerar o impacto [do câmbio], independentemente do efeito sobre a
inflação. Não vejo no câmbio
um fator preocupante. Vejo um
aumento da cautela mais ligado
à volatilidade pontual", disse.
Palestrantes presentes no 3º
Congresso Internacional de
Derivativos e Mercado Financeiro minimizaram o efeito da
crise financeira no país.
"Não acredito que essa crise
externa leve o mundo a algum
tipo de colapso. O Brasil será
muito pouco afetado. Fosse um
outro período, entraria em recessão, e o BC aumentaria os
juros", disse Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-ministro
do governo FHC, ex-diretor do
BC e colunista da Folha.
Para Loyo, não se pode dizer
que o país esteja totalmente
imune à crise. Ele lembra que
os reflexos da turbulência sobre o Brasil dependem dos preços das commodities, mas a
melhora nos fundamentos diminui a perda de confiança.
Para o economista Rogério
Werneck (PUC-RJ), o BC será
levado a repensar o ciclo de
queda da Selic. "Ainda não é
preocupante, mas não me surpreenderia se o BC interrompesse a queda de juros", disse.
Para Mendonça de Barros, o
maior risco para o governo Lula é a complacência. "As coisas
estão indo bem, mas há forças
que não são perenes." O ex-ministro tucano disse que a principal diferença entre o governo
FHC e a gestão Lula é que, no
primeiro, havia escassez de dólar, e, no segundo, abundância.
A presença de Mendonça de
Barros e do ex-presidente do
BC Gustavo Franco, membros
do governo FHC, num mesmo
painel reforçou o ar de fórum
de oposição do evento neste
ano. O único membro do governo atual convidado foi o
presidente do BC, Henrique
Meirelles, que participou da
abertura do evento, anteontem. Nas outras edições, havia
ao menos dois representantes
da gestão federal. E não faltaram críticas ao governo.
"Teria de ter um ministro da
Fazenda com maior influência
política. Não sei se temos um
ministro com esse perfil", disse
Werneck. Ao mencionar a reforma tributária, Franco disse
que espera que ela não seja feita pelo governo atual. "O próximo fará muito melhor."
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