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CPMF é o pior tributo já inventado, diz ex do FMI
Anne Krueger critica mal uso do dinheiro arrecadado
DO ENVIADO A CAMPOS DO JORDÃO
A ex-mulher forte do FMI
Anne Krueger classificou a
CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), que o governo quer
prorrogar por mais quatro
anos, como um dos "piores tributos" já inventados.
Chamou de "inacreditável" o
depósito compulsório de 45%
sobre os depósitos à vista. Afirmou que "alguma coisa vai mal"
na economia brasileira, que
tem carga tributária de quase
35% do PIB, mas não consegue
fazer com que o nível do crédito
cresça em relação ao PIB -hoje, o crédito está em 36%.
"Há países que não têm recursos para investir. Não é o caso do Brasil. O governo arrecada tributos que representam
uma elevada porcentagem do
PIB, mas há algo de errado, pois
não se sabe para onde vai esse
dinheiro. O ideal seria que o governo fizesse um uso melhor
dos recursos públicos", disse.
Para Krueger, o crédito é um
indicador importante que precisa ser melhorado no sistema
financeiro brasileiro. "Os bancos trabalham com um "spread"
[diferença entre juros captados
e repassados ao consumidor]
imenso. Há uma série de indicadores e práticas do mercado
que precisam ser melhoradas",
disse, em encontro sobre mercado financeiro em Campos do
Jordão, interior de SP.
Mais do que a crise nos mercados, o primeiro debate entre
os economistas brasileiros no
congresso da BM&F centrou
sua discussão na alta carga tributária como impedimento de
médio e longo prazos para o desenvolvimento do país.
O ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça
de Barros disse que o governo
Lula perde uma oportunidade
única de baixar a carga tributária sem um alto custo para a sociedade e a economia. "Só haverá reforma tributária se diminuírem os gastos federais. Não
adianta falar em reforma tributária com a criação, por exemplo, do IVA [Imposto sobre o
Valor Agregado] porque ele teria de ter alíquota de 50%, e
ninguém vai querer cobrar 50%
a mais do consumidor", disse.
Barros afirmou que essa
omissão terá seu preço em um
futuro não muito distante,
quando o país não tiver as mesmas condições favoráveis para
manter um crescimento de 4%
a 5% ao ano.
Já o ex-presidente do Banco
Central Gustavo Franco fez
uma longa exposição sobre o
passado de inflação da economia brasileira e centrou sua
apresentação nas travas para o
desenvolvimento econômico.
Ele defendeu uma maior inserção do país no comércio internacional, com ganhos de eficiência e produtividade.
(TONI SCIARRETTA)
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