São Paulo, sexta-feira, 24 de agosto de 2007

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Confiança do consumidor de renda mais alta diminui

Para FGV, turbulência no mercado financeiro e crise aérea afetaram mais ricos

No geral, porém, índice teve alta de 1% em agosto, com 53% dos consumidores apostando em crescimento vigoroso nos próximos anos

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A crise no mercado financeiro já abala a confiança dos consumidores de maior poder aquisitivo. Sondagem da FGV (Fundação Getulio Vargas) mostra que o Índice de Confiança do Consumidor teve alta de 1% em agosto. Mas para os mais ricos, com renda familiar mensal superior a R$ 9.600, houve queda de 3,3%.
O pessimismo entre os consumidores de renda mais elevada foi puxado por São Paulo, onde houve queda de 6,4% nessa faixa. Em Brasília, o recuo foi de 4,6%, e, no Rio, de 1,9%.
Segundo Aloisio Campelo, coordenador da pesquisa, o resultado mostra que esses consumidores já podem ter sido afetados pela queda das Bolsas. "É a única faixa de renda em que a confiança diminuiu entre julho e agosto, sinalizando que a turbulência do mercado financeiro gera incerteza. A crise já pode estar afetando as aplicações dos consumidores dessa faixa", disse.
Para Campelo, a crise trouxe apreensão tanto para os investidores do mercado de renda variável como renda fixa.
A cidade de São Paulo teve queda de 0,5% no índice de confiança. Campelo atribuiu o desempenho ao fato de a capital ser o centro financeiro do país, com grande número de pessoas ligadas ao setor, e aos efeitos do acidente da TAM.
"Os grandes desastres afetam o humor dos consumidores", disse. Com o resultado de agosto, a taxa acumulada em 12 meses em São Paulo caiu de 9,6% para 6,9%. Em Brasília, houve queda de 1,6% em agosto.
A cautela dos consumidores mais ricos pode ser medida também pelas expectativas de crescimento para os próximos cinco anos. Em agosto do ano passado, 64% dos consumidores de renda familiar superior a R$ 9.600 previam uma expansão mais acelerada da economia nos próximos cinco anos e representavam a parcela mais otimista em relação ao futuro. Em agosto deste ano, esse percentual recuou para 50,4%.
Na média de todas as faixas de renda, 53,2% apostam em crescimento mais vigoroso da economia nos próximos anos.
A pesquisa coletou dados entre os dias 2 e 20 deste mês.
Apesar do pessimismo dos consumidores de renda mais alta, alguns indicadores deram sinais de recuperação, como a avaliação da economia local, que teve alta de 2% e alcançou o maior patamar da série histórica, iniciada em setembro de 2005. O consumidor está disposto a comprar mais bens duráveis, como eletrodomésticos, no futuro. O indicador avançou 1,7% de julho para agosto.


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