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Dólar caro elevará dívida a 63% do PIB
NEY HAYASHI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A dívida pública pode chegar ao equivalente a 63% do PIB (Produto Interno Bruto, somatória das riquezas produzidas pelo país durante um ano) se a cotação do dólar se mantiver nos níveis observados ontem. Em janeiro de 1995,
quando o presidente Fernando Henrique Cardoso deu início ao
seu primeiro mandato, essa proporção estava em 30%.
Ao fechar o novo acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), a equipe econômica esperava que a relação entre a dívida e o PIB pudesse chegar a 59% até dezembro. Em 1998, quando o atual governo negociou o primeiro de uma série de três empréstimos com o Fundo, a expectativa era estabilizar essa proporção em
46,5% até o final de 2001.
Em julho, quando o dólar chegou a R$ 3,43, a relação dívida/
PIB chegou a 61,9% -nível mais
alto desde que o Banco Central
começou a calcular essa estatística, em 1991.
A cotação da moeda chegou a
recuar durante o mês passado,
mas voltou a subir nos últimos
dias. Em agosto, a relação dívida/
PIB, que será divulgada hoje pelo
BC, ficou próxima de 59%.
De acordo com o BC, cada 1%
de alta do dólar provoca aumento
de 0,26 ponto percentual na relação entre a dívida e o PIB. Entre
janeiro e julho, a desvalorização
do real provocou aumento de
10,22 pontos percentuais nessa
proporção. No mesmo período, o
esforço fiscal do governo garantiu
a obtenção de superávit primário
(receitas menos despesas, exceto
gastos com juros) equivalente a
2,49% do PIB.
A dívida líquida do setor público é a soma do endividamento da
União, dos Estados, dos municípios e das empresas estatais. Cerca de dois terços dessa dívida são
de responsabilidade do governo
federal, sendo que as demais esferas respondem pelo restante.
A relação entre o tamanho da
dívida pública e o PIB de um país
é um dos indicadores da capacidade do governo de honrar seus
compromissos. Isso porque o dinheiro arrecadado pelo governo
para pagar suas dívidas depende
da cobrança de impostos, que estão bastante ligados ao nível de
atividade da economia.
Aproximadamente metade da
dívida líquida do setor público é
corrigida pela variação do dólar.
Além da dívida externa, é influenciada pelo câmbio a parcela de títulos públicos que são negociados
dentro do Brasil mas são atrelados à cotação da moeda dos EUA.
Quando a relação dívida/PIB se
eleva, aumentam no mercado as
dúvidas quanto à capacidade do
Brasil de continuar honrando
seus compromissos. As dúvidas
pressionam a cotação do dólar
-que, ao subir, também faz crescer a dívida, num círculo vicioso.
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