São Paulo, terça-feira, 24 de setembro de 2002

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AGROFOLHA

PECUÁRIA

Olímpica da Mata Velha se torna o animal mais caro do país; busca por ativo real inflaciona preços, diz associação

Meia vaca é vendida por R$ 1,6 milhão

Luiz Adolfo/Associação Brasileira dos Criadores de Zebu
A vaca nelore Olímpica da Mata Velha, cuja metade foi arrematada no último sábado por R$ 1,6 milhão na Fazenda Mata Velha, em Uberaba (MG)


JOSÉ SERGIO OSSE
DA REPORTAGEM LOCAL

A vaca nelore Olímpica da Mata Velha se tornou, no último sábado, o animal mais caro do país e, provavelmente, do mundo. Metade dela foi arrematada durante leilão na Expoinel (Exposição Internacional do Nelore) por R$ 1,6 milhão. Isso significa, portanto, que a vaca inteira custa, hoje, R$ 3,2 milhões.
O leilão, ocorrido na Fazenda Mata Velha, em Uberaba (MG), é conhecido por atingir preços extremamente altos. A vaca mais cara do mundo até então fora vendida durante essa mesma exposição, em 2001. Metade da vaca Sairany da Mata Velha foi vendida por R$ 900 mil. Assim como no caso da vaca Olímpia, o comprador se tornou sócio em 50% do vendedor no lucro obtido com o animal.
Para Carlos Eduardo Viacava, presidente da ACNB (Associação dos Criadores de Nelore do Brasil), os preços atingidos nas vendas da Mata Velha têm de ser interpretados de forma diversa dos obtidos em outros leilões.
"Esse leilão e esses animais são como leilões e obras de arte. O preço é alto porque são como colecionadores comprando", diz.
Ainda assim, afirma Viacava, o preço não é totalmente descolado da arroba do boi. O potencial e o tamanho da pecuária nacional -atualmente a segunda maior do mundo- inflacionam os preços e atraem investidores sem muita tradição na pecuária. É o caso do próprio comprador da vaca Olímpia, João Carlos Digênio, dono do colégio Objetivo e que há poucos anos começou a criar gado.

Ativo real
Para o presidente da ACNB, o momento econômico atual também contribui para os altos preços obtidos nos leilões. "As pessoas estão preocupadas com o dólar muito alto, com o que o novo governo pode fazer e, portanto, estão preferindo ativos reais -como bois e vacas- aos produtos do mercado financeiro."
Neste ano, só nos três primeiros leilões, já foram negociados mais de R$ 10 milhões com animais. Outros dois animais reprodutores foram vendidos no mesmo leilão por R$ 588 mil e R$ 560 mil.

Gado de elite
Os animais negociados nesses leilões são considerados gado reprodutor de elite, utilizados para melhoramento genético de rebanho. Suas características físicas e genéticas são tidas como ideais tanto para a precocidade (tempo em que o animal atinge o peso ideal para o abate) quanto para a qualidade da carne produzida.
Suas características são repassadas aos rebanhos comerciais por meio de seus filhos, sejam embriões, vacas ou touros, que cruzam com animais mais comuns, transmitindo assim a sua carga genética "melhorada".


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