São Paulo, sexta-feira, 24 de setembro de 2004

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TRABALHO

Para IBGE, é cedo para verificar uma tendência de resultado no mercado

Ainda em patamar alto, desemprego pára de cair

DA SUCURSAL DO RIO

Mesmo apontando para uma estabilidade na taxa de desemprego, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) ressalta que o índice de dois dígitos registrado em agosto -11,4%- é alto, mas que ainda é cedo para avaliar se essa parada representa ou não uma tendência.
"Estacionou, mas é um primeiro resultado não satisfatório depois de três meses consecutivos de queda na taxa", disse o gerente da Pesquisa Mensal de Emprego, Cimar Pereira.
"Temos que verificar a trajetória dos próximos dois meses para saber a direção que estamos indo", completou. Após o recorde de 13,1% em abril, a taxa de desemprego apresentou quedas, ficando em 12,2% em maio, 11,7% em junho e 11,2% em julho.
"Os fatores podem ser sazonais [típicos de um determinado período do ano], pois estamos fazendo comparação com julho, que é um mês de férias. Em agosto, há um aumento da atividade econômica, com um aumento pela procura de emprego", afirmou.
Segundo Pereira, parte das mulheres, que representam 56,1% dos desempregados, deixa de procurar emprego durante as férias de seus filhos. E tentam retornar ao mercado de trabalho em agosto, aumentando, com isso, a taxa de desocupação. Vale esclarecer que, quando uma pessoa nem sequer tenta encontrar emprego, ela é qualificada pelo IBGE de inativa e não de desocupada.
Pereira também ressalta que duas das seis regiões metropolitanas contribuíram para que a taxa de desemprego não caísse -Salvador e Rio de Janeiro. A primeira registrou uma alta de 15,7% no total de pessoas desocupadas sobre julho, e a segunda, de 7,4%.
Três regiões metropolitanas apresentaram queda no total de pessoas desocupadas: Porto Alegre (-5,5%), Belo Horizonte (-3,3) e São Paulo (-0,4%). Recife teve uma pequena alta de 0,6%.
"Nos últimos meses, a taxa caiu significativamente e agora está mostrando desaceleração, o que acompanha o movimento já detectado nas pesquisas do IBGE de indústria e comércio", disse o economista Juan Jensen, da consultoria Tendências. "Se você não está produzindo mais e nem vendendo mais, a taxa de desemprego acaba sendo afetada."
"Os dados mostram que a recuperação não está consolidada", disse Lauro Ramos, coordenador de Estudos de Mercado de Trabalho do Ipea. "Estamos melhorando, mas não podemos dizer que a recuperação é firme e continuada, ela é ainda claudicante."
O economista Juan Jensen, da consultoria Tendências, aponta pelo menos um dado positivo na retração do mercado de trabalho. "Sem o impacto adicional da renda, que poderia acarretar numa inflação de demanda, o Banco Central pode não aumentar novamente a taxa de juros."
(GABRIELA WOLTHERS)


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