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Copom corrige erro, diz Fiesp; para
analistas, alta de juros será lenta
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao decidir que não vai mais perseguir o centro da meta de inflação de 4,5% para 2005, o Copom
(Comitê de Política Monetária)
"corrigiu um erro de origem, mas
mesmo assim vai provocar uma
contração na economia", na opinião de Horacio Lafer Piva, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Para atingir o novo alvo, de 5,1%
de inflação, ele diz que o Copom
vai ter de aumentar mais os juros.
"Como os preços administrados
devem subir 6,9%, o Banco Central tentará frear os preços livres
endurecendo a política de juros
para conter a demanda", diz.
Que os juros estão em processo
de alta o Copom já deixou claro
na sua última reunião. O que a ata
dessa reunião, divulgada ontem,
veio esclarecer é quais serão o ritmo e o teto desse processo.
Alguns economistas já trabalham com um cenário de juros
entre 17% e 17,5% para os próximos meses. "A ata do Copom deixa claro que, se ele fosse perseguir
a meta de 4,5% de inflação no ano
que vem, teria de subir mais, e
mais rapidamente, a taxa básica
de juro, a Selic", observa Jorge Simino, sócio da MS Consult.
Ao alargar a meta, o BC sinaliza
que poderá fazer um ajuste mais
moderado nos juros e num prazo
maior, de três a seis meses, segundo o economista. Ele descarta aumentos superiores a 0,5 ponto
percentual para a Selic nas próximas reuniões do Copom.
Na opinião de Simino, o movimento feito pelo BC dá parâmetros ao mercado e não fere a credibilidade da autoridade monetária. "O problema não é a decisão
atual e, sim, a meta de inflação
muito ambiciosa estabelecida no
ano passado e reafirmada em junho deste ano", diz ele.
Piva também considera correta
a decisão do Banco Central. "Ninguém acreditava na meta de 4,5%;
uns fingiam que enganavam, outros que acreditavam", comenta.
Risco
Para Juan Jensen, economista
da consultoria Tendências, "a decisão do Copom é positiva no sentido da flexibilização do sistema
[de metas de inflação]". No entanto, ele considera que o momento escolhido para isso não foi
o mais adequado. "O BC poderia
ter esperado para tomar essa decisão no final do ano, pois não há
uma inflação de demanda, e em
algum momento as expectativas
vão refluir", diz ele.
Segundo Jensen, ao deslocar o
centro da meta de inflação para
5,1%, o BC não fará recuar a expectativa de inflação do mercado.
Segundo o último boletim Focus,
do BC, que retrata a opinião de
cem analistas de mercado, as projeções para o IPCA em 2005 evoluíram de 5,50%, em 27 de agosto,
para 5,70% no dia 10 de setembro
e para 5,80% no dia 17 passado.
O que poderá fazer reverter a
expectativa de inflação, segundo
Jensen, é o câmbio - com o real
valorizado, a pressão sobre a inflação é negativa- e a decisão do
governo de aumentar a meta do
superávit primário. "O aumento
do superávit atua sobre a pressão
de demanda", diz ele.
O dinheiro a mais que o governo arrecadou neste ano com impostos, que está indo em parte para gastos correntes e alimentando
a demanda, irá para pagar juros
da dívida pública. E isso aliviaria
pressões inflacionárias.
Ao rever o centro da meta, entretanto, o Banco Central correu o
risco de abrir margem para que se
especule sobre alguma leniência
da autoridade monetária com a
inflação. "O BC assumiu um risco
altíssimo e desnecessário num
momento de deterioração da expectativa de inflação", diz Alexandre Póvoa, economista da Modal
Asset Management.
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