São Paulo, domingo, 24 de setembro de 2006

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Países da Ásia usarão novo "motor" para crescer mais

FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A CINGAPURA

Os países asiáticos começaram a fase de testes de um novo "motor" poderoso que pode renovar o já extraordinário crescimento em toda a região.
Donos de US$ 2,9 trilhões em reservas internacionais -mais da metade (US$ 4,9 trilhões) de tudo os que os bancos centrais acumulam em todo o mundo-, os asiáticos estão usando parte desse dinheiro para financiar atividades produtivas.
Em vez de deixar o dinheiro "estacionado" em títulos do governo americano ou outros ativos internacionais, vários países estão montando bancos públicos específicos para emprestar parte das reservas a quem quer investir. Cingapura está aperfeiçoando o GIC (Goverment Investment Corporation). A Coréia criou o KIC (Korea Investment Corporation), e a Malásia, o MIC.
Embora represente apenas um pequeno percentual das reservas, o dinheiro que vai sendo aplicado é gigantesco.
No Caso do KIC coreano, os 10% das reservas destinados a investimentos chegam a US$ 20 bilhões. O valor é equivalente ao que está sendo aplicado pelo MIC da Malásia.
Vários países da região, em particular a China, realizam anualmente investimentos públicos e privados da ordem de 30% do PIB. Os investimentos, considerados o principal "motor" para o crescimento de qualquer país, agora tendem a ganhar novo fôlego.
No Brasil, o investimento não passa de 20% do PIB há anos, o que explica o crescimento medíocre das duas últimas décadas.
Estudo comparativo do FMI entre América Latina e Ásia mostra que os países orientais têm tudo o que falta ao Brasil e região: carga tributária e endividamento baixos, altos níveis de investimento público e privado e produtividade do trabalho cada vez mais intensa.
Como conseqüência, os países asiáticos serão os maiores beneficiados com investimentos estrangeiros no setor produtivo em 2006. Levarão cerca de US$ 85 bilhões, quase a metade de tudo o que será investido em todos os emergentes.
A América Latina ficará com menos da metade, sendo que o Brasil deve receber cerca de US$ 12,5 bilhões. A Ásia emergente deve crescer 8,3% neste ano, segundo projeções do FMI divulgadas na semana passada em Cingapura; a América Latina, 4,8%; e o Brasil, 3,6%.


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