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Países da Ásia usarão novo "motor" para crescer mais
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A CINGAPURA
Os países asiáticos começaram a fase de testes de um novo
"motor" poderoso que pode renovar o já extraordinário crescimento em toda a região.
Donos de US$ 2,9 trilhões em
reservas internacionais -mais
da metade (US$ 4,9 trilhões) de
tudo os que os bancos centrais
acumulam em todo o mundo-,
os asiáticos estão usando parte
desse dinheiro para financiar
atividades produtivas.
Em vez de deixar o dinheiro
"estacionado" em títulos do governo americano ou outros ativos internacionais, vários países estão montando bancos públicos específicos para emprestar parte das reservas a quem
quer investir. Cingapura está
aperfeiçoando o GIC (Goverment Investment Corporation). A Coréia criou o KIC (Korea Investment Corporation), e
a Malásia, o MIC.
Embora represente apenas
um pequeno percentual das reservas, o dinheiro que vai sendo
aplicado é gigantesco.
No Caso do KIC coreano, os
10% das reservas destinados a
investimentos chegam a US$
20 bilhões. O valor é equivalente ao que está sendo aplicado
pelo MIC da Malásia.
Vários países da região, em
particular a China, realizam
anualmente investimentos públicos e privados da ordem de
30% do PIB. Os investimentos,
considerados o principal "motor" para o crescimento de
qualquer país, agora tendem a
ganhar novo fôlego.
No Brasil, o investimento
não passa de 20% do PIB há
anos, o que explica o crescimento medíocre das duas últimas décadas.
Estudo comparativo do FMI
entre América Latina e Ásia
mostra que os países orientais
têm tudo o que falta ao Brasil e
região: carga tributária e endividamento baixos, altos níveis
de investimento público e privado e produtividade do trabalho cada vez mais intensa.
Como conseqüência, os países asiáticos serão os maiores
beneficiados com investimentos estrangeiros no setor produtivo em 2006. Levarão cerca
de US$ 85 bilhões, quase a metade de tudo o que será investido em todos os emergentes.
A América Latina ficará com
menos da metade, sendo que o
Brasil deve receber cerca de
US$ 12,5 bilhões. A Ásia emergente deve crescer 8,3% neste
ano, segundo projeções do FMI
divulgadas na semana passada
em Cingapura; a América Latina, 4,8%; e o Brasil, 3,6%.
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