São Paulo, quarta-feira, 24 de setembro de 2008

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MERCADO ABERTO

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Brasil será principal destino de investimento da AL em 2009

Em um momento de desaceleração econômica global, o Brasil deverá ser o principal destino de investimentos de empresas latino-americanas em 2009, de acordo com pesquisa da consultoria KPMG divulgada ontem.
De 140 executivos de multinacionais da região, 21% declararam intenção de investir no país no ano que vem. Em seguida, apareceram os Estados Unidos e a Argentina, ambos com 19% das intenções.
No contexto de fraco desempenho econômico nos países desenvolvidos, os investidores voltam os olhos aos emergentes. E, no caso do Brasil, o acesso a um mercado consumidor crescente e a maior estabilidade política surgem como os principais atrativos, afirma Diogo Ruiz, sócio-responsável pela Prática de Impostos da KPMG no Brasil.
Embora haja consenso de que haverá um período, ao menos até o ano que vem, de escassez de oferta de crédito externo e baixa nos investimentos, o Brasil surge como alternativa aos grupos empresariais que ainda dispõem de maior liquidez e estão dispostos a investir.
"Pode ser que haja um enxugamento, mas, de qualquer maneira, sempre haverá a necessidade de aplicação. Com a crise lá fora e o grau de investimento no Brasil, há uma canalização natural de recursos para cá", afirma Ruiz.
O Brasil terá uma vantagem comparativa em relação a outros países, o que não significa que o aporte de capital no país será maior. Ao contrário, a previsão é que haja queda no investimento direto estrangeiro.
De acordo com a RC Consultores, o volume de capital externo no Brasil deverá alcançar US$ 38 bilhões em 2008. Para o ano que vem, o montante deve cair para algo entre US$ 25 bilhões e US$ 28 bilhões.
"Ou seja, a crise aparece como uma oportunidade relativa ao Brasil. Este não é um quadro expansionista", afirma Fábio Silveira, sócio-diretor da RC.
A pesquisa da KPMG mostra também que a intenção de investimentos no Brasil será menor. Em um horizonte de cinco anos, o interesse em investir no país cai de 21% para 19%. Para Ruiz, o fato de as empresas já estarem consolidadas no Brasil em 2013 explica a redução.

PECHINCHA
O preço é o que pesa mais na decisão de compra para 67% das donas-de-casa brasileiras, mostra estudo da LatinPanel. Até junho, o gasto com produtos em promoção cresceu 14% ante igual período de 2007. Nas cinco maiores redes de varejo, o avanço chegou a 20%. A pesquisa mostrou que a promoção mais popular é o folheto promocional.

PLANO DE VÔO
Emilio Botín, presidente mundial do grupo Santander, virá ao Brasil, em 31 de outubro, apresentar, com Fábio Barbosa, presidente do Santander Brasil, o plano estratégico para o país. O executivo-chefe Alfredo Sáenz participa do evento.

NA PROA
A Vale e a Posco investem para reduzir o custo do transporte de minério de ferro para a Coréia. Dois navios, com capacidade de 250 mil toneladas, contratados pela siderúrgica coreana, fazem nesta semana o primeiro carregamento no Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, em São Luís.

TERRA DOURADA
Mônaco passou Londres como o mercado com casas mais caras do mundo, segundo a Bloomberg. Demissões nos bancos e previsões de queda de bônus dos executivos são algumas causas. A demanda gerada pelas pessoas que trabalham em serviços financeiros que aquecia o mercado de casas de luxo londrino caiu -empresas do setor estão cortando custos com pessoal.

CARGA PESADA
O conhecimento dos brasileiros sobre os impostos melhorou neste ano. No entanto, quase 30% das pessoas dizem que não pagam impostos, segundo pesquisa da Fecomércio-RJ. De acordo com a federação, essas pessoas não percebem a carga tributária, principalmente em razão dos impostos indiretos. O percentual de entrevistados que dizem pagar impostos passou de 45% em 2007 para 69% neste ano. O estudo foi feito em mil domicílios, 70 cidades e nove regiões metropolitanas.

Crise espanta brasileiros do mercado financeiro dos EUA

A crise financeira global já provoca efeitos sobre brasileiros que trabalham no mercado financeiro norte-americano. Executivos que ocupavam cargos estratégicos, com altos salários e bonificações, já começam a buscar empresas de recrutamento no Brasil, depois que o Lehman Brothers pediu concordata e o Merrill Lynch foi vendido.
Ricardo Bevilacqua, diretor-geral da Robert Half, diz que há três meses começou a sentir um fluxo de volta de profissionais que trabalhavam em private banking. "Quem faz gestão de grandes fortunas percebeu que o americano teria problemas e começou a pensar em voltar. Foi quando nós passamos a receber os currículos."
Segundo Bevilacqua, o movimento inclui profissionais do Bear Stearns e do Lehman Brothers, que não costumavam colocar currículo no mercado. "Há pessoas que nunca fariam isso em momento normal." A faixa salarial é alta, de cerca de US$ 15 mil fixos, mais bonificação, segundo Bevilacqua.
A perspectiva é que esse retorno de profissionais se mantenha pelos próximos 24 meses, tempo que o mercado deve tomar para se reerguer. "Hoje, bancos como Itaú, Bradesco, Unibanco e outros têm conseguido atrair excelentes profissionais com pacotes atrativos."

PRATA DA CASA
Apesar da escassez de crédito global, alguns grandes nomes de Hollywood ainda mostram que têm cacife. Steven Spielberg conseguiu US$ 700 milhões do JPMorgan para abrir uma produtora com a Reliance Big Entertainment da Índia, diz o "New York Times". A produtora independente Media Rights Capital também foi agraciada: foram US$ 350 milhões do JPMorgan Chase e do Comerica. De acordo com o jornal americano, as empresas de Hollywood temem a crise, mas as companhias consideradas de baixo risco continuarão com acesso ao crédito, embora em menor escala.

com JOANA CUNHA e VERENA FORNETTI


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