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Com repasse a BNDES, dívida do governo alcança R$ 1,5 tri
Operação para capitalizar banco foi fator que mais pesou na alta do débito federal neste ano
Apesar do crescimento, endividamento público em títulos tem custo menor e prazo mais alongado do que no final do ano passado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A dívida pública federal alcançou em agosto o valor inédito de R$ 1,5 trilhão, o que representa cerca de R$ 8.000 para
cada brasileiro. Apesar da alta,
a dívida está mais barata e com
prazo de pagamento maior em
relação ao final de 2008.
O fator que mais contribuiu
para o crescimento verificado
neste ano foi a operação realizada para aumentar os recursos do BNDES para empréstimos em R$ 100 bilhões. Sem essa emissão, a dívida teria ficado
praticamente estável em relação ao final do ano passado.
Essa injeção de recursos no
banco estatal de desenvolvimento foi uma das principais
medidas anunciadas pelo governo para aumentar o crédito
para empresas diante da crise.
Conforme os dados do Tesouro, a dívida federal ainda está R$ 100 bilhões abaixo do teto
fixado para o ano. Isso significa
que o governo ainda tem margem para aumentar seu endividamento dentro da política de
alongar prazos e reduzir custos.
Em relação a esse último
ponto, o custo da dívida em 12
meses caiu de 15,91% ao ano em
dezembro para 13,08% em
agosto. Ou seja, apesar da crise,
a dívida está mais barata e também com prazo de pagamento
mais longo. Isso se deve à queda
da taxa básica de juros (Selic) e
da inflação, principais indicadores que afetam a dívida.
A taxa Selic responde hoje
por cerca de 36% da dívida em
títulos. Em dezembro de 2004,
quando a dívida ultrapassou a
marca simbólica de R$ 1 trilhão, a taxa básica representava
quase metade dos papéis. Na
época, o segundo principal indicador era o câmbio, que afetava um quarto da dívida. Hoje,
representa menos de 10%.
Outro ponto destacado pelo
Tesouro em relação ao resultado da dívida em agosto é o retorno dos investidores estrangeiros. Hoje, eles têm em mãos
6,36% dos títulos negociados
no Brasil, ante 7% em agosto do
ano passado (percentual recorde). Em abril, esse indicador
chegou a 5,6%, pior resultado
verificado após o agravamento
da crise financeira.
Em valores absolutos, no entanto, o montante da dívida nas
mãos de não residentes ultrapassou o patamar pré-crise e
chegou a R$ 85,8 bilhões.
Dos R$ 100 bilhões em títulos emprestados pelo Tesouro
ao BNDES, R$ 13 bilhões já foram resgatados em abril e estão
no caixa do banco. Portanto,
não impactam mais a dívida.
Outros R$ 5 bilhões vencem em
1º de outubro. Segundo o Tesouro, os R$ 82 bilhões restantes não alteram o perfil da dívida pública e não têm impacto
significativo sobre o seu custo.
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