São Paulo, quinta-feira, 24 de setembro de 2009

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Com repasse a BNDES, dívida do governo alcança R$ 1,5 tri

Operação para capitalizar banco foi fator que mais pesou na alta do débito federal neste ano

Apesar do crescimento, endividamento público em títulos tem custo menor e prazo mais alongado do que no final do ano passado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A dívida pública federal alcançou em agosto o valor inédito de R$ 1,5 trilhão, o que representa cerca de R$ 8.000 para cada brasileiro. Apesar da alta, a dívida está mais barata e com prazo de pagamento maior em relação ao final de 2008.
O fator que mais contribuiu para o crescimento verificado neste ano foi a operação realizada para aumentar os recursos do BNDES para empréstimos em R$ 100 bilhões. Sem essa emissão, a dívida teria ficado praticamente estável em relação ao final do ano passado.
Essa injeção de recursos no banco estatal de desenvolvimento foi uma das principais medidas anunciadas pelo governo para aumentar o crédito para empresas diante da crise.
Conforme os dados do Tesouro, a dívida federal ainda está R$ 100 bilhões abaixo do teto fixado para o ano. Isso significa que o governo ainda tem margem para aumentar seu endividamento dentro da política de alongar prazos e reduzir custos.
Em relação a esse último ponto, o custo da dívida em 12 meses caiu de 15,91% ao ano em dezembro para 13,08% em agosto. Ou seja, apesar da crise, a dívida está mais barata e também com prazo de pagamento mais longo. Isso se deve à queda da taxa básica de juros (Selic) e da inflação, principais indicadores que afetam a dívida.
A taxa Selic responde hoje por cerca de 36% da dívida em títulos. Em dezembro de 2004, quando a dívida ultrapassou a marca simbólica de R$ 1 trilhão, a taxa básica representava quase metade dos papéis. Na época, o segundo principal indicador era o câmbio, que afetava um quarto da dívida. Hoje, representa menos de 10%.
Outro ponto destacado pelo Tesouro em relação ao resultado da dívida em agosto é o retorno dos investidores estrangeiros. Hoje, eles têm em mãos 6,36% dos títulos negociados no Brasil, ante 7% em agosto do ano passado (percentual recorde). Em abril, esse indicador chegou a 5,6%, pior resultado verificado após o agravamento da crise financeira.
Em valores absolutos, no entanto, o montante da dívida nas mãos de não residentes ultrapassou o patamar pré-crise e chegou a R$ 85,8 bilhões.
Dos R$ 100 bilhões em títulos emprestados pelo Tesouro ao BNDES, R$ 13 bilhões já foram resgatados em abril e estão no caixa do banco. Portanto, não impactam mais a dívida. Outros R$ 5 bilhões vencem em 1º de outubro. Segundo o Tesouro, os R$ 82 bilhões restantes não alteram o perfil da dívida pública e não têm impacto significativo sobre o seu custo.


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