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TRABALHO
Taxa na região metropolitana subiu para 20,6% em setembro, mês em que empresas tradicionalmente contratam
Desemprego volta a bater recorde em SP
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
A taxa de desemprego na região
metropolitana de São Paulo subiu
de 20% em agosto para o nível recorde de 20,6% da PEA (População Economicamente Ativa) em
setembro. É a mais elevada taxa
desde o início da pesquisa Seade/
Dieese, em 1985, e iguala-se aos
percentuais registrados nos meses de abril e maio deste ano.
O resultado está acompanhado
de um agravante: as fundações
responsáveis pelo levantamento
classificam o aumento do desemprego como ""atípico" para o mês,
uma vez que nesse período as empresas deveriam contratar para
atender à maior demanda de final
de ano. Foi a terceira alta seguida
na taxa -era de 19,7% em julho.
Também é recorde o número
absoluto de desempregados na
região: 2,03 milhões de pessoas,
em uma PEA estimada de 9,855
milhões. Em 12 meses (de outubro de 2002 a setembro último),
somaram-se mais 193 mil novos
desocupados. Em setembro, 61
mil trabalhadores passaram a figurar no contingente de desempregados, decorrência da eliminação de 49 mil ocupações e do
ingresso de outras 12 mil na PEA.
"Esperávamos neste momento
estabilidade ou queda na taxa de
desemprego. Ocorreu o contrário", diz Paula Montagner, gerente de análises da Fundação Seade
(Sistema Estadual de Análise de
Dados). "O fato é que a redução
nas taxas de juros ainda não se refletiu em mais emprego."
Pela pesquisa, os três maiores
segmentos de atividade econômica tiveram perda de postos de trabalho em setembro. No comércio
foram eliminadas 24 mil ocupações, seguido pelo setor de serviços, com redução de 18 mil, e a indústria, que fechou 9.000 vagas.
Montagner argumenta que, a
exemplo da crise pré-eleitoral do
ano passado, pode ter ocorrido
em setembro um "deslocamento
da sazonalidade". Ou seja: pode
ter ocorrido o adiamento das encomendas e compras do comércio à indústria, com o consequente atraso na contratação de mão-de-obra -ainda que temporária
e pouco especializada.
Mais tempo
A eventual retomada de contratações com carteira assinada ou
mesmo de autônomos somente
seria possível em um período
mais amplo. "Queda nos juros demora de seis a nove meses para
causar impacto positivo no mercado de trabalho", afirma Solange
Sanches, coordenadora de pesquisas do Dieese (Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos).
Exemplos dos poucos segmentos da indústria que registraram
aumentos no nível de emprego
em setembro foram material gráfico, mobiliário, vidros e cerâmica. Como contrapartida, houve
queda nos ramos de alimentação,
de química e borracha, de vestuário, de metal-mecânica e têxtil.
São da indústria os números
mais alarmantes de desemprego:
desde o início do governo Lula
(até setembro), o nível de emprego no setor industrial caiu 11,3%.
Na comparação com o mesmo
mês em 2002, o resultado é negativo em 6,3%.
Em 2003, o nível de emprego geral acumula variação negativa de
1,2%. Os índices somente não são
piores porque, no ano, o comércio registra variação positiva de
3,8% no nível de emprego, assim
como o setor de serviços, de 0,5%.
Como os serviços concentram
51,9% dos ocupados (dados de junho), contra 16% do comércio, a
variação positiva no ano ""minimiza" o pífio desempenho da indústria (com 19,8% dos trabalhadores). Em 1985, a indústria detinha 32% dos ocupados na região.
Segundo a pesquisa, o rendimento médio dos trabalhadores
ocupados passou de R$ 897 em
julho para R$ 910 em agosto -alta de 1,4%. Em 12 meses (setembro de 2002 a agosto de 2003), porém, a perda acumulada é de 6,6%
-em agosto do ano passado, o
rendimento equivalia a R$ 974.
Em fevereiro, essa perda estava
em 10%. ""O refreamento das perdas ocorreu porque a inflação
caiu", diz Paula Montagner.
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