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Investimento externo fica abaixo do previsto
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Brasil recebeu US$ 739 milhões em investimentos estrangeiros diretos no mês passado, segundo dados do Banco Central. O
valor ficou abaixo do US$ 1,1 bilhão esperado pelo BC, que já
considera difícil que o ingresso de
capital externo chegue aos US$ 10
bilhões esperados pelo governo
para este ano.
"Atingir os US$ 10 bilhões já
não será tão fácil, mas não é impossível", afirma o chefe do Departamento Econômico do BC,
Altamir Lopes.
Entre janeiro e setembro, os investimentos estrangeiros recebidos pelo Brasil somaram US$
6,467 bilhões. Neste mês, segundo
Lopes, o valor aplicado no país
pelos estrangeiros deve ficar em
US$ 750 milhões.
Isso significa que, para chegar
aos US$ 10 bilhões estimados pelo
BC, o país precisaria receber cerca
de US$ 1,4 bilhão por mês no bimestre novembro e dezembro
-quase o dobro da média mensal de US$ 719 milhões registrada
até setembro.
Em janeiro, o BC projetava em
US$ 16 bilhões os investimentos
estrangeiros que o país receberia
em 2003, próximo dos US$ 16,6
bilhões que ingressaram no ano
passado. Essa estimativa caiu para
US$ 15 bilhões, depois para US$
13 bilhões e chegou aos atuais US$
10 bilhões em junho. Agora, mesmo essa última estimativa poderá
não se concretizar.
Segundo Lopes, o resultado do
primeiro semestre ficou abaixo
do previsto pelo BC devido a dúvidas que as multinacionais teriam em relação ao governo do
presidente Lula.
Além disso, a desaceleração
econômica dos países desenvolvidos teria provocado uma queda
nos investimentos feitos pelas
empresas em todo o mundo.
Multinacionais saem
A redução nos investimentos
estrangeiros reflete também a saída de multinacionais do Brasil.
Muitas empresas estão optando
por se desfazer de suas operações
no pais, o que tem impacto negativo nas estatísticas.
A fuga é maior no setor bancário, com a saída de várias instituições financeiras estrangeiras. A
principal instituição a deixar o
país foi o BBV, que vendeu sua
operação brasileira para o Bradesco e enviou os US$ 649 milhões
obtidos com o negócio para sua
matriz espanhola.
No mês passado, US$ 432 milhões referentes à compra do BBA
-que tinha como acionista o
banco austríaco Creditanstalt-
pelo Itaú foram enviados às Ilhas
Cayman, por onde o negócio foi
fechado. A compra foi feita no
primeiro semestre deste ano, mas
o envio do dinheiro só foi feito em
setembro.
Dos US$ 6,467 bilhões em investimentos que entraram no país,
US$ 1,323 bilhão se refere não ao
ingresso de recursos novos, mas a
operações chamadas de conversões. Numa conversão, uma dívida contraída no exterior é transformada em investimento, sem
que ocorra uma efetiva entrada de
dólares no país.
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