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São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 2003

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Investimento externo fica abaixo do previsto

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil recebeu US$ 739 milhões em investimentos estrangeiros diretos no mês passado, segundo dados do Banco Central. O valor ficou abaixo do US$ 1,1 bilhão esperado pelo BC, que já considera difícil que o ingresso de capital externo chegue aos US$ 10 bilhões esperados pelo governo para este ano.
"Atingir os US$ 10 bilhões já não será tão fácil, mas não é impossível", afirma o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.
Entre janeiro e setembro, os investimentos estrangeiros recebidos pelo Brasil somaram US$ 6,467 bilhões. Neste mês, segundo Lopes, o valor aplicado no país pelos estrangeiros deve ficar em US$ 750 milhões.
Isso significa que, para chegar aos US$ 10 bilhões estimados pelo BC, o país precisaria receber cerca de US$ 1,4 bilhão por mês no bimestre novembro e dezembro -quase o dobro da média mensal de US$ 719 milhões registrada até setembro.
Em janeiro, o BC projetava em US$ 16 bilhões os investimentos estrangeiros que o país receberia em 2003, próximo dos US$ 16,6 bilhões que ingressaram no ano passado. Essa estimativa caiu para US$ 15 bilhões, depois para US$ 13 bilhões e chegou aos atuais US$ 10 bilhões em junho. Agora, mesmo essa última estimativa poderá não se concretizar.
Segundo Lopes, o resultado do primeiro semestre ficou abaixo do previsto pelo BC devido a dúvidas que as multinacionais teriam em relação ao governo do presidente Lula.
Além disso, a desaceleração econômica dos países desenvolvidos teria provocado uma queda nos investimentos feitos pelas empresas em todo o mundo.

Multinacionais saem
A redução nos investimentos estrangeiros reflete também a saída de multinacionais do Brasil. Muitas empresas estão optando por se desfazer de suas operações no pais, o que tem impacto negativo nas estatísticas.
A fuga é maior no setor bancário, com a saída de várias instituições financeiras estrangeiras. A principal instituição a deixar o país foi o BBV, que vendeu sua operação brasileira para o Bradesco e enviou os US$ 649 milhões obtidos com o negócio para sua matriz espanhola.
No mês passado, US$ 432 milhões referentes à compra do BBA -que tinha como acionista o banco austríaco Creditanstalt- pelo Itaú foram enviados às Ilhas Cayman, por onde o negócio foi fechado. A compra foi feita no primeiro semestre deste ano, mas o envio do dinheiro só foi feito em setembro.
Dos US$ 6,467 bilhões em investimentos que entraram no país, US$ 1,323 bilhão se refere não ao ingresso de recursos novos, mas a operações chamadas de conversões. Numa conversão, uma dívida contraída no exterior é transformada em investimento, sem que ocorra uma efetiva entrada de dólares no país.


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