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Anatel impõe barreiras entre Vivo e TIM
Agência aprova compra da Telecom Italia pela Telefônica, mas fixa restrições à atuação de empresas de telefonia celular no Brasil
Empresas não poderão, por
exemplo, adotar marca ou
estratégia comercial comum; Telefônica afirma não ver problema em restrições
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Anatel (Agência Nacional
de Telecomunicações) aprovou
a compra de Telecom Italia pela Telefônica, mas impôs restrições para que as duas empresas
continuem a atuar de forma separada no mercado brasileiro
de telefonia celular. A Telefônica é sócia da Vivo (tem 50% de
participação na empresa, mesmo percentual da Portugal Telecom), e a Telecom Italia, dona
da TIM, operadoras que atuam
na área de telefonia móvel em
todo país e, juntas, têm 53% do
mercado. A agência também
aprovou a compra da Telemig
Celular pela Vivo.
No final de abril, em operação de US$ 5,58 bilhões realizada na Europa, um consórcio de
empresas liderado pela Telefônica comprou a Olimpia, holding controladora da Telecom
Italia.
Ontem, a agência reguladora
analisou a operação sob o ponto de vista das implicações no
mercado brasileiro de telefonia
móvel.
A Telefônica tem seis meses
para cumprir as restrições impostas pela Anatel. Se isso não
for feito, a agência reguladora
poderá analisar novamente a
questão e suspender a aprovação concedida ontem.
A análise feita pela Anatel se
restringiu à regulamentação
específica do setor de telecomunicações. A agência reguladora ainda vai elaborar um documento tratando da questão concorrencial e enviar ao Cade
(Conselho Administrativo de
Defesa Econômica), que terá a
palavra final do ponto de vista
da defesa da concorrência. Ou
seja, o Cade poderá aprovar
(com ou sem novas restrições)
ou negar a autorização para a
operação.
"Cada empresa mantém sua
personalidade jurídica, cada
empresa tem seus planos, sem
que possa ter acordo entre elas.
Isso não poderá ocorrer", disse
Antônio Bedran, conselheiro
da agência reguladora.
"As nossas restrições impedem que isso venha ocorrer. Se
isso vier a ocorrer, nós temos
medidas na legislação. Não pode haver concentração no mercado", afirmou.
"Não estamos permitindo fusão, não estamos permitindo
coligação, não estamos permitindo nenhuma forma de acordo operacional ou econômico
entre as duas empresas. Isso está muito claro na decisão do
conselho. Nós fomos bastante
restritivos na anuência prévia",
disse Bedran.
Voto
De acordo com as restrições
impostas pela Anatel, membros indicados pela Telefônica
no controle da Telecom Italia
não podem, em reuniões do
conselho de administração ou
assembléia de acionistas, votar
ou vetar matéria que trate de
assunto relacionado à atuação
das empresas na prestação de
serviços de telecomunicações
no mercado brasileiro.
Além disso, a Telefônica não
pode indicar membros para o
Conselho de Administração ou
diretoria de empresas controladas pela Telecom Italia no
Brasil e que atuem no mercado
de telecomunicações.
Do ponto de vista da operação das companhias, também
há restrições para evitar que
elas atuem em conjunto. A Telefônica e a TIM não poderão,
por exemplo, adotar uma marca ou uma estratégia comercial
comum e partilhar conhecimentos tecnológicos ou estratégicos.
As empresas de telefonia móvel não podem atuar juntas em
operações de financiamento,
prestação de garantias, transferência de bens ou prestar serviços de telecomunicações em
condições favorecidas ou privilegiadas ou fazer acordos operacionais.
Sem problemas
O presidente da Telefônica
no Brasil, Antonio Carlos Valente, disse que as restrições
determinadas pela Anatel não
são um problema para o grupo.
"Estão dentro do roteiro.
Desde o início, dissemos que a
TIM Brasil não seria afetada
pela entrada da Telefônica como acionista da Telecom Italia
e que o foco daquela operação
era o mercado europeu", afirmou Valente.
Colaborou ELVIRA LOBATO ,
da Sucursal do Rio
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