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Juros elevam a dívida interna em setembro
FERNANDO NAKAGAWA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A dívida interna do governo
federal atingiu R$ 1,2 trilhão
em setembro, volume 0,99%
maior do que o registrado em
agosto. O aumento ocorreu
principalmente pela incorporação de juros à dívida.
Para o Tesouro Nacional, o
comportamento dos investidores e o resultado dos leilões de
títulos públicos no mês passado sinalizam o fim da crise imobiliária nos Estados Unidos. No
mercado financeiro, analistas
discordam.
O maior responsável pelo aumento da dívida foram os juros:
o governo federal não teve recursos suficientes para pagar
todos os débitos e R$ 11 bilhões
em juros foram somados à dívida principal. Também pesou a
emissão líquida de R$ 700 milhões em novos títulos.
A alta não preocupa o governo. Para o Tesouro, o comportamento está dentro do esperado e em linha com PAF (Plano
Anual de Financiamento), que
prevê cifra entre R$ 1,23 trilhão
e R$ 1,3 trilhão no final do ano.
Na dívida externa, o comportamento foi inverso: redução de
6,58%, para R$ 115,1 bilhões. A
queda, porém, não foi gerada
pelo pagamento dos compromissos.
Guilherme Pedras, coordenador-geral da dívida pública,
diz que a desvalorização de
6,27% do dólar é a principal
responsável pela redução do total da dívida em reais.
Somadas, as dívidas interna e
externa atingem R$ 1,315 bilhão.
Fim da crise
Após dois meses de turbulência gerada pela crise imobiliária
dos Estados Unidos, Pedras
avalia que o mercado já dá sinais de normalidade. "Tudo indica que o pior da volatilidade
já passou. Estamos retomando
o cenário de antes de julho [início da crise]."
Segundo ele, a demanda pelos papéis prefixados e a menor
oscilação dos juros praticados
nos leilões de títulos públicos
apontam para a normalidade
do mercado.
O quadro reduziu os juros pagos pelo Tesouro. Em 16 de
agosto, no auge do nervosismo,
papéis prefixados para 2017
eram vendidos com taxa de
12,86%. Na sexta passada, os
mesmos títulos foram emitidos
a 11,79%.
Mas o mercado financeiro
discorda do cenário descrito
pelo Tesouro. O economista-chefe da Sul América Investimentos, Nilton Rosa, avalia que
o órgão foi "um pouco precipitado". "A oferta de crédito não
está como antes e há temor de
que novos casos de inadimplência possam acontecer nos
EUA. Se isso acontecer, pode
haver nova busca por segurança e o Brasil pode sofrer", diz.
O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, diz que o mercado ainda passa por período de
reorganização. "O cenário de
médio prazo ainda está indefinido e isso gera ansiedade entre
os investidores. A volatilidade
não acabou", diz.
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