São Paulo, quarta-feira, 24 de outubro de 2007

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Juros elevam a dívida interna em setembro

FERNANDO NAKAGAWA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A dívida interna do governo federal atingiu R$ 1,2 trilhão em setembro, volume 0,99% maior do que o registrado em agosto. O aumento ocorreu principalmente pela incorporação de juros à dívida.
Para o Tesouro Nacional, o comportamento dos investidores e o resultado dos leilões de títulos públicos no mês passado sinalizam o fim da crise imobiliária nos Estados Unidos. No mercado financeiro, analistas discordam.
O maior responsável pelo aumento da dívida foram os juros: o governo federal não teve recursos suficientes para pagar todos os débitos e R$ 11 bilhões em juros foram somados à dívida principal. Também pesou a emissão líquida de R$ 700 milhões em novos títulos.
A alta não preocupa o governo. Para o Tesouro, o comportamento está dentro do esperado e em linha com PAF (Plano Anual de Financiamento), que prevê cifra entre R$ 1,23 trilhão e R$ 1,3 trilhão no final do ano.
Na dívida externa, o comportamento foi inverso: redução de 6,58%, para R$ 115,1 bilhões. A queda, porém, não foi gerada pelo pagamento dos compromissos.
Guilherme Pedras, coordenador-geral da dívida pública, diz que a desvalorização de 6,27% do dólar é a principal responsável pela redução do total da dívida em reais.
Somadas, as dívidas interna e externa atingem R$ 1,315 bilhão.

Fim da crise
Após dois meses de turbulência gerada pela crise imobiliária dos Estados Unidos, Pedras avalia que o mercado já dá sinais de normalidade. "Tudo indica que o pior da volatilidade já passou. Estamos retomando o cenário de antes de julho [início da crise]."
Segundo ele, a demanda pelos papéis prefixados e a menor oscilação dos juros praticados nos leilões de títulos públicos apontam para a normalidade do mercado.
O quadro reduziu os juros pagos pelo Tesouro. Em 16 de agosto, no auge do nervosismo, papéis prefixados para 2017 eram vendidos com taxa de 12,86%. Na sexta passada, os mesmos títulos foram emitidos a 11,79%.
Mas o mercado financeiro discorda do cenário descrito pelo Tesouro. O economista-chefe da Sul América Investimentos, Nilton Rosa, avalia que o órgão foi "um pouco precipitado". "A oferta de crédito não está como antes e há temor de que novos casos de inadimplência possam acontecer nos EUA. Se isso acontecer, pode haver nova busca por segurança e o Brasil pode sofrer", diz.
O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, diz que o mercado ainda passa por período de reorganização. "O cenário de médio prazo ainda está indefinido e isso gera ansiedade entre os investidores. A volatilidade não acabou", diz.


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