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MERCADO ABERTO
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Para Serra, "swap" cambial pode trazer prejuízo ao Brasil
O governador de São Paulo,
José Serra, considerou de alto
risco a operação do Banco Central de "swap" cambial realizada ontem para proteger a economia brasileira da crise internacional. Para Serra, o "swap"
poderá trazer um grande prejuízo às contas públicas brasileiras se a moeda norte-americana continuar a subir.
"O Banco Central está entregando dinheiro de graça para os
"dealers" [bancos], o que me parece intencional, para não ficar
mal com eles", afirmou o governador paulista.
Serra desaprovou também a
ordem das iniciativas do BC ontem. Após a divulgação do programa de "swap", o dólar, que
estava cotado a R$ 2,52 ontem
pela manhã, caiu para R$ 2,31.
Em seguida, o Banco Central
realizou dois leilões de "swap"
cambial, que derrubaram ainda
mais a cotação da moeda norte-americana. Após uma alta oscilação, o dólar encerrou a R$
2,30. "É claro que o BC deveria
ter começado a vender [dólar] a
R$ 2,52 e depois disso anunciar
o programa de "swaps'", disse.
Na semana passada, Serra já
tinha criticado a atuação do BC
na venda de moeda estrangeira
das reservas brasileiras. Ele defendeu que a injeção de recursos no mercado deveria ser feita não por leilão, mas via instituições financeiras que repassassem os dólares diretamente
para as empresas, como o Banco do Brasil.
"O Banco Central está atuando erradamente, pois está vendendo dólar à vista [das reservas] e linhas de financiamento
para exportadores por intermédio dos "dealers", que tendem a ficar com esses dólares, e
não repassá-los para quem precisa", afirmou o governador de
São Paulo, na semana passada.
REUNIÃO DO G20
Guido Mantega (Fazenda)
informa que não falou sobre
a MP 433, que autoriza os
bancos públicos a comprarem participações de instituições financeiras privadas,
na conversa que teve com o
secretário de Tesouro americano, Henry Paulson. O tema foi a reunião do G20 em
SP, no início de novembro.
GURU
Richard Thaler, economista
considerado um dos conselheiros de Barack Obama, vem ao
Brasil para o lançamento do livro "Nudge: Aprimorando as
decisões sobre saúde, riqueza e
felicidade", no dia 10 de dezembro, na livraria Cultura, em São
Paulo.
IMPASSE
Grande parte dessa volatilidade da Bolsa e da BM&F se concentra na Aracruz.
CONSELHO
O presidente Lula se reúne hoje com o grupo de governança do Conselho de
Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, no
Palácio do Planalto. Os conselheiros vão entregar ao
presidente uma moção com
recomendações para as autoridades monetárias agirem diante da crise.
MAROLA
O impacto da crise no Brasil é inevitável, segundo 96%
dos entrevistados em uma
pesquisa feita pelo site da
RSM Boucinhas, Campos e
Conti, realizada entre 17 de
setembro e 17 de outubro.
Para 55%, o impacto da crise
será pequeno, enquanto 41%
acreditam em um impacto
forte. Apenas 4% acreditam
que não haverá reflexos na
economia brasileira.
REVESTIMENTO
O presidente da rede de material de construção Dicico, Dimitrios Markakis, afirma que a crise já está batendo à porta.
"Nós sentimos a pressão forte dos fornecedores querendo
subir preço por causa do dólar", diz Markakis. De acordo
com ele, quando o material estocado começar a faltar para
alguns varejistas não será mais possível escapar às pressões
nas compras de produtos com insumos importados. E as
empresas menores serão as primeiras afetadas. A empresa,
que inaugurou um centro de distribuição em maio, está hoje
com cerca de 3 milhões de metros quadrados de pisos e revestimentos em estoque. "Nós estamos com estoque para 90
dias", afirma Markakis.
BASTIDOR
IMTA ADMITE QUE IRLANDA TRAVA ACORDO DE VENDA DE CARNE À UE
Douglas Brydges, presidente da Imta (associação de comércio internacional de carne) enviou uma carta a Otavio
Alvarenga, da Sociedade Nacional de Agricultura, em setembro, relatando os bastidores do acordo para exportação de
carne brasileira à União Européia. Brydges diz que a Imta
tem se esforçado por um entendimento em Bruxelas sobre a
qualidade da rastreabilidade dos animais no Brasil. Na carta,
ele admite que as pressões dos pecuaristas irlandeses são o
maior entrave para liberar as importações do país.
NOVA CHINA
Antoninho Trevisan diz
que só se falou do Brasil na
reunião bienal da auditoria
BDO com representantes
de 110 países, que terminou
ontem. Segundo ele, o Brasil
é apontado como modelo
para os países em desenvolvimento. O motivo são os
fundamentos econômicos e
sociais, que deixaram o Brasil longe do fundo do poço
nesta crise financeira. "O
que estão dizendo é que daqui a dez anos o Brasil estará em posição semelhante à
que a China ocupa atualmente no mundo", disse.
"WELCOME"
Mesmo com a crise, os desembarques internacionais
no Brasil cresceram em setembro. Segundo a Infraero, 512 mil passageiros desembarcaram no país, alta
de 2,37% ante o mesmo mês
de 2007. Em 2008, os vôos
internacionais trouxeram
4,9 milhões de pessoas.
VIAGEM CANCELADA
A Alterdata Software, que desenvolve software contábil
e de gestão, estava com viagem marcada para a 48ª Simo,
Feira Internacional de Informação, Comunicações e Multimídia, mas teve de desfazer as malas por conta da crise.
Marcado para novembro, o evento, um dos maiores de TI
da Europa, foi adiado. A conseqüência para empresários
brasileiros é a perda de oportunidades de exportação de
software, diz José Ronaldo da Costa, da Alterdata. A feira
recebe, todo ano, cerca de dez empresas brasileiras.
Abdib quer reduzir ações contra obras de infra-estrutura
A Abdib e a AGU estão
preocupadas com o excesso de ações judiciais contra obras de infra-estrutura. "A judicialização é normal, mas em excesso é um
problema", diz Paulo Godoy, presidente da Abdib.
Segundo Godoy, o país
perde quando obras atrasam ou são paralisadas por
liminares e decisões judiciais. "Nosso objetivo não
é impedir empresas e instituições de defenderem
seus interesses, mas refletir sobre esses procedimentos. Perdem-se negócios, empregos." A entidade vai organizar um seminário sobre o tema com a
AGU, de 5 a 7 de novembro, em São Paulo.
com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI
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