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Dólar vai a R$ 2,52, e BC eleva intervenção
BC anuncia disposição de injetar até US$ 50 bi no mercado cambial e moeda americana recua 3,15%, para R$ 2,30
Além de oferecer papéis que rendem a variação cambial e os juros, banco vende dólares no mercado à vista com taxas de até R$ 2,28
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Após o dólar chegar a R$ 2,52
ontem, o Banco Central anunciou que está disposto a injetar
até US$ 50 bilhões no mercado
para conter a alta da moeda
norte-americana, que vem desestabilizando empresas e a
economia como um todo.
Analistas criticavam o BC
por não atuar mais firmemente
no câmbio apesar das reservas
recordes de US$ 200 bilhões.
Após o anúncio de ontem, a
moeda americana recuou e fechou o dia a R$ 2,305, com baixa de 3,15%. Mas apenas em outubro o dólar já subiu 21%. No
ano, a alta chega a quase 30%,
uma das maiores no mundo.
A intervenção anunciada será por meio de contratos de
"swap" cambial, papéis que
equivalem a uma venda futura
de dólares e que ajudam a reduzir a pressão sobre o dólar.
Pouco depois da abertura dos
negócios, quando a cotação do
dólar se aproximava de R$ 2,55,
o BC informou, por meio de um
comunicado, que a medida faz
parte de sua "estratégia de mitigação do impacto da crise financeira internacional sobre a
economia brasileira".
A medida foi recebida como
um "arsenal bélico" para derrubar a cotação do dólar, hoje
pressionado pela desmontagem da exposição cambial de
empresas exportadoras, como
Sadia e Aracruz, que apostaram
na valorização do real, e pela
crise global, que gera uma "corrida para segurança" que faz a
moeda dos EUA subir com força em todo o mundo.
Além de duas intervenções
com títulos cambiais, o BC vendeu dólares à vista duas vezes
pela manhã. Quando o mercado testava o patamar de R$
2,50, o BC entrou vendendo a
moeda a R$ 2,31. Logo depois,
vendeu dólares a R$ 2,282.
"O BC mostrou a estratégia e
o tamanho da munição. Havia
uma dúvida se a munição estava acabando, e ele respondeu
que não. US$ 50 bilhões é um
volume excessivo, que pode
comprimir a taxa para baixo",
disse Sidnei Nehme, diretor da
corretora de câmbio NGO.
"Com US$ 50 bilhões derruba até o Pão de Açúcar. É uma
operação emergencial que oferece uma linha de crédito, mas
não é oferta líquida de câmbio.
Não tem influência na formação na taxa. Tanto é que só
quando o BC ofereceu linha à
vista que derrubou a taxa", disse Nathan Blanche, sócio da
Tendências Consultoria.
Quando vende um contrato
de "swap" cambial, o BC se
compromete a pagar aos bancos toda a variação apresentada
pela cotação do dólar em um
determinado período. Em troca, recebe uma taxa de juros
predeterminada. Embora todos os pagamentos sejam em
reais, a transação equivale a
uma venda de dólares.
O BC tem injetado contratos
de "swap" no mercado desde o
dia 6. De lá para cá, as vendas
somaram US$ 16,2 bilhões, já
considerando US$ 2,2 bilhões
fechadas ontem.
O comunicado de ontem não
indica nenhuma mudança na
forma (só na intensidade) de
atuação do BC para tentar conter o dólar nem significa que a
ação ficará limitada aos US$ 50
bilhões em contratos de
"swap". A intenção foi mostrar
que está disposto a agir caso
considere que o câmbio esteja
excessivamente distorcido pela
especulação ou baixa liquidez.
Além do "swap", o BC deve
continuar atuando por meio da
venda de dólares no mercado, o
que pode ser feito de diversas
maneiras. Na segunda-feira
passada, por exemplo, US$ 1,6
bilhão foi emprestado a bancos
sob o compromisso de que os
recursos sejam repassados para exportadores na forma de linhas de financiamentos.
Além disso, neste mês, até a
semana passada, US$ 3,2 bilhões tinham sido vendidos diretamente no mercado de câmbio doméstico, com o objetivo
de atender a parte da demanda
dos investidores. Outros US$
3,7 bilhões foram injetados por
leilões casados de compra e
venda de dólares. Nessas ofertas, o BC vende dólares para os
bancos, que se comprometem a
revender o mesmo volume de
recursos de volta para o BC depois de um certo tempo.
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