São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 2008

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Emprego e inflação ainda não refletem turbulência, diz IBGE

ROBERTO MACHADO
DA SUCURSAL DO RIO

Indicadores de emprego e inflação divulgados ontem pelo IBGE mostram que a crise financeira que atinge o mundo- e que chegou ao ápice desde setembro- ainda não impactou a economia produtiva brasileira.
A taxa de desocupação, que mede o desemprego nas seis maiores regiões metropolitanas, ficou estável em setembro, em relação a agosto: 7,6% da população ocupada. Comparada a setembro de 2007, caiu 1,4 ponto percentual.
O número de pessoas ocupadas cresceu de agosto para setembro: 159 mil postos de trabalho. No ano, são 729 mil vagas. "Isso mostra que o mercado de trabalho ainda não registra efeitos da crise, mas não dá pra dizer que o país está blindado", disse Cilmar Azevedo, responsável pela pesquisa.
Já o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15), espécie de prévia do índice oficial de inflação, teve ligeira alta em outubro: 0,30%, contra 0,26% de setembro. É sinal de que a inflação está estável- depois de um período de alta que chegou ao auge em junho, ao atingir 0,90%.
Mas esses são índices potencialmente "sensíveis" à crise, já que a instabilidade e a deterioração dos mercados financeiros resultaram em drástica redução do crédito e acentuada desvalorização do real.
Azevedo admite que, em crises anteriores, os movimentos no mercado financeiro levaram meses para impactar indicadores como o nível de emprego.
"Na crise anterior, com a desconfiança do mercado [em relação à vitória do PT na eleição presidencial] , Lula tomou posse em janeiro de 2003 e só em julho o país estava tecnicamente em recessão", disse.
Na crise cambial de 2002, o dólar encostou em R$ 4 em meados do ano, com o temor de ruptura na política econômica - a ausência dela fez com que, em 2004, o país entrasse em trajetória de forte crescimento.
Economistas consultados pela Folha afirmam que o país está mais preparado para enfrentar a crise, mas que haverá impactos negativos. "Outubro será um mês pior, por causa da paralisação de parte do setor produtivo, em função da restrição do crédito e da indefinição sobre a taxa de câmbio. A ocupação deve continuar crescendo no ano que vem, mas a um ritmo menor do que o verificado em 2008", disse o economista Francisco Pessoa Faria, da LCA consultores


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