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Emprego e inflação ainda não refletem turbulência, diz IBGE
ROBERTO MACHADO
DA SUCURSAL DO RIO
Indicadores de emprego e inflação divulgados ontem pelo
IBGE mostram que a crise financeira que atinge o mundo-
e que chegou ao ápice desde setembro- ainda não impactou a
economia produtiva brasileira.
A taxa de desocupação, que
mede o desemprego nas seis
maiores regiões metropolitanas, ficou estável em setembro,
em relação a agosto: 7,6% da
população ocupada. Comparada a setembro de 2007, caiu 1,4
ponto percentual.
O número de pessoas ocupadas cresceu de agosto para setembro: 159 mil postos de trabalho. No ano, são 729 mil vagas. "Isso mostra que o mercado de trabalho ainda não registra efeitos da crise, mas não dá
pra dizer que o país está blindado", disse Cilmar Azevedo, responsável pela pesquisa.
Já o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15),
espécie de prévia do índice oficial de inflação, teve ligeira alta
em outubro: 0,30%, contra
0,26% de setembro. É sinal de
que a inflação está estável- depois de um período de alta que
chegou ao auge em junho, ao
atingir 0,90%.
Mas esses são índices potencialmente "sensíveis" à crise, já
que a instabilidade e a deterioração dos mercados financeiros
resultaram em drástica redução do crédito e acentuada desvalorização do real.
Azevedo admite que, em crises anteriores, os movimentos
no mercado financeiro levaram
meses para impactar indicadores como o nível de emprego.
"Na crise anterior, com a desconfiança do mercado [em relação à vitória do PT na eleição
presidencial] , Lula tomou posse em janeiro de 2003 e só em
julho o país estava tecnicamente em recessão", disse.
Na crise cambial de 2002, o
dólar encostou em R$ 4 em
meados do ano, com o temor de
ruptura na política econômica
- a ausência dela fez com que,
em 2004, o país entrasse em
trajetória de forte crescimento.
Economistas consultados
pela Folha afirmam que o país
está mais preparado para enfrentar a crise, mas que haverá
impactos negativos. "Outubro
será um mês pior, por causa da
paralisação de parte do setor
produtivo, em função da restrição do crédito e da indefinição
sobre a taxa de câmbio. A ocupação deve continuar crescendo no ano que vem, mas a um
ritmo menor do que o verificado em 2008", disse o economista Francisco Pessoa Faria,
da LCA consultores
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