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Financiamento vale só para projeto já lançado
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A linha de até R$ 3 bilhões
que o governo anunciará para o
setor da construção civil financiará apenas projetos que já tenham sido lançados. Não é intenção deixar que as construtoras usem o dinheiro para novos
empreendimentos, apesar da
reivindicação do setor.
O governo também exigirá
que os imóveis financiados sejam garantidos por meio do patrimônio de afetação, mecanismo que exige a separação contábil de cada empreendimento
das operações gerais da construtora ou incorporadora para
dar segurança ao comprador.
A criação da CaixaPar, estatal
da Caixa Econômica Federal
que poderá tornar-se sócia das
construtoras, não é vista como
solução para o problema que o
setor enfrenta neste momento.
A necessidade é de capital de
curto prazo, que permita às
construtoras tocar o dia-a-dia
das obras. A sociedade com a
Caixa é vista como uma alternativa de mais longo prazo.
A avaliação no governo é a de
que, apesar de importante para
o crescimento da economia e
grande empregador, a construção civil também terá de se
ajustar a uma nova realidade.
Como a crise financeira reduzirá a demanda por imóveis,
não haveria motivos para que o
dinheiro público financiasse
imóveis que ainda estão no papel. No caso das obras já iniciadas ou comercializadas, a situação é vista de outra forma. As
obras precisam ser concluídas
para que não haja nenhum tipo
de calote ou atraso nas entregas
e o setor possa continuar operando com algum crescimento,
embora a taxas mais baixas.
Os detalhes dos empréstimos
e custo ainda não foram definidos, mas os financiamentos devem ser feitos pela Caixa e as
taxas devem ser próximas das
praticadas no mercado.
O alvo do governo são as
construtoras de imóveis residenciais que estão sem dinheiro. Muitas dessas companhias
venderam ações nas Bolsas de
Valores e usaram o dinheiro para comprar terrenos, confiando
em que o caixa poderia ser
abastecido com empréstimos
no mercado financeiro. O agravamento da crise internacional
secou essas linhas de crédito e
agora as construtoras estão
com falta de dinheiro no caixa.
O risco em caso de inadimplência deverá ser do banco que
emprestar. Mas o governo acredita que as chances de problemas são baixas. É que o capital
de giro serve para financiar
apenas a obra propriamente dita, que representa 40% do total
do custo do empreendimento.
Além disso, os bancos costumam emprestar até o limite de
70% desse custo. Isso quer dizer que o capital de giro a ser financiado pelo governo não passa de 30% do valor total.
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