São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 2008

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Financiamento vale só para projeto já lançado

LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A linha de até R$ 3 bilhões que o governo anunciará para o setor da construção civil financiará apenas projetos que já tenham sido lançados. Não é intenção deixar que as construtoras usem o dinheiro para novos empreendimentos, apesar da reivindicação do setor.
O governo também exigirá que os imóveis financiados sejam garantidos por meio do patrimônio de afetação, mecanismo que exige a separação contábil de cada empreendimento das operações gerais da construtora ou incorporadora para dar segurança ao comprador.
A criação da CaixaPar, estatal da Caixa Econômica Federal que poderá tornar-se sócia das construtoras, não é vista como solução para o problema que o setor enfrenta neste momento.
A necessidade é de capital de curto prazo, que permita às construtoras tocar o dia-a-dia das obras. A sociedade com a Caixa é vista como uma alternativa de mais longo prazo.
A avaliação no governo é a de que, apesar de importante para o crescimento da economia e grande empregador, a construção civil também terá de se ajustar a uma nova realidade.
Como a crise financeira reduzirá a demanda por imóveis, não haveria motivos para que o dinheiro público financiasse imóveis que ainda estão no papel. No caso das obras já iniciadas ou comercializadas, a situação é vista de outra forma. As obras precisam ser concluídas para que não haja nenhum tipo de calote ou atraso nas entregas e o setor possa continuar operando com algum crescimento, embora a taxas mais baixas.
Os detalhes dos empréstimos e custo ainda não foram definidos, mas os financiamentos devem ser feitos pela Caixa e as taxas devem ser próximas das praticadas no mercado.
O alvo do governo são as construtoras de imóveis residenciais que estão sem dinheiro. Muitas dessas companhias venderam ações nas Bolsas de Valores e usaram o dinheiro para comprar terrenos, confiando em que o caixa poderia ser abastecido com empréstimos no mercado financeiro. O agravamento da crise internacional secou essas linhas de crédito e agora as construtoras estão com falta de dinheiro no caixa.
O risco em caso de inadimplência deverá ser do banco que emprestar. Mas o governo acredita que as chances de problemas são baixas. É que o capital de giro serve para financiar apenas a obra propriamente dita, que representa 40% do total do custo do empreendimento.
Além disso, os bancos costumam emprestar até o limite de 70% desse custo. Isso quer dizer que o capital de giro a ser financiado pelo governo não passa de 30% do valor total.


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