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São Paulo, segunda-feira, 24 de novembro de 2003

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Empresa admite fraude de US$ 1 bi no balanço

DE NOVA YORK

A maior empresa de hipotecas e financiamento imobiliário dos EUA, a Freddie Mac, tornou-se pivô de mais um escândalo bilionário nos EUA. A agência pública admitiu ter fraudado balanços e relatou os detalhes de uma série de técnicas de contabilidade usadas para "maquiar" resultados.
Os números revelados pela empresa na última sexta-feira dão a dimensão das fraudes. Em 2001, a empresa divulgou um lucro inexistente de quase US$ 1 bilhão. Em 2002 e em 2000, a empresa adotou uma fraude inversa. Anunciou ter tido lucros menores do que de fato havia acumulado. Nesses dois anos, a soma da camuflagem dessas receitas chegou a US$ 6 bilhões.

Novo chefe
O escândalo pressionou mudanças na cúpula da empresa. Shaun O'Malley, presidente da comissão de diretores, declarou que o nome de um novo chefe executivo será anunciado até o final deste ano. O'Malley também enfatizou que a Freddie Mac tem promovido reformas no sistema de contabilidade.
Apesar da revelação do esquema de fraudes, os "ratings" (notas) das três agências de risco para a empresa permaneceram em AAA, a mais elevada. O balanço relativo a 2003 da Freddie só será conhecido em junho de 2004.
Nesse período, a empresa continua a enfrentar investigações de órgãos reguladores dos EUA e um aperto do controle governamental das suas atividades.

Fiscalização
"Nós chegamos ao território da Enron [alusão ao megaescândalo corporativo que envolveu a empresa] e deveríamos estar bastante preocupados", afirmou o deputado republicano Richard Baker.
Para ele, a fiscalização do governo nesse caso ainda está aquém do desejado. Baker defende ainda maior rigor na supervisão da Fannie Mae, empresa governamental do setor de hipotecas associada à Freddie Mac.
As fraudes contábeis preocupam os analistas porque podem abalar o mercado de capitais e o sistema financeiro norte-americanos. Enquanto forem vistos como casos isolados, os escândalos apenas abalam a credibilidade das empresas e causam mudanças no comando, mas uma generalização de fraudes pode levar acionistas a se livrarem de ações, e no caso de bancos, seguradoras e corretoras, pode causar uma fuga em massa de clientes. (CC)



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