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Energia terá seu maior teste em 2009
Para Pinguelli Rosa, governo precisa de programa para racionalizar uso de energia e manter ritmo de crescimento
Ex-presidente da Eletrobrás diz que problemas atuais são fruto da introdução caótica do uso de termelétricas a gás natural
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de a alta no consumo
de energia ser um indicativo de
crescimento econômico, o aumento da demanda reforça as
preocupações em relação à garantia de oferta, principalmente para o biênio 2009/2010, período considerado mais crítico
por especialistas. A Coppe
(Coordenação dos Programas
de Pós-graduação de Engenharia da UFRJ) vai propor ao governo um plano para "racionalizar" o consumo de energia e,
dessa forma, conter o ritmo do
aumento da demanda.
"O aumento do consumo é
um bom indicativo do crescimento econômico, mas a gente
tem problemas no setor elétrico. Não está tudo céu de brigadeiro", afirmou Luiz Pinguelli
Rosa, diretor da Coppe e ex-presidente da Eletrobrás.
"Pode acontecer um descompasso entre oferta e demanda,
mas isso ainda pode ser evitado", disse. Segundo Pinguelli, o
principal teste do setor será em
2009. "Se passar pelo gargalo
de 2009, dá para continuar
crescendo nesse ritmo", disse.
Na avaliação do ex-presidente da Eletrobrás, os atuais problemas do setor elétrico têm
origem na forma como foram
introduzidas no sistema as termelétricas a gás natural e o
mercado livre de energia (onde
grandes consumidores, como
indústrias, compram energia).
"As termelétricas foram introduzidas de forma caótica."
De acordo com o diretor da
Coppe, o plano que será apresentado ao governo não tem
nada a ver com racionamento.
"Não é racionamento, não tem
medidas de corte de energia. As
sugestões estão voltadas para
uso mais eficiente da energia,
como lâmpadas econômicas e
equipamentos mais modernos", disse. "Precisa ser um
programa de governo, com incentivos", disse.
O gargalo de 2009/2010 tem
origem na falta de gás natural
para termelétricas -atualmente, a demanda por gás é maior
do que a capacidade de oferta
do combustível. Dessa forma,
quando as termelétricas são
acionadas, não há gás suficiente para atender ao resto do
mercado plenamente. Foi o que
aconteceu no Rio no final de
outubro, quando houve corte
no fornecimento para carros.
Além disso, o período de chuvas demorou um pouco a começar, e é provável que, até janeiro, os reservatórios de água das
hidrelétricas não tenham se recuperado. Se esse cenário se
confirmar, os mecanismos
atuais de prevenção de risco no
setor determinam o acionamento de termelétricas, o que
pode significar nova crise.
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