São Paulo, sábado, 24 de novembro de 2007

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Energia terá seu maior teste em 2009

Para Pinguelli Rosa, governo precisa de programa para racionalizar uso de energia e manter ritmo de crescimento

Ex-presidente da Eletrobrás diz que problemas atuais são fruto da introdução caótica do uso de termelétricas a gás natural

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar de a alta no consumo de energia ser um indicativo de crescimento econômico, o aumento da demanda reforça as preocupações em relação à garantia de oferta, principalmente para o biênio 2009/2010, período considerado mais crítico por especialistas. A Coppe (Coordenação dos Programas de Pós-graduação de Engenharia da UFRJ) vai propor ao governo um plano para "racionalizar" o consumo de energia e, dessa forma, conter o ritmo do aumento da demanda.
"O aumento do consumo é um bom indicativo do crescimento econômico, mas a gente tem problemas no setor elétrico. Não está tudo céu de brigadeiro", afirmou Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe e ex-presidente da Eletrobrás.
"Pode acontecer um descompasso entre oferta e demanda, mas isso ainda pode ser evitado", disse. Segundo Pinguelli, o principal teste do setor será em 2009. "Se passar pelo gargalo de 2009, dá para continuar crescendo nesse ritmo", disse.
Na avaliação do ex-presidente da Eletrobrás, os atuais problemas do setor elétrico têm origem na forma como foram introduzidas no sistema as termelétricas a gás natural e o mercado livre de energia (onde grandes consumidores, como indústrias, compram energia). "As termelétricas foram introduzidas de forma caótica."
De acordo com o diretor da Coppe, o plano que será apresentado ao governo não tem nada a ver com racionamento. "Não é racionamento, não tem medidas de corte de energia. As sugestões estão voltadas para uso mais eficiente da energia, como lâmpadas econômicas e equipamentos mais modernos", disse. "Precisa ser um programa de governo, com incentivos", disse.
O gargalo de 2009/2010 tem origem na falta de gás natural para termelétricas -atualmente, a demanda por gás é maior do que a capacidade de oferta do combustível. Dessa forma, quando as termelétricas são acionadas, não há gás suficiente para atender ao resto do mercado plenamente. Foi o que aconteceu no Rio no final de outubro, quando houve corte no fornecimento para carros.
Além disso, o período de chuvas demorou um pouco a começar, e é provável que, até janeiro, os reservatórios de água das hidrelétricas não tenham se recuperado. Se esse cenário se confirmar, os mecanismos atuais de prevenção de risco no setor determinam o acionamento de termelétricas, o que pode significar nova crise.


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