EPAMINONDAS NETO
DA FOLHA ONLINE

A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) teve um dia de recuperação moderada ontem. Nos dois últimos dias, o mercado acionário brasileiro operou com metade (R$ 3,5 bilhões) da média mensal, acompanhando o esvaziamento dos negócios em sua principal referência externa: as Bolsas americanas. Lá fora, os investidores emendaram o feriado de quinta-feira e a praça de Nova York encerrou mais cedo.
O Ibovespa se valorizou em 0,52% no fechamento e atingiu os 60.970 pontos. Nos EUA, o Dow Jones, índice da Bolsa de Nova York, subiu 1,42% e marcou 12.980,88 pontos. "Os investidores ficaram otimistas com as vendas do "Black Friday" e isso ajudou a melhorar o humor do mercado", afirma Daniel Gorayeb, analista da corretora Spinelli.
A "Black Friday" (Sexta-Feira Negra), como é conhecido o dia seguinte ao feriado de Ação de Graças -que marca o início das compras de Natal nos EUA- é uma das datas mais importantes para o varejo (veja texto na pág. 20).
Os dados das vendas de sexta-feira somente serão revelados na segunda e na terça-feira. No entanto, ontem analistas já trabalhavam com uma perspectiva positiva sobre a movimentação do comércio dos Estados Unidos.
O dólar comercial foi negociado a R$ 1,806 na venda, com avanço de 1,46%. A cotação da moeda americana voltou aos patamares registrados no final de outubro. Alguns analistas atribuíram a valorização de ontem ao nervosismo dos investidores com as turbulências da economia americana.
Uma corrente do mercado também citou fatores mais pontuais. "Muitas grandes empresas fecharam câmbio, inclusive, uma grande siderúrgica teria negociado uns US$ 300 milhões. O mercado também comentou sobre o fundo soberano, e que poderia pressionar a cotação do dólar", afirma Saulo Sabbá, diretor de gestão da Máxima Asset Management.
Na quinta-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o governo vai criar um fundo soberano de US$ 10 bilhões, alimentado pela "aquisição de dólares que estão sobrando no mercado".
O mercado teme, no entanto, que esse fundo use parte das reservas do Banco Central, apesar da negativa do presidente Henrique Meirelles.

Livro Bege
O Livro Bege -compilação de dados econômicos americanos- será um dos destaques da agenda econômica da semana que vem. Analistas também destacam a divulgação dos números sobre venda de casas usadas, o índice de confiança do consumidor e os dados sobre mercado de trabalho.
Além disso, com o preço do barril do petróleo perigosamente próximo dos US$ 100, ganha cada vez mais relevância a atualização semanal do governo americano dos estoques locais da commodity e também de seus derivados.


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