São Paulo, segunda-feira, 24 de novembro de 2008

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EUA devem assumir ativos "podres" do Citi

Plano em negociação com o governo prevê a divisão do banco; injeção de capital público era outra alternativa em estudo

Ações do Citi caíram 60,4% na semana passada e ele agora vale cerca de US$ 20 bilhões; no fim de 2006, valor era de US$ 274 bilhões


DA REDAÇÃO

Em meio a uma crise de confiança que derrubou o valor de suas ações em 60% na semana passada, o Citigroup negocia com o governo dos EUA um plano para separar dezenas de bilhões de ativos problemáticos do resto do banco. Esses ativos de má qualidade ficariam por vários anos em um fundo do governo, diz o "Financial Times". Outra hipótese que estava sendo estudada era a injeção de capital do governo no Citi.
A compra de ativos pode superar US$ 100 bilhões, o equivalente ao PIB do Peru, segundo a rede de TV CNBC.
Pela estrutura do acordo, o Citi seria dividido em uma espécie de dois bancos: um com os ativos "podres" e outros com os considerados bons. O governo compraria os ativos "podres" e absorveria boa parte dos prejuízos do banco caso eles ocorram. Em troca, uma das hipóteses estudadas era a de o Citigroup dar ações preferenciais para o governo.
Segundo o "New York Times" e o "Wall Street Journal", o acordo estudado previa que o Citigroup absorveria até um certo nível as perdas relacionadas com esses ativos. Acima desse nível -que ainda não se sabia qual seria-, a responsabilidade pelas perdas ficaria com o governo dos Estados Unidos.
A negociação ainda não havia sido finalizada até o fechamento desta edição, mas a expectativa é que ela fosse concluída até o final da noite de ontem, em uma tentativa de acalmar os mercados hoje. Um dos pontos que estavam travando um acordo, de acordo com jornais americanos, era o impacto da medida sobre os outros bancos, que exigiriam o mesmo tratamento. Outra questão era a origem do dinheiro: se do pacote de ajuda de US$ 700 bilhões, aprovado em outubro, ou de programas do Fed (o BC dos EUA).
As ações do Citi caíram 60,4% na semana passada e ele agora tem valor de mercado de cerca de US$ 20 bilhões -no fim de 2006, valia US$ 274 bilhões. Desde 15 de setembro (quando o Lehman Brothers pediu concordata, agravando a crise), a queda já é de 79%. O banco já anunciou cortes de 75 mil vagas neste ano.
O Citi tem mais de US$ 2 trilhões em ativos (praticamente o PIB da Itália, a sétima maior economia mundial) e acumula prejuízos de US$ 20 bilhões desde outubro de 2007. Com atuação forte em vários países, a sua quebra provavelmente teria efeitos globais enormes.
Ao contrário do que aconteceu com o JPMorgan e o Bank of America, o Citigroup não conseguiu aproveitar as oportunidades criadas pela crise para se expandir e deixou o posto de maior banco norte-americano. A perda do Wachovia na disputa com o Wells Fargo, em outubro, foi considerada um ponto crítico para a instituição.
Com executivos do banco reunidos no final de semana com autoridades do governo, várias hipóteses foram aventadas, como a venda de unidades ou a fusão da instituição e até a demissão de seu presidente-executivo, o indiano Vikram Pandit, no cargo há um ano.


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