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EUA devem assumir ativos "podres" do Citi
Plano em negociação com o governo prevê a divisão do banco; injeção de capital público era outra alternativa em estudo
Ações do Citi caíram 60,4%
na semana passada e ele
agora vale cerca de US$ 20
bilhões; no fim de 2006,
valor era de US$ 274 bilhões
DA REDAÇÃO
Em meio a uma crise de confiança que derrubou o valor de
suas ações em 60% na semana
passada, o Citigroup negocia
com o governo dos EUA um
plano para separar dezenas de
bilhões de ativos problemáticos do resto do banco. Esses ativos de má qualidade ficariam
por vários anos em um fundo
do governo, diz o "Financial Times". Outra hipótese que estava sendo estudada era a injeção
de capital do governo no Citi.
A compra de ativos pode superar US$ 100 bilhões, o equivalente ao PIB do Peru, segundo a rede de TV CNBC.
Pela estrutura do acordo, o
Citi seria dividido em uma espécie de dois bancos: um com
os ativos "podres" e outros com
os considerados bons. O governo compraria os ativos "podres" e absorveria boa parte
dos prejuízos do banco caso
eles ocorram. Em troca, uma
das hipóteses estudadas era a
de o Citigroup dar ações preferenciais para o governo.
Segundo o "New York Times" e o "Wall Street Journal",
o acordo estudado previa que o
Citigroup absorveria até um
certo nível as perdas relacionadas com esses ativos. Acima
desse nível -que ainda não se
sabia qual seria-, a responsabilidade pelas perdas ficaria com
o governo dos Estados Unidos.
A negociação ainda não havia
sido finalizada até o fechamento desta edição, mas a expectativa é que ela fosse concluída
até o final da noite de ontem,
em uma tentativa de acalmar os
mercados hoje. Um dos pontos
que estavam travando um acordo, de acordo com jornais americanos, era o impacto da medida sobre os outros bancos, que
exigiriam o mesmo tratamento. Outra questão era a origem
do dinheiro: se do pacote de
ajuda de US$ 700 bilhões, aprovado em outubro, ou de programas do Fed (o BC dos EUA).
As ações do Citi caíram
60,4% na semana passada e ele
agora tem valor de mercado de
cerca de US$ 20 bilhões -no
fim de 2006, valia US$ 274 bilhões. Desde 15 de setembro
(quando o Lehman Brothers
pediu concordata, agravando a
crise), a queda já é de 79%. O
banco já anunciou cortes de 75
mil vagas neste ano.
O Citi tem mais de US$ 2 trilhões em ativos (praticamente
o PIB da Itália, a sétima maior
economia mundial) e acumula
prejuízos de US$ 20 bilhões
desde outubro de 2007. Com
atuação forte em vários países,
a sua quebra provavelmente teria efeitos globais enormes.
Ao contrário do que aconteceu com o JPMorgan e o Bank
of America, o Citigroup não
conseguiu aproveitar as oportunidades criadas pela crise para se expandir e deixou o posto
de maior banco norte-americano. A perda do Wachovia na
disputa com o Wells Fargo, em
outubro, foi considerada um
ponto crítico para a instituição.
Com executivos do banco
reunidos no final de semana
com autoridades do governo,
várias hipóteses foram aventadas, como a venda de unidades
ou a fusão da instituição e até a
demissão de seu presidente-executivo, o indiano Vikram
Pandit, no cargo há um ano.
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