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Internet vira aposta do varejo no Natal
Crise ameaça consumo, mas preço e pagamento do comércio eletrônico devem atrair mais clientes para lojas virtuais
Estimativas indicam vendas
on-line de R$ 1,35 bilhão na
semana do Natal e alta de
25%; expansão prevista
era de 40% antes da crise
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
Grupos varejistas com lojas
no mundo real e no virtual estão contando mais do que nunca com o braço eletrônico de
sua operação para aumentar o
faturamento na semana do Natal, mesmo diante da crise financeira. Estimativas da consultoria e-bit indicam que, entre 15 e 24 de dezembro, as vendas on-line chegarão a R$ 1,35
bilhão, 25% superiores às do
mesmo período de 2007. Apesar do otimismo, previa-se que
o índice seria de 40% antes de a
crise atingir a economia real.
"Os brasileiros estão preocupados, mas irão às compras",
diz Pedro Guasti, presidente da
e-bit. Pesquisa do Provar (Programa de Administração de Varejo) da FIA-USP mostra que,
neste Natal, 21% dos consumidores comprarão pela rede,
contra 11,6% no de 2007.
Segundo Paula Carvalho Pereda, pesquisadora do Provar, a
intenção de compra pela internet quase dobrou, enquanto no
varejo tradicional praticamente não houve alteração. "Só
74% dos consumidores pretendem fazer compras nas lojas
tradicionais neste ano, contra
73,8% em 2007", diz Pereda.
Nesse mesmo período, o número de consumidores eletrônicos passou de 9,5 milhões para 13 milhões, crescimento de
37%. A receita prevista para este ano é de R$ 10 bilhões, contra
os R$ 6,3 bilhões registrados
em 2007. "Hoje 25% dos internautas compram pela rede",
afirma Guasti. Há três anos, esse índice não chegava a 10%.
Comodidade e preço
Vários motivos explicam a
preferência dos consumidores
pelo varejo eletrônico. O primeiro é prático. "Não tenho
tempo e as lojas nesta época ficam lotadas", diz Manoel Netto, gerente de uma empresa de
criação de produtos. "Pesquisei
produtos e preços e já escolhi
tudo. Entregam na minha casa,
com embalagem especial."
Mas é o preço a principal
atração da internet. Segundo o
Provar, algumas categorias
apresentam deflação nos últimos 12 meses, queda que não
ocorre no varejo convencional.
A pesquisa do Provar revela
que, no acumulado do ano, as
maiores quedas foram as de
aparelhos celulares (19,93%),
seguidas pelas de eletroeletrônicos (12,72%) e bens de informática (11,85%). Há dois anos,
CDs, livros e DVDs tinham
mais saída pela internet. "Agora são eletrônicos e bens de informática," diz Guasti.
Além disso, as facilidades de
pagamento pela internet são
maiores. "Boa parte dos produtos mais caros continua sendo
parcelada em até 12 vezes",
afirma Guasti. "No varejo tradicional dá para pagar em até seis
vezes no cartão de crédito. Dez
vezes já é difícil de achar."
No Extra.com, a previsão é
que os eletrônicos respondam
por até 70% das vendas no Natal. "Esperamos dobrar o faturamento deste Natal", diz Oderi Leite, diretor do Extra.com.
"Vamos monitorar a concorrência com uma ferramenta
eletrônica e responderemos às
promoções na velocidade de
um clique no mouse" diz Leite.
As previsões de vendas na internet são otimistas porque os
produtos deverão ter aumento
só no próximo trimestre. As dificuldades de crédito, no entanto, também se repetem na rede.
Carlos Montenegro, sócio da
Sack's, loja virtual de perfumes
e cosméticos importados, afirma que fornecedores tinham
estoque e não repassaram a variação cambial.
Mas, segundo ele, está mais
caro oferecer o parcelamento.
A venda em até 12 vezes está
mantida, mas, no mercado,
houve uma alta dos juros de
1,40% ao mês para 1,80% a
quem vai tomar financiamento
para capital de giro. Para compensar, uma saída é vender
produtos mais baratos do que
no mundo real. Na Sack's, a diferença é de 15%.
Essa política comercial não
chega a ser uma competição
entre o "real" e o "virtual". Afinal, as vendas pela internet não
chegam a 3% do total do comércio. Mas, em alguns casos, essa
atuação faz muita diferença.
Além disso, a maior parte das
grandes lojas virtuais pertence
a grupos do mundo real. A
Americanas, por exemplo, faturou no terceiro trimestre R$ 1,7
bilhão. O braço eletrônico do
grupo, a B2W (Americanas.com, Submarino e Shoptime), obteve receita de R$ 1,1 bilhão. Há nove anos, a Americanas.com não respondia por 2%
da receita do grupo.
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