|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
folhaInvest
Com crise, cresce a oferta de fundos com proteção
Categoria de investimentos protegidos triplica de tamanho em relação a 2007
Bancos oferecem produtos
quase imunes a perdas
e investimentos atrelados
a seguro-desemprego para um mercado conservador
FABRICIO VIEIRA
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em um mercado "machucado" pelos grandes prejuízos da
Bolsa de Valores, investidores
começam a buscar alternativas
de aplicações que representem
riscos menores de perdas. Na
outra ponta, diante de uma indústria de fundos que tem se
retraído, o mercado tenta encontrar novos produtos para
atrair clientes mais ariscos.
Neste ano, a indústria de fundos já perdeu R$ 54,66 bilhões
em saques líquidos, no que tem
sido o pior ano desde 2002, segundo levantamento da Anbid
(Associação Nacional dos Bancos de Investimento).
"O mercado está muito conservador e não quer saber de
produtos de risco neste momento", afirmou Henrique
Ferreira, executivo-sênior da
área de fundos do HSBC.
Apesar de ainda não ser muito popular, uma das poucas categorias que está com captação
positiva no ano é a dos fundos
de capital protegido. A categoria registra captação de R$ 1,57
bilhão neste ano -o que fez
com que triplicasse de tamanho em relação a 2007.
Os fundos de capital protegido são compostos por ações e
papéis de renda fixa. Se a Bolsa
de Valores cair em determinado período, o investidor não
perderá seu capital inicialmente investido -na pior das hipóteses, entra e sai com o mesmo
montante de recursos.
O montante protegido pode
variar de um fundo para outro
-em alguns casos, a proteção
se restringe a 50% do aplicado.
Como contrapartida a essa
proteção, o investidor acaba
por ceder parte da alta das
ações nos momentos de maior
euforia. O investidor pode -isso varia de um fundo a outro-
receber a rentabilidade da Bolsa até um teto de 25%. Acima
disso, deixa de contar com a valorização das ações.
Os bancos começaram a lançar produtos desse tipo abertos
também a pequenos investidores. Normalmente, essas aplicações eram destinadas aos
grandes aplicadores.
O Bradesco, por exemplo,
lançou há pouco um fundo de
capital protegido em que se pode fazer aplicações a partir de
R$ 1 mil, numa tentativa de
atrair o pequeno investidor assustado com a crise.
Seguro-desemprego
Produtos com características
ainda mais peculiares começaram a surgir neste momento de
crise. O HSBC lançou no início
deste mês um fundo de investimento em renda fixa que oferece aos cotistas seguro-desemprego acoplado e cobertura em
caso de morte ou invalidez do
titular. A cobertura varia de
acordo com o volume investido. No caso de desemprego involuntário, garante ao cotista
renda por até seis meses.
"Sentimos que havia demanda por esse tipo de produto. Iniciamos o desenho no início do
ano e agora oferecemos para o
público", afirmou André Serebrinic, executivo do HSBC Seguros. Conservador, o fundo investe somente em títulos de dívida pública e privada de baixo
risco e cobra taxa de administração de 3%.
A administração é feita pela
área de gestão de fundos, que
paga um prêmio com o dinheiro levantado na taxa de administração para contratar o seguro. Em menos de duas semanas, o fundo de investimento
atraiu R$ 3 milhões.
Para o administrador de investimentos Fábio Colombo, o
aplicador sempre deve estar
atento às taxas de administração cobradas por esses fundos.
"Há taxas de administração
muito salgadas, e o investidor
deve tomar sempre cuidado
com isso", disse Colombo.
Taxas
Praticamente todos os fundos de investimento cobram taxa de administração, cujo custo
costuma variar entre 1% e 4%
ao ano. A princípio, pode parecer que essa taxa não faz muita
diferença. Mas, se um fundo DI
render o mesmo que a taxa básica Selic -ou seja, 13,75%
anuais- e o investidor tiver de
pagar 4% de taxa de administração, ele irá perder grande
parte de sua rentabilidade.
"Os fundos de capital protegido servem para as instituições tentarem atrair o investidor mais conservador para uma
aplicação que promete segurança e parte do retorno da alta
da Bolsa. Particularmente,
acho mais interessante a pessoa reservar uma parcela das
economias e investir diretamente em ações", diz Colombo.
Sem risco humano
Em meio às grandes perdas
sofridas nos últimos meses em
muitos fundos que aplicam em
ações, a gestora austríaca Superfund criou um produto para
tentar driblar a desconfiança
dos investidores: um fundo administrado exclusivamente por
robôs.
O produto, que deve ser disponibilizado no Brasil no começo do ano que vem, é gerido
por um software, com base em
análises de estresse do mercado e do comportamento das cotações negociadas -e já existe
em outros países.
De acordo com o americano
Lance Reinhardt, diretor da
empresa para a América Latina, uma das vantagens do Superfund é que a sua gestão não é
contaminada pelo "calor de
emoções humanas".
"O fundo tem um sistema
próprio de análise para reconhecer as tendências de médio
e longo prazos nos mercados
futuros", afirmou Reinhardt.
"Temos uma gestão de risco
que impede qualquer perda acima de 1%." Segundo ele, o fundo não utiliza nenhum tipo de
análise fundamentalista. "Isso
elimina completamente a emoção humana", disse.
Texto Anterior: Ásia: Províncias chinesas anunciam estímulo de US$ 1,4 trilhão Próximo Texto: Frase Índice
|