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Com disparada do dólar, IGPs têm salto
Para especialista, consumidor não deve fazer dívidas que sejam corrigidas pelo índice, que oscila mais do que o IPCA
Pressão no indicador deverá
diminuir em dois meses,
mesmo com volatilidade do
câmbio, que já se adaptou
a novo cenário de risco
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O IGP (Índice Geral de Preços) tem subido mais do que o
IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). No mês passado, o IGP-DI (Índice Geral de
Preços - Disponibilidade Interna) subiu 1,09%, enquanto o
IPCA oscilou 0,45%. No acumulado deste ano, até 31 de outubro, o IGP-DI avançou 9,51%,
contra 5,23% do IPCA.
Se forem considerados os últimos três anos (até 31 de outubro passado), o IGP-DI continua na frente: alta de 23,14%,
enquanto o IPCA subiu 14,41%.
Medido pelo IBGE, o IPCA baliza as decisões do governo sobre a taxa básica de juros.
O descolamento dos IGPs ante o IPCA reflete a virada no
câmbio decorrente da crise. O
dólar em alta (38,3% neste ano)
teve efeito mais forte no atacado do que no varejo.
Calculados pela FGV, os
IGPs são mais sensíveis ao impacto do dólar do que índices
de preços ao consumidor por
terem em 60% de sua composição o Índice de Preços ao Atacado. O IPA agrega etapas iniciais do processo de produção,
como o preço do grão de soja ou
do animal antes do abate.
Preços de matérias-primas
são os que mais oscilam. Alguns
deles não têm repasse direto ao
consumo e, por isso, não se refletem tanto em outros índices.
Na composição dos IGPs,
além dos 60% do IPA, 30% são
de preços do varejo, e 10%, de
preços da construção civil.
Para Salomão Quadros, coordenador do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), da FGV, o
impacto do câmbio sobre os
IGPs tende a se reduzir.
"O câmbio deve continuar
volátil, mas já se adaptou ao novo cenário de risco e não deverá
dar outro salto forte. Deverá ficar entre R$ 2,20 e R$ 2,30, ou
um pouquinho mais, a menos
que surja um fato novo, o que
parece menos provável", diz
ele. "Em um mês ou dois, a
pressão tende a desaparecer."
Justamente pelo impacto de
preços ligados ao dólar e por oscilar mais que o IPCA, não se
recomenda assumir dívida reajustada pelo IGP.
"Ninguém quer incerteza",
diz Quadros. "Um consumidor
que recebe em reais e se endivida, pode ter sorte de o IGP dar
zero ou ter azar de o índice subir 15%. Os preços de commodities são os que mais oscilam e
oscilação é risco."
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