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Contas públicas têm melhora, mas meta não deve ser cumprida
Superavit bate recorde para novembro, mas nem artifício contábil deve garantir meta fiscal no ano
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Mesmo contando com um
empurrão das estatais -que
aumentaram em 55% a transferência de lucros para o Tesouro
Nacional neste ano-, com R$
8,8 bilhões em dinheiro extra
de depósitos judiciais retirados
dos bancos oficiais e com o melhor resultado nas contas para
um mês de novembro em mais
de dez anos, ainda assim o governo não conseguirá cumprir
sua própria meta de economizar R$ 42,7 bilhões em 2009.
Por isso, precisará se valer de
artifício contábil que lhe permitirá desconsiderar nos cálculos gastos com obras do PAC . E
nem isso é garantia de cumprimento da meta neste ano.
Otimista, o secretário do Tesouro, Arno Agustin, diz que a
União fará sua parte e empurra
a responsabilidade para Estados, municípios e estatais. Segundo ele, quanto exatamente
o governo precisará utilizar do
artifício dependerá do desempenho da esferas em dezembro.
O problema é que nem o Tesouro nem os demais deverão
conseguir fechar as contas. Até
agora, dos R$ 42,7 bilhões, só
foram economizados R$ 38,2
bilhões. Como dezembro é tradicionalmente um mês de deficit em vez de sobras, esse valor
para o ano cairá ainda mais.
Para completar, Estados,
municípios e estatais também
estão com desempenho "abaixo do de 2008 e necessário para
cumprimento de meta deste
ano", explicou Agustin. "Do lado do governo central, dificilmente vemos necessidade disso [de abater alguns gastos]."
Contabilmente, o governo
poderia abater até R$ 28,5 bilhões dos gastos realizados com
obras do PAC para conseguir
fechar suas contas. Mas, como
só podem ser deduzidas as despesas efetivamente realizadas,
essa margem de manobra cai
para R$ 13,4 bilhões até agora.
Ainda assim, o secretário
aposta no cumprimento da meta e comemora a recuperação
registrada em novembro. O superavit primário do Tesouro
chegou a R$ 10,7 bilhões, o melhor resultado para o mês desde
1995, quando o número começou a ser apurado.
Esse valor contou com recursos extras do lado da Receita,
como R$ 2,1 bilhões em depósitos judiciais que estavam em
bancos oficiais e foram transferidos para engordar o caixa da
União. Além disso, outros R$
2,5 bilhões em dividendos ajudaram a elevar a arrecadação.
Agustin rebate as críticas de
que o governo inflou receitas ao
obrigar o aumento de remessas
das estatais. "Tivemos um pagamento forte de estatais neste
ano e temos orgulho de elas terem dado lucro." Ele diz não ver
problema com a qualidade dos
gastos -no ano, as despesas
com a máquina pública cresceram mais que os investimentos.
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