São Paulo, quinta, 24 de dezembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CONTAS EXTERNAS
De janeiro a novembro o saldo negativo atingiu US$ 5,8 bilhões, mais do que prevê o acordo com o FMI
Déficit comercial supera as previsões

da Sucursal de Brasília

A balança comercial deste ano vai responder pelo primeiro descumprimento de projeções estabelecidas nos entendimentos entre o governo brasileiro e o FMI.
Segundo dados divulgados ontem, de janeiro a novembro deste ano as importações brasileiras (US$ 53,02 bilhões) superaram as exportações (US$ 47,176 bilhões) em US$ 5,844 bilhões.
No acordo com o Brasil, o FMI previu que o saldo negativo no ano seria de US$ 5 bilhões, com exportações de US$ 53,8 bilhões e importações de US$ 58,8 bilhões.
Ou seja, mesmo sem os números de dezembro, a projeção das compras no exterior já foi superada. Para cumprir a previsão de exportação, o país teria de vender mais de US$ 6,5 bilhões em produtos para o resto do mundo neste mês, o que dificilmente ocorrerá.
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Amaury Bier, voltou a afirmar ontem que os números comerciais explicitados no acordo não representavam compromissos assumidos pelo governo brasileiro.
"Há metas (no acordo) que dependem das reservas internacionais, as quais sofrem influência tênue da balança comercial, mas também de várias outras variáveis, algumas muito mais importantes", disse Bier.
Até o mês passado, entretanto, as expectativas do próprio governo para as contas comerciais eram mais otimistas. O ministro José Botafogo (Indústria e Comércio) afirmou que o saldo comercial do ano deveria ficar entre US$ 5 bilhões e US$ 6 bilhões negativos.
No acordo com o FMI, o Brasil previu fechar 1998 com reservas de US$ 38,5 bilhões. No início do ano, eram de US$ 52,173 bilhões.
²

Números revisados Em outubro e novembro a balança comercial registrou, respectivamente, déficits de US$ 1,025 bilhão e US$ 1,007 bilhão. O governo havia anunciado um déficit de US$ 472 milhões para outubro, mas os números foram revisados.
O saldo negativo acumulado de janeiro a novembro deste ano foi 23,61% inferior ao déficit de US$ 7,650 bilhões ocorrido no mesmo período de 1997, graças à queda das importações.
As exportações, que deveriam crescer 10%, caíram 2,64% em comparação com os US$ 48,456 bilhões exportados no mesmo período do ano passado.
Os produtos cujas vendas mais caíram foram farelo de soja (35,1%), alumínio (23,1) e carne de frango (16,3%). Os países consumidores que apresentaram maior redução nas compras do Brasil foram os asiáticos (28,38%) e os da Europa Oriental (2,12%).
As importações de janeiro a novembro sofreram redução de 5,5% em relação aos US$ 56,106 bilhões em igual período do ano passado.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.