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São Paulo, sábado, 25 de janeiro de 2003

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MEMÓRIA

Empresário italiano, que transformou a empresa em um dos maiores grupos europeus, sofria de câncer de próstata

Giovanni Agnelli, da Fiat, morre aos 81

DA REDAÇÃO

O italiano Giovanni Agnelli, o homem que transformou a Fiat em uma potência global, morreu ontem, aos 81 anos, em sua casa, em Turim, norte da Itália, segundo informou a sua família. A causa da morte não foi divulgada.
A morte ocorreu horas antes de 80 membros da família, a mais influente do país, se reunirem para discutir um plano de refinanciamento para o grupo Fiat, que enfrenta a pior crise de sua centenária história, com dívidas que alcançavam 32,8 bilhões em setembro do ano passado.
A morte de Agnelli, símbolo da recuperação italiana pós-Segunda Guerra Mundial e do capitalismo europeu, foi lamentada pelos principais políticos italianos.
"Gianni [como ele também era conhecido] Agnelli era um vencedor entre os empresários italianos e uma figura emblemática no cenário internacional. Era alguém que cativava e promovia boas coisas", afirmou o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi.
"Eu me recordo dele como um protagonista da República italiana. Ele foi um grande empresário, que soube interpretar com equilíbrio e sabedoria o seu papel, tanto no plano profissional, como no político e civil. E ainda um interlocutor precioso na questão trabalhista", disse o ex-primeiro-ministro do país Massimo D'Alema.
Ex-presidente do país, Francesco Cossiga afirmou que "outra parte da história da Itália desaparece com a morte de Agnelli".
Nos últimos anos, Agnelli, com câncer de próstata e a saúde cada vez mais debilitada, começou a se afastar dos negócios. Em maio passado, ele não participou, pela primeira vez em 50 anos, da reunião anual dos acionistas da Fiat, pois teve que viajar para Nova York para se tratar da doença.
Porém, mesmo cada vez mais distante do dia-a-dia, ele ainda dava a palavra final sobre todas as decisões estratégicas da Fiat.

Substituto
Umberto Agnelli, 68, irmão de Giovanni, irá substituí-lo no comando da Giovanni Agnelli & C., empresa da família que detém mais de 30% das ações do grupo Fiat. Ele já havia sido designado anteriormente para substituir o atual presidente do grupo Fiat, Paolo Fresco, que deve deixar o cargo nos próximos meses.
Devido justamente à frágil saúde do irmão mais velho, Umberto inclusive já tomava a frente nas negociações com banqueiros credores nos últimos anos.

Influência
Giovanni Agnelli nasceu em 1921, em Turim, norte da Itália, e recebeu o mesmo nome do avô, que fundara a Fiat em 1899.
Ele começou a trabalhar na diretoria da empresa em 1943. Em 1966, assumiu a presidência do grupo, permanecendo no cargo até 1996, quando se afastou e tornou-se presidente honorário.
Sob o seu comando, a Fiat adquiriu outras marcas italianas, como a Lancia, a Maserati, a Alfa Romeo e a Ferrari, inclusive a divisão da Fórmula 1. Também se expandiu para outras áreas. O grupo italiano, que responde por cerca de 5% do Produto Interno Bruto italiano, hoje possui atuação na fabricação de tratores, colheitadeiras e máquinas de construção, é dono de veículos de comunicação e tem ainda unidades financeira e de seguros.
Conhecido como "O Advogado", devido à sua formação, e influente na política italiana, recebeu o título de senador vitalício em 1991, devido à sua contribuição no desenvolvimento da indústria e da economia do país.


Com "Financial Times" e agências internacionais


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