São Paulo, quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

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Sobe parcela do país na exportação mundial

Participação nacional atingiu 1,16% no ano passado, o maior patamar desde 1988, aponta estudo inédito do BNDES

Vendas ao exterior já representam 17% do PIB, contra 6% obtidos em 1996; expansão maior só teve início nos últimos dez anos


JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A participação do Brasil nas exportações mundiais chegou a 1,16% em 2006, revela estudo inédito do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). É o patamar mais elevado desde 1988. A parcela mais alta desde 1960 foi alcançada em 1984, com 1,38%.
O banco classifica o cálculo como "conservador" porque leva em conta um crescimento de 3% do PIB no ano passado.
Segundo o BNDES, o crescimento é resultado de um aumento contínuo nas vendas externas desde 1996 e que se intensificou nos últimos anos. De 2002 a 2006, a taxa de expansão das exportações brasileiras foi de 23%. Com a tendência de aumento das vendas externas, a participação das exportações no PIB passou de 6,2% em 1996 para 16,8% no ano passado.
Nos últimos 50 anos, as exportações mundiais cresceram em ritmo mais acelerado do que o PIB. De 1996 a 2006, as exportações em dólares tiveram alta de 8,1% ao ano, contra um crescimento da economia mundial de 4,7% ao ano. No Brasil, esse movimento só ocorreu nos últimos dez anos. A exportação cresceu em média anual de 11%, enquanto o PIB avançou ao ritmo de 1,8%.
Segundo a pesquisa, o ciclo de crescimento das exportações iniciado em 1996 é o mais longo da história recente da economia. Desde 1960, o único período de aceleração similar foi de 1982 a 1984, quando as exportações passaram de 7,4% para 14,2% do PIB. O país não conseguiu, no entanto, manter esse ritmo de expansão. Em 1986, a relação entre as exportações e o PIB já havia recuado para 8,7%. O ciclo da década de 80 foi resultado de desvalorizações cambiais e de políticas de incentivo às exportações.
A receita de crescimento das exportações foi baseada em aumento de volume e diversificação de mercados de destino. O país conseguiu ganhar espaço na pauta de importações dos principais parceiros.
Segundo cálculos do banco, o índice de preços das exportações foi de 100 para 110,8 em 2006. No mesmo período, o índice de volume chegou a 250,1. "Em praticamente todos os mercados, o nível de preços praticados em 2005 é em pouca medida superior ao de 1996. Os maiores ganhos de preços foram registrados no mercado americano", diz o estudo.
A análise dos dados específicos do ano passado mostra que os ganhos de preço em 2006 foram significativos com a estabilidade do câmbio e representam um aumento superior a 10% em relação a 1996.

Destinos
Em 1990, quase dois terços (64,2%) das exportações brasileiras eram destinados para Estados Unidos, União Européia e Japão. Em 2006, esse percentual caiu para 42%. Em compensação, as exportações para o Mercosul ganharam fôlego e passaram de 4,2% para 10,1%.
"Apesar da crise econômica nos países vizinhos de 1996 a 2002, estamos em processo de expansão", disse Jorge Antonio Pasin, assessor da presidência do BNDES e autor do estudo.
O estudo aponta ainda o crescimento das exportações para a China. Elas representavam apenas 1,2% do total em 1990 e já alcançam 6,1% em 2006. Além disso, dados do Ministério do Desenvolvimento mostram que a China já é o terceiro maior fornecedor ao Brasil, com 8,7% das importações.


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