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Sobe parcela do país na exportação mundial
Participação nacional atingiu 1,16% no ano passado, o maior patamar desde 1988, aponta estudo inédito do BNDES
Vendas ao exterior já representam 17% do PIB, contra 6% obtidos em 1996; expansão maior só teve início nos últimos dez anos
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
A participação do Brasil nas
exportações mundiais chegou a
1,16% em 2006, revela estudo
inédito do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social). É o patamar mais elevado desde 1988. A
parcela mais alta desde 1960 foi
alcançada em 1984, com 1,38%.
O banco classifica o cálculo
como "conservador" porque leva em conta um crescimento de
3% do PIB no ano passado.
Segundo o BNDES, o crescimento é resultado de um aumento contínuo nas vendas externas desde 1996 e que se intensificou nos últimos anos. De
2002 a 2006, a taxa de expansão das exportações brasileiras
foi de 23%. Com a tendência de
aumento das vendas externas, a
participação das exportações
no PIB passou de 6,2% em 1996
para 16,8% no ano passado.
Nos últimos 50 anos, as exportações mundiais cresceram
em ritmo mais acelerado do
que o PIB. De 1996 a 2006, as
exportações em dólares tiveram alta de 8,1% ao ano, contra
um crescimento da economia
mundial de 4,7% ao ano. No
Brasil, esse movimento só
ocorreu nos últimos dez anos.
A exportação cresceu em média
anual de 11%, enquanto o PIB
avançou ao ritmo de 1,8%.
Segundo a pesquisa, o ciclo
de crescimento das exportações iniciado em 1996 é o mais
longo da história recente da
economia. Desde 1960, o único
período de aceleração similar
foi de 1982 a 1984, quando as
exportações passaram de 7,4%
para 14,2% do PIB. O país não
conseguiu, no entanto, manter
esse ritmo de expansão. Em
1986, a relação entre as exportações e o PIB já havia recuado
para 8,7%. O ciclo da década de
80 foi resultado de desvalorizações cambiais e de políticas de
incentivo às exportações.
A receita de crescimento das
exportações foi baseada em aumento de volume e diversificação de mercados de destino. O
país conseguiu ganhar espaço
na pauta de importações dos
principais parceiros.
Segundo cálculos do banco, o
índice de preços das exportações foi de 100 para 110,8 em
2006. No mesmo período, o índice de volume chegou a 250,1.
"Em praticamente todos os
mercados, o nível de preços
praticados em 2005 é em pouca
medida superior ao de 1996. Os
maiores ganhos de preços foram registrados no mercado
americano", diz o estudo.
A análise dos dados específicos do ano passado mostra que
os ganhos de preço em 2006 foram significativos com a estabilidade do câmbio e representam um aumento superior a
10% em relação a 1996.
Destinos
Em 1990, quase dois terços
(64,2%) das exportações brasileiras eram destinados para Estados Unidos, União Européia e
Japão. Em 2006, esse percentual caiu para 42%. Em compensação, as exportações para
o Mercosul ganharam fôlego e
passaram de 4,2% para 10,1%.
"Apesar da crise econômica
nos países vizinhos de 1996 a
2002, estamos em processo de
expansão", disse Jorge Antonio
Pasin, assessor da presidência
do BNDES e autor do estudo.
O estudo aponta ainda o crescimento das exportações para a
China. Elas representavam
apenas 1,2% do total em 1990 e
já alcançam 6,1% em 2006.
Além disso, dados do Ministério do Desenvolvimento mostram que a China já é o terceiro
maior fornecedor ao Brasil,
com 8,7% das importações.
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