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Protesto grego mira bancos e União Europeia
Greve foi convocada pelo principal sindicato do país contra os cortes de pensões e a alta de impostos
LUCIANA COELHO
ENVIADA ESPECIAL A ATENAS
A greve visava parar a economia grega por um dia em protesto contra a proposta do governo de cortar pensões, extinguir comissões e subir impostos. Mas o alvo dos mais de 20
mil manifestantes que foram
ontem às ruas de Atenas não
era o premiê George Papandreou. Eram os bancos estrangeiros e a União Europeia, acusados por eles exatamente de
travar a economia do país.
""Nós rejeitamos essa terapia
de choque que mata e não cura", dizia um dos líderes do protesto, convocado pelo principal
sindicato do país, o GSEE, em
um discurso com tradução simultânea para o inglês.
""Os bancos devem pagar por
sua parte. Devem pagar seus
impostos", continuou. ""E não
devemos mostrar nenhum respeito por instituições como o
Goldman Sachs", pediu, citando o banco americano que camuflou parte da gigantesca dívida grega por meio de transações com derivativos.
Em um segundo momento
do comício, o presidente do sindicato, Yannis Panagopoulos,
exortou o governo a ""dizer
"chega" a seus mestres políticos": a Comissão Europeia e os
burocratas de Bruxelas, que,
acusou, ""trouxeram a crise política à Europa e a pobreza ao
nosso povo". Palmas ecoaram.
Pela manhã, manifestantes já
estendiam faixas diante de alguns dos principais hotéis da
cidade. O metrô e os aviões pararam, e os ônibus entraram
em operação tartaruga. Os bancos não abriram. A maioria das
escolas fechou. Os engarrafamentos duraram o dia todo.
Turistas -o turismo é hoje a
principal atividade econômica
do país- ficaram de fora do
Museu da Acrópole, o principal
da cidade, e de outras atrações.
Mas as lojas abriram. Muitos
atenienses encararam o dia como uma folga, lotando bares.
O GSEE colocou a adesão à
greve em 100% para o setor
portuário, as refinarias e a
construção civil. No setor ferroviário, entre os bancos, no
funcionalismo público e na indústria, a adesão ficou perto de
70%, afirmou o sindicato.
A maior parte da manifestação transcorreu calmamente, e
a polícia observou de longe. A
exceção foi um rápido enfrentamento entre um grupo de jovens e policiais no começo da
tarde, que não deixou feridos
graves, mas produziu imagens
repetidas à exaustão nas TVs.
Apesar dos protestos, pesquisas indicam que a maioria
dos gregos aceita as medidas do
governo do socialista Papandreou, que sucedeu em outubro
o conservador Costas Caramanlis -o apoio varia de 55% a
70% conforme o instituto.
Plano de austeridade
O plano de austeridade é uma
exigência da Comissão Europeia, que pede ainda esforços
extras para o país cortar uma
dívida que supera seu PIB e um
deficit orçamentário que em
2009 bateu em 12,7% -mais do
que quatro vezes o permitido
pelas regras da zona do euro.
Pelo cronograma, Atenas
tem 20 dias para apresentar
novas medidas, dois meses e
meio para exibir os primeiros
resultados, dez para cortar quatro pontos do deficit e três anos
para reduzi-lo a 2,8%, teto ignorado por outros membros.
Os gregos acataram as exigências, mas pedem em troca o
compromisso de que os demais
países da zona do euro os socorrerão financeiramente se necessário. A UE fez a promessa
de ""proteger o euro". Mas sem
especificar como nem quando.
O salário médio na Grécia é
de 1.000, e as pensões, segundo o GSEE, de 800. O desemprego está na média europeia,
10%, pelos dados oficiais. Mas o
sindicato fala em 15%.
A ministra da Economia,
Louka Katseli, passou o dia
reunida com representantes
dos trabalhadores.
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