São Paulo, quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

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Juros ficarão baixos por mais tempo, diz Bernanke

Presidente do Fed afirma que retomada da economia americana permanece hesitante

Dirigente se diz favorável à criação de uma lei que obrigue o Fed a divulgar os nomes das instituições que usaram ajuda emergencial

DO "NEW YORK TIMES"

Ben Bernanke, o presidente do Fed (o banco central dos EUA), sinalizou ontem que não planeja começar a elevar a taxa de juros básica no curto prazo, alegando que a recuperação econômica continuará hesitante por ainda muitos meses.
"Ainda que seja provável que a taxa continue excepcionalmente baixa por um período prolongado, à medida que a expansão amadurecer, o Federal Reserve precisará em dado momento começar a apertar as condições monetárias, a fim de prevenir o desenvolvimento de pressões inflacionárias", disse Bernanke em depoimento ao Congresso dos EUA.
Bernanke previu que a recuperação da economia será lenta. Boa parte da retomada no crescimento conseguida no final do ano passado, disse ele, pode ser atribuída à redução de estoques indesejados de produtos não vendidos, durante a crise, o que levou as companhias a reforçar sua produção.
"Porque o ímpeto provido por essa reposição de estoques é temporário e porque o apoio fiscal ao crescimento econômico provavelmente se reduzirá nos meses finais deste ano, uma recuperação sustentada depende do crescimento continuado na demanda final do setor privado por bens e serviços", disse o presidente do Fed.
O discurso do dirigente era esperado com atenção, ainda mais depois de o Fed, na semana passada, ter aumentado a taxa de redesconto (linha de empréstimo emergencial aos bancos), no que foi interpretado como um sinal de que a entidade prepara terreno para a alta da taxa de juros básica -que, atualmente, está no menor nível histórico.
Embora ele não tenha alterado sua posição quanto aos juros ou à situação econômica, anunciou dois passos importantes para melhorar a transparência e a prestação de contas do Fed, depois de um período no qual o banco central norte-americano sofreu consideráveis críticas.
Bernanke declarou que o Fed "apoiaria um projeto de lei que requereria a divulgação" dos beneficiários dos programas de empréstimo extraordinário que a instituição criou em 2008 a fim de escorar os mercados de "commercial papers", os fundos de mercado monetário e o crédito ao consumidor.
"Embora as linhas de emergência de crédito e liquidez sejam ferramentas importantes de implementação de política monetária durante uma crise, compreendemos que a natureza incomum dessas linhas de crédito crie a obrigação especial de garantir aos olhos do Congresso e do público a integridade dessas operações."
Ele disse que a divulgação não ocorreria antes de um "intervalo suficientemente longo", para evitar criar a impressão de que o beneficiário ainda sofre problemas financeiros, solapar a confiança do mercado ou desencorajar futuros empréstimos. Bernanke também anunciou que apoiaria a realização de auditorias para avaliar como os programas de empréstimos foram conduzidos.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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