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Para OIT, ação do Brasil deixa trabalhadores sem proteção
DE GENEBRA
Estudo divulgado ontem pela
OIT (Organização Internacional do Trabalho) com base nas
medidas anunciadas por 32
países contra a crise concluiu
que o montante destinado a pacotes de estímulo chega a US$
1,19 trilhão, mas que apenas
1,8% do total foi investido em
ações de proteção social.
De acordo com o relatório da
OIT, o Brasil é o país do G20
que gastou menos em medidas
de estímulo -apenas o equivalente a 0,2% do PIB.
O ranking, que se baseia no
gasto proporcional ao tamanho
da economia de cada país, é liderado pela China, com 13% do
PIB. Em seguida vêm Arábia
Saudita (11,3%), Malásia
(7,9%), EUA (5,6%), México
(4,7%) e Argentina (3,9%).
Somando os pacotes, o estímulo equivale a 1,7% dos PIBs
combinados, abaixo dos 2% recomendados pelo FMI (Fundo
Monetário Internacional).
Segundo um dos autores do
estudo, Raymond Torres, o volume de recursos "claramente
não está dando conta do desafio
que enfrenta".
O diretor-geral da OIT, Juan
Somavía, observou que os planos econômicos anunciados
até agora têm foco excessivo no
resgate financeiro, mas carece
de investimento social.
O relatório estima que a crise
poderá gerar mais 38 milhões
de desempregados no mundo.
"Há uma necessidade urgente de priorizar o tema do emprego", disse.
Somavía disse à Folha que,
além de desemprego, a crise vai
"achatar os salários".
De acordo com a OIT, somente 9,2% dos pacotes foram
destinados ao mercado de trabalho. "Não estamos criticando
os esforços para salvar os bancos", disse Somavía, reconhecendo que o mercado de trabalho depende de um sistema financeiro que funcione.
Seguro-desemprego
O levantamento da OIT mostra que o Brasil é um dos países
em que os desempregados têm
menos proteção social. Segundo o estudo, 93% dos que perdem o trabalho não recebem o
seguro-desemprego. A China
vem logo depois, com 84%, e o
Japão, com 77%.
Na cúpula do G20, no começo de abril, em Londres, a OIT
proporá um "pacto mundial para o emprego". Uma das prioridades é a coordenação dos pacotes de estímulo.
Segundo Torres, se essa coordenação levar até três meses, "o
mercado de empregos poderá
ser retomado em 2010. Se for
adiada por seis meses, a recuperação virá apenas em 2011,
na melhor das hipóteses".
(MARCELO NINIO)
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