São Paulo, domingo, 25 de abril de 2004

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CONTAS

Lucro do BC tem queda de 74% no 1º trimestre

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Entre janeiro e março deste ano, o Banco Central registrou uma queda de 74% no seu lucro.
No primeiro trimestre de 2003, o resultado alcançado pelo BC havia chegado a R$ 8,189 bilhões. Agora, os ganhos se reduziram a R$ 2,108 bilhões.
Os números constam das demonstrações financeiras do BC, que devem ser aprovadas, nesta semana, pelo Conselho Monetário Nacional. A queda no lucro se deve, principalmente, à queda dos juros básicos da economia e à maior estabilidade da taxa de câmbio neste início de ano.
O BC possui R$ 261,7 bilhões em títulos emitidos pelo Tesouro Nacional. Esses papéis são negociados pela instituição no mercado financeiro com o objetivo de regular a quantidade de dinheiro em circulação no mercado.
As operações feitas com esses títulos, por sua vez, são remuneradas pela taxa Selic, que, no início de 2003, estava em 26,5% ao ano. Em março passado, a taxa havia recuado para 16,25% ao ano. Assim, os ganhos gerados por esse tipo de transação caíram de R$ 12,9 bilhões, no primeiro trimestre do ano passado, para R$ 7,6 bilhões no mesmo período de 2004.
Além disso, no primeiro trimestre de 2003 o BC havia se beneficiado pela queda de 5% registrada pelo dólar na ocasião. No mesmo período deste ano, a cotação da moeda dos EUA recuou só 0,2%.
A taxa de câmbio afeta as operações do BC com contratos de "swap". Ao vender esses papéis, o BC se compromete a pagar aos investidores a variação da cotação do dólar que ocorrer em certo período. Logo, quando dólar sobe, o BC tem prejuízo -e vice-versa.
A renda obtida pelo BC com os contratos de "swap" caiu praticamente pela metade: passaram de R$ 2,254 bilhões entre janeiro e março de 2003 para R$ 1,157 bilhão neste ano. Os lucros acumulados pelo BC são transferidos para o Tesouro Nacional. Os recursos não entram, porém, no ajuste fiscal feito pelo setor público. Isso porque a maioria das receitas e despesas do BC tem sua origem em operações no mercado financeiro, que não são incluídas no cálculo do superávit primário.
As demonstrações financeiras trazem ainda o prejuízo que o BC estima que terá com o Proer (programa de ajuda aos bancos). As instituições em processo de liquidação vão causar perdas de R$ 7,280 bilhões aos cofres públicos.


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