São Paulo, domingo, 25 de abril de 2004

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Para Bird, Brasil tem dinheiro, mas gasta mal

DE WASHINGTON

O Bird (Banco Mundial) cobrou do Brasil uma mudança no modo como o país gasta seus recursos públicos. Segundo Guillermo Perry, economista-chefe da instituição para a América Latina, o ""problema do Brasil não é falta de dinheiro, mas o modo como o país gasta o que arrecada".
Lembrando que a carga tributária no Brasil equivale hoje a 33% do PIB (Produto Interno Bruto), Perry afirmou que os gastos com a Previdência e com o funcionalismo público são ""muito elevados e não dirigidos exatamente às pessoas mais pobres".
""Com algumas mudanças, o Brasil poderia abrir espaço suficiente em seu Orçamento para programas sociais maiores e para investir mais em projetos de infra-estrutura", disse Perry.
Anteontem, o Bird tinha afirmado que o Brasil deveria aumentar ""em dez ou 15 vezes" o dinheiro gasto em programas sociais como o Bolsa-Escola para compensar a iniqüidade da distribuição de renda no país.
A diretora-gerente interina do FMI (Fundo Monetário Internacional), Anne Krueger, havia feito na semana passada a mesma cobrança. Krueger citou a carga tributária e sugeriu ""realocações" para ampliar gastos sociais.
Em entrevista coletiva na reunião do FMI e do Bird, em Washington, Perry recomendou ao Brasil que continue, dentro do atual cenário de recuperação, a perseguir superávits primários (receitas menos despesas, exceto o pagamento de juros) para ""enfrentar os momentos de dificuldades futuras".
David de Ferranti, vice-presidente do Banco Mundial para a América Latina, afirmou que o ""atual cenário positivo para a região não vai durar para sempre. É preciso aproveitá-lo".
Ferranti afirmou que a América Latina poderá sofrer o impacto nos próximos anos de uma alta generalizada das taxas de juros internacionais e de uma queda nos preços de commodities.


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