São Paulo, terça-feira, 25 de abril de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OTIMISTA

Ele acha possível crescimento de 5% por 8 anos e diz que prepara corte de gastos

LEILA SUWWAN
DE NOVA YORK

O ministro da economia, Guido Mantega, disse a um público de 300 empresários, banqueiros e advogados ontem em Nova York que o Brasil terá uma "estabilidade incomum" durante as eleições e que a economia poderá ter crescimento de 5% por até oito anos consecutivos, não importa quem vença a corrida presidencial, Geraldo Alckmin (PSDB) ou Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A curto prazo, prometeu controlar os gastos públicos -fator que deixa investidores estrangeiros tensos pelo potencial de desajuste fiscal. Segundo Mantega, as despesas correntes do governo federal serão reduzidas, mesmo com a subida de pagamentos previdenciários. Para isso, sua equipe já estuda quais os programas "menos prioritários" que podem ser atrasados para anunciar na próxima semana os contingenciamentos orçamentários.
Ele não quis especificar quanto o governo espera poupar dessa forma ou quais os setores que podem ser afetados. Mantega afirmou que os investimentos não serão reduzidos e apontou para maior economia em gastos de viagens, diárias e equipamentos.
"Queremos fechar o ano com um crescimento de 4,5%, independentemente de quem ganhar. Os dois candidatos principais já abraçaram a política fiscal, e o quadro econômico continuará sendo virtuoso. O Brasil pode crescer a 5% por cinco, seis, oito anos consecutivos", disse Mantega na cúpula anual da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. Ele palestrou em português para evitar algum "deslize que dá manchete de jornal", porque em ano eleitoral "todo mundo carrega mais nas tintas".
Essa projeção de crescimento está muito acima da previsão de analistas (média de 3,5%), mas é o valor médio necessário para que o governo consiga manter o equilíbrio das contas públicas com uma redução mais modesta das despesas correntes, prevista em 0,1 ponto percentual do PIB na Lei de Diretrizes Orçamentárias, conforme revelou a Folha no domingo.
Retiradas as despesas "engessadas" e ascendentes da Previdência, Mantega apresentou projeção de redução das demais despesas correntes de 10,2% do PIB em 2005 para 9,8% do PIB em 2006. "Vamos forçosamente reduzir os gastos correntes, mesmo com a alta inercial da Previdência."
E acrescentou: "Não é verdade que os gastos do governo estão subido". Essa é uma preocupação reiterada por analistas de risco, agora em maior evidência pelo ano eleitoral e pela troca de ministro da Fazenda.
Mantega, que esteve antes em Washington em reuniões no Banco Mundial e do FMI (Fundo Monetário Internacional), disse que veio pessoalmente repassar a mensagem de continuidade à comunidade financeira estrangeira e que encontrou um clima amistoso, não de desconfiança.
"Este vai ser um ano atípico, vai fugir da literatura sociológica e política. Os politicólogos -falo sem demérito- vão ter que se virar para explicar isso. Vamos ter uma estabilidade incomum." Como exemplo de solidez da economia, citou sua ascensão ao cargo. "O Brasil resistiu até à troca do ministro da Fazenda", disse.
Para expressar o baixo risco de especulação cambial nas eleições, Mantega disse que está sobrando dólar no mercado e citou o nível atual das reservas, em US$ 55 bilhões. "É um problema do Henrique Meirelles [presidente do Banco Central], que não sabe o que fazer com os dólares", disse.


Texto Anterior: Mercado: Bolsas dos EUA caem com lucros menores
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.