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OTIMISTA
Ele acha possível crescimento de 5% por 8 anos e diz que prepara corte de gastos
LEILA SUWWAN
DE NOVA YORK
O ministro da economia, Guido
Mantega, disse a um público de
300 empresários, banqueiros e
advogados ontem em Nova York
que o Brasil terá uma "estabilidade incomum" durante as eleições
e que a economia poderá ter crescimento de 5% por até oito anos
consecutivos, não importa quem
vença a corrida presidencial, Geraldo Alckmin (PSDB) ou Luiz
Inácio Lula da Silva (PT).
A curto prazo, prometeu controlar os gastos públicos -fator
que deixa investidores estrangeiros tensos pelo potencial de desajuste fiscal. Segundo Mantega, as
despesas correntes do governo federal serão reduzidas, mesmo
com a subida de pagamentos previdenciários. Para isso, sua equipe
já estuda quais os programas
"menos prioritários" que podem
ser atrasados para anunciar na
próxima semana os contingenciamentos orçamentários.
Ele não quis especificar quanto
o governo espera poupar dessa
forma ou quais os setores que podem ser afetados. Mantega afirmou que os investimentos não serão reduzidos e apontou para
maior economia em gastos de viagens, diárias e equipamentos.
"Queremos fechar o ano com
um crescimento de 4,5%, independentemente de quem ganhar.
Os dois candidatos principais já
abraçaram a política fiscal, e o
quadro econômico continuará
sendo virtuoso. O Brasil pode
crescer a 5% por cinco, seis, oito
anos consecutivos", disse Mantega na cúpula anual da Câmara de
Comércio Brasil-Estados Unidos.
Ele palestrou em português para
evitar algum "deslize que dá manchete de jornal", porque em ano
eleitoral "todo mundo carrega
mais nas tintas".
Essa projeção de crescimento
está muito acima da previsão de
analistas (média de 3,5%), mas é o
valor médio necessário para que o
governo consiga manter o equilíbrio das contas públicas com uma
redução mais modesta das despesas correntes, prevista em 0,1 ponto percentual do PIB na Lei de Diretrizes Orçamentárias, conforme
revelou a Folha no domingo.
Retiradas as despesas "engessadas" e ascendentes da Previdência, Mantega apresentou projeção
de redução das demais despesas
correntes de 10,2% do PIB em
2005 para 9,8% do PIB em 2006.
"Vamos forçosamente reduzir os
gastos correntes, mesmo com a
alta inercial da Previdência."
E acrescentou: "Não é verdade
que os gastos do governo estão
subido". Essa é uma preocupação
reiterada por analistas de risco,
agora em maior evidência pelo
ano eleitoral e pela troca de ministro da Fazenda.
Mantega, que esteve antes em
Washington em reuniões no Banco Mundial e do FMI (Fundo Monetário Internacional), disse que
veio pessoalmente repassar a
mensagem de continuidade à comunidade financeira estrangeira
e que encontrou um clima amistoso, não de desconfiança.
"Este vai ser um ano atípico, vai
fugir da literatura sociológica e
política. Os politicólogos -falo
sem demérito- vão ter que se virar para explicar isso. Vamos ter
uma estabilidade incomum." Como exemplo de solidez da economia, citou sua ascensão ao cargo.
"O Brasil resistiu até à troca do
ministro da Fazenda", disse.
Para expressar o baixo risco de
especulação cambial nas eleições,
Mantega disse que está sobrando
dólar no mercado e citou o nível
atual das reservas, em US$ 55 bilhões. "É um problema do Henrique Meirelles [presidente do Banco Central], que não sabe o que fazer com os dólares", disse.
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