São Paulo, terça-feira, 25 de abril de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BANCOS

Vazamento de informações tende a apressar o fechamento do negócio

Aquisição do BankBoston pelo Itaú deve ser acelerada

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O negócio entre o Banco Itaú e o americano Bank of America envolvendo a venda das operações do BankBoston no Brasil, no Chile e no Uruguai para o conglomerado brasileiro deverá ser fechado em no máximo uma semana, segundo analistas de mercado.
O vazamento de informações sobre a operação precipitará a sua conclusão obrigando o BankBoston - cuja direção local resistia fortemente à venda dos ativos brasileiros- a correr contra o tempo, segundo essas fontes.
A notícia de que o Boston vinha sendo disputado por dois grandes bancos - Itaú e o espanhol Santander - começou a circular no mercado na semana passada. Ontem, o jornal "Valor Econômico" publicou informações detalhando a compra do banco pelo Itaú. Trata-se, segundo o "Valor", de uma operação de troca de ações na qual o Bank of America (BoFA), controlador do BankBoston, passaria a deter entre 8% e 10% do capital do Itaú em troca das operações do Boston na América do Sul.
Segundo os analistas, a publicação da notícia pelo "Valor" criou uma situação de fato: ou os envolvidos desmentem o negócio ou tratam de confirmá-lo rapidamente, pois especulações podem provocar perda de clientes e profissionais do Boston, a médio prazo. Ontem o Itaú confirmou, sem citar o BankBoston, que "está efetivamente explorando opções para expandir suas operações no Brasil e na América Latina". O BankBoston disse que não comenta boatos.
As operações do BankBoston na América do Sul não têm importância estratégica para o BoFA, segundo analistas. "O Bank of America foi um banco internacional no passado, mas hoje é um banco voltado para o mercado americano, um banco interiorano. Ele está saindo da América do Sul", diz Andre Cappon, consultor americano no setor bancário.
Quando o BoFA comprou o FleetBoston em 2003, nos EUA, as operações do BankBoston no continente entraram com peso quase nulo no negócio. O Boston sofrera pesadas perdas na crise argentina de 2001 (entre US$ 2 bilhões e US$ 2,5 bilhões), e, embora fosse rentável no Brasil, os americanos temiam os rumos que poderia tomar o país com o novo governo.
A conjuntura mudou. A Argentina está em franca recuperação, e a operação do Boston no Brasil continua rentável. Vender os ativos do banco na região, agora, será um excelente negócio: de peso zero no passado, eles passaram a valer US$ 3 bilhões - valor que estaria sendo negociado.
No caso do Itaú a operação, se realizada, revela uma radicalização de sua estratégia de expansão que surpreendeu o mercado. O banco vinha crescendo organicamente no Brasil e na Argentina, onde o Itaú Buen Aire mantém apenas 80 agências.
Com a aquisição do BankBoston, o Itaú passará a ser o maior banco brasileiro em ativos, com R$ 168,7 bilhões, superando o Bradesco, com R$ 165,76 bilhões, segundo dados do Banco Central.
Mas, de acordo com os dados da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) o ranking não será afetado. Pelo critério da CVM o Bradesco tem R$ 208 bilhões em ativos enquanto Itaú e Boston, somados, teriam R$ 170 bilhões. Os dados são de dezembro do ano passado.


Texto Anterior: Luís Nassif: O cientista e a nova onda
Próximo Texto: BB espera autorização para oferta pública
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.