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BANCOS
Vazamento de informações tende a apressar o fechamento do negócio
Aquisição do BankBoston
pelo Itaú deve ser acelerada
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O negócio entre o Banco Itaú e o
americano Bank of America envolvendo a venda das operações
do BankBoston no Brasil, no Chile e no Uruguai para o conglomerado brasileiro deverá ser fechado
em no máximo uma semana, segundo analistas de mercado.
O vazamento de informações
sobre a operação precipitará a sua
conclusão obrigando o BankBoston - cuja direção local resistia
fortemente à venda dos ativos
brasileiros- a correr contra o
tempo, segundo essas fontes.
A notícia de que o Boston vinha
sendo disputado por dois grandes
bancos - Itaú e o espanhol Santander - começou a circular no
mercado na semana passada. Ontem, o jornal "Valor Econômico"
publicou informações detalhando
a compra do banco pelo Itaú. Trata-se, segundo o "Valor", de uma
operação de troca de ações na
qual o Bank of America (BoFA),
controlador do BankBoston, passaria a deter entre 8% e 10% do capital do Itaú em troca das operações do Boston na América do
Sul.
Segundo os analistas, a publicação da notícia pelo "Valor" criou
uma situação de fato: ou os envolvidos desmentem o negócio ou
tratam de confirmá-lo rapidamente, pois especulações podem
provocar perda de clientes e profissionais do Boston, a médio prazo. Ontem o Itaú confirmou, sem
citar o BankBoston, que "está efetivamente explorando opções para expandir suas operações no
Brasil e na América Latina". O
BankBoston disse que não comenta boatos.
As operações do BankBoston na
América do Sul não têm importância estratégica para o BoFA, segundo analistas. "O Bank of America foi um banco internacional
no passado, mas hoje é um banco
voltado para o mercado americano, um banco interiorano. Ele está saindo da América do Sul", diz
Andre Cappon, consultor americano no setor bancário.
Quando o BoFA comprou o
FleetBoston em 2003, nos EUA, as
operações do BankBoston no
continente entraram com peso
quase nulo no negócio. O Boston
sofrera pesadas perdas na crise argentina de 2001 (entre US$ 2 bilhões e US$ 2,5 bilhões), e, embora fosse rentável no Brasil, os
americanos temiam os rumos que
poderia tomar o país com o novo
governo.
A conjuntura mudou. A Argentina está em franca recuperação, e
a operação do Boston no Brasil
continua rentável. Vender os ativos do banco na região, agora, será um excelente negócio: de peso
zero no passado, eles passaram a
valer US$ 3 bilhões - valor que
estaria sendo negociado.
No caso do Itaú a operação, se
realizada, revela uma radicalização de sua estratégia de expansão
que surpreendeu o mercado. O
banco vinha crescendo organicamente no Brasil e na Argentina,
onde o Itaú Buen Aire mantém
apenas 80 agências.
Com a aquisição do BankBoston, o Itaú passará a ser o maior
banco brasileiro em ativos, com
R$ 168,7 bilhões, superando o
Bradesco, com R$ 165,76 bilhões,
segundo dados do Banco Central.
Mas, de acordo com os dados da
CVM (Comissão de Valores Mobiliários) o ranking não será afetado. Pelo critério da CVM o Bradesco tem R$ 208 bilhões em ativos enquanto Itaú e Boston, somados, teriam R$ 170 bilhões. Os
dados são de dezembro do ano
passado.
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