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Lucro da Vale despenca 55,8% no 1º tri
Resultado foi afetado pela valorização do real, por preços mais baixos de produtos e perdas com aplicações financeiras
Ações de mineradora
caem na Bovespa antes
do anúncio do resultado;
analista vê recuperação
nos próximos trimestres
Vanderlei Almeida/France Presse
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Agnelli, presidente da Vale
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O lucro da Vale no primeiro
trimestre somou R$ 2,253 bilhões. O resultado representa
uma queda de 55,8% em relação a igual período do ano passado e ficou muito abaixo das
expectativas de analistas ouvidos pela Folha, que previam
um resultado da ordem de R$
4,5 bilhões. Na comparação
com o quarto trimestre, os ganhos foram 48,9% menores.
Segundo a Vale, o resultado
foi afetado pela apreciação do
real, pela menor cotação do níquel e do alumínio e por pressões de custos geradas pelo aumento dos preços de insumos.
Antes do anúncio do resultado, as ações da Vale fecharam o
dia ontem com forte baixa na
Bovespa: de 2,82% no papel
preferencial "A" e de 3,93% na
ação ordinária.
"O resultado foi uma surpresa para o mercado. O que detonou o lucro foram as despesas
financeiras e o câmbio", afirma
Rodrigo Ferraz, analista do
Brascan. A Vale teve perdas
com derivativos financeiros
(como investimentos em contratos futuros) de R$ 548 milhões no trimestre.
A receita somou R$ 14,549
bilhões, resultado 12,5% menor
do que o do primeiro trimestre
de 2007. A apreciação do real
em relação ao dólar representou queda de R$ 1,840 bilhão
na receita, e a variação do preço
dos metais teve impacto negativo de R$ 793 milhões. Em
compensação, o aumento do
volume de vendas teve efeito
positivo de R$ 553 milhões.
Os embarques de minério de
ferro e pelotas cresceram
14,2% em relação ao primeiro
trimestre do ano passado e
chegaram a 74,645 milhões de
toneladas. Foi o maior volume
de vendas de um primeiro trimestre, mesmo com a parada
do terminal de Itaguaí para
conclusão de obras. A Vale destaca o aumento de 10,8% na
produção de minério de ferro
em Carajás, Brucutu e Fazendão em relação a igual período
do ano passado.
O níquel gerou receita de R$
3,279 bilhões, um resultado
45,1% inferior ao do primeiro
trimestre de 2007. Houve uma
redução de 7% no volume vendido, e o preço médio do produto teve queda de 29%. A receita com vendas de alumínio
somou R$ 629 milhões, o que
significa uma queda de R$ 207
milhões em relação ao primeiro trimestre do ano passado.
Para Cristiane Viana, da corretora Ágora, mesmo com resultados piores, as perspectivas
para a companhia nos próximos trimestres são favoráveis.
"Somente a partir do segundo semestre será possível verificar os efeitos dos aumentos
nos preços do minério de ferro", disse. Com um reajuste de
65%, a analista avalia que é
possível minimizar os efeitos
do real valorizado.
A empresa afirma em relatório que a recessão americana
deve ser suave, mas a recuperação não será tão vigorosa como
em episódios anteriores. Apesar disso, avalia que o impacto
sobre as economias emergentes será mais limitado do que
no passado. "Esperamos que o
crescimento das economias de
mercados emergentes se mantenha robusto e acima da tendência histórica, porém sofrendo desaceleração."
As economias emergentes
foram responsáveis por mais
de 90% do crescimento do consumo de minério de ferro, aço,
alumínio, cobre e níquel nesta
década. A China foi o principal
destino de vendas da Vale no
primeiro trimestre, com 16,7%
de participação na receita. O
Brasil aparece em segundo,
com 16,2%, seguido por Japão
(10,5%), Estados Unidos
(10,5%), Alemanha (6,5%) e
Canadá (5,0%).
Os custos de produtos vendidos foram de R$ 7,512 bilhões,
o que significa uma alta de
3,7% na comparação com igual
período do ano passado. Em relação ao quarto trimestre, houve queda de 7,9%. Segundo a
Vale, os principais impactos foram os gastos com materiais
para manutenção da Vale Inco,
peças e componentes, insumos
e custos com energia.
A geração de caixa medida
pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e
amortização) foi de R$ 6,638
bilhões, o que representa queda de 25,7% em relação ao primeiro trimestre de 2007. A dívida total da Vale no final de
março era de US$ 20,523 bilhões. No final do ano passado,
somava US$ 19,030 bilhões.
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