São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 2008

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Lucro da Vale despenca 55,8% no 1º tri

Resultado foi afetado pela valorização do real, por preços mais baixos de produtos e perdas com aplicações financeiras

Ações de mineradora caem na Bovespa antes do anúncio do resultado; analista vê recuperação nos próximos trimestres


Vanderlei Almeida/France Presse
Agnelli, presidente da Vale

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

O lucro da Vale no primeiro trimestre somou R$ 2,253 bilhões. O resultado representa uma queda de 55,8% em relação a igual período do ano passado e ficou muito abaixo das expectativas de analistas ouvidos pela Folha, que previam um resultado da ordem de R$ 4,5 bilhões. Na comparação com o quarto trimestre, os ganhos foram 48,9% menores.
Segundo a Vale, o resultado foi afetado pela apreciação do real, pela menor cotação do níquel e do alumínio e por pressões de custos geradas pelo aumento dos preços de insumos.
Antes do anúncio do resultado, as ações da Vale fecharam o dia ontem com forte baixa na Bovespa: de 2,82% no papel preferencial "A" e de 3,93% na ação ordinária.
"O resultado foi uma surpresa para o mercado. O que detonou o lucro foram as despesas financeiras e o câmbio", afirma Rodrigo Ferraz, analista do Brascan. A Vale teve perdas com derivativos financeiros (como investimentos em contratos futuros) de R$ 548 milhões no trimestre.
A receita somou R$ 14,549 bilhões, resultado 12,5% menor do que o do primeiro trimestre de 2007. A apreciação do real em relação ao dólar representou queda de R$ 1,840 bilhão na receita, e a variação do preço dos metais teve impacto negativo de R$ 793 milhões. Em compensação, o aumento do volume de vendas teve efeito positivo de R$ 553 milhões.
Os embarques de minério de ferro e pelotas cresceram 14,2% em relação ao primeiro trimestre do ano passado e chegaram a 74,645 milhões de toneladas. Foi o maior volume de vendas de um primeiro trimestre, mesmo com a parada do terminal de Itaguaí para conclusão de obras. A Vale destaca o aumento de 10,8% na produção de minério de ferro em Carajás, Brucutu e Fazendão em relação a igual período do ano passado.
O níquel gerou receita de R$ 3,279 bilhões, um resultado 45,1% inferior ao do primeiro trimestre de 2007. Houve uma redução de 7% no volume vendido, e o preço médio do produto teve queda de 29%. A receita com vendas de alumínio somou R$ 629 milhões, o que significa uma queda de R$ 207 milhões em relação ao primeiro trimestre do ano passado.
Para Cristiane Viana, da corretora Ágora, mesmo com resultados piores, as perspectivas para a companhia nos próximos trimestres são favoráveis.
"Somente a partir do segundo semestre será possível verificar os efeitos dos aumentos nos preços do minério de ferro", disse. Com um reajuste de 65%, a analista avalia que é possível minimizar os efeitos do real valorizado.
A empresa afirma em relatório que a recessão americana deve ser suave, mas a recuperação não será tão vigorosa como em episódios anteriores. Apesar disso, avalia que o impacto sobre as economias emergentes será mais limitado do que no passado. "Esperamos que o crescimento das economias de mercados emergentes se mantenha robusto e acima da tendência histórica, porém sofrendo desaceleração."
As economias emergentes foram responsáveis por mais de 90% do crescimento do consumo de minério de ferro, aço, alumínio, cobre e níquel nesta década. A China foi o principal destino de vendas da Vale no primeiro trimestre, com 16,7% de participação na receita. O Brasil aparece em segundo, com 16,2%, seguido por Japão (10,5%), Estados Unidos (10,5%), Alemanha (6,5%) e Canadá (5,0%).
Os custos de produtos vendidos foram de R$ 7,512 bilhões, o que significa uma alta de 3,7% na comparação com igual período do ano passado. Em relação ao quarto trimestre, houve queda de 7,9%. Segundo a Vale, os principais impactos foram os gastos com materiais para manutenção da Vale Inco, peças e componentes, insumos e custos com energia.
A geração de caixa medida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 6,638 bilhões, o que representa queda de 25,7% em relação ao primeiro trimestre de 2007. A dívida total da Vale no final de março era de US$ 20,523 bilhões. No final do ano passado, somava US$ 19,030 bilhões.


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