São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 2008

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Cosan adquire ativos da Esso no Brasil

Empresa brasileira do setor sucroalcooleiro pagará US$ 954 mi para assumir operações da americana Exxon Mobil no país

Grupo passa a ser o único a acumular atividades de produção, distribuição e comercialização de álcool; marca Esso será mantida


PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de negociar com a Petrobras e o grupo Ultra, a americana Exxon Mobil decidiu vender os ativos da Esso no Brasil para a Cosan, empresa líder no setor sucroalcooleiro no país, pelo valor total de US$ 954 milhões, já considerados os créditos e as dívidas. Com o negócio, a Cosan torna-se a única empresa a acumular operações de produção, distribuição e comercialização do biocombustível. A Cosan passará ainda a competir no mercado de lubrificantes, com a marca Mobil 1.
A compra da Esso, que detém 5,9% de participação no mercado de distribuição, inclui a transferência de seus 1.500 postos de serviços, uma fábrica de lubrificantes no Rio de Janeiro e centros de armazenamento e distribuição. A bandeira Esso também será mantida.
O maior ganho do negócio será em termos de sinergia, o que permitirá à Cosan tornar-se mais competitiva no mercado, disse o vice-presidente de Finanças da empresa, Paulo Diniz. Ele não especificou se a Cosan adotará uma política de preços diferenciada.
"Poderemos tirar uma vantagem dessa sinergia, mas isso não significa que vamos abrir uma guerra de preços", afirmou o presidente da Esso no Brasil, Carlos Piotrowski.
Para efetuar o pagamento pelos ativos da Esso, a Cosan terá um prazo de seis a oito meses, que corresponde a um período de transição no qual a plataforma de tecnologia da informação da Esso do Brasil será segregada das demais operações da Exxon Mobil.
Diniz informou que a Cosan possui US$ 1 bilhão em caixa, o que em tese desobrigaria a empresa a buscar financiamento no mercado para realizar a aquisição. Ele disse ainda que a empresa dispõe de mais de US$ 500 milhões em linhas de crédito, mas estuda outras alternativas de capitalização, o que inclui a possibilidade de atrair um sócio minoritário.
Ontem, as ações da Cosan S.A. tiveram queda de 1,85%, fechando a R$ 26,50, na Bovespa.
Os analistas avaliaram positivamente a operação da Cosan do ponto de vista estratégico, mas mantiveram dúvidas sobre como a empresa irá montar a estrutura para pagar o negócio. Celso Boin, analista do setor sucroalcooleiro da Link Corretora, avalia que a companhia poderá se beneficiar muito com a compra dos ativos de distribuição. "A empresa fica verticalizada. Terá controle da produção ao consumidor final. Isso faz todo o sentido", diz Boin.
Segundo Peter Ping Ho, analista da Planner para a indústria de açúcar e álcool, a Cosan terá receita adicional com a distribuição de outros combustíveis, como gasolina e diesel.
Para Gilberto Pereira de Souza, analista do Banco Espírito Santo, o preço pago pela Cosan não foi elevado. O BES avaliou que a oferta foi 5,8 vezes a geração de caixa da Esso. "Aparentemente não foi um negócio caro", diz. No entanto, ele aponta eventuais dificuldades da Cosan, caso a companhia tenha que ir ao mercado buscar recursos para liquidar a operação.

Petrobras
A Petrobras não levou a rede de postos da Esso, mas, segundo a Folha apurou, também não reagiu negativamente ao negócio, que potencialmente a deixaria com quase 50% do setor de distribuição. É que a Cosan é uma estreante nesse mercado e não traz tanta ameaça à estatal. O maior receio da companhia seria que a empresa fosse adquirida por uma rival estrangeira. A Petrobras comprou a Ipiranga, em associação com Ultra e Braskem, para barrar a possível entrada da estatal venezuelana PDVSA no país.


Colaborou a Sucursal do Rio


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