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Cosan adquire ativos da Esso no Brasil
Empresa brasileira do setor sucroalcooleiro pagará US$ 954 mi para assumir operações da americana Exxon Mobil no país
Grupo passa a ser o único a acumular atividades de produção, distribuição e comercialização de álcool; marca Esso será mantida
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de negociar com a Petrobras e o grupo Ultra, a americana Exxon Mobil decidiu
vender os ativos da Esso no
Brasil para a Cosan, empresa líder no setor sucroalcooleiro no
país, pelo valor total de US$
954 milhões, já considerados os
créditos e as dívidas. Com o negócio, a Cosan torna-se a única
empresa a acumular operações
de produção, distribuição e comercialização do biocombustível. A Cosan passará ainda a
competir no mercado de lubrificantes, com a marca Mobil 1.
A compra da Esso, que detém
5,9% de participação no mercado de distribuição, inclui a
transferência de seus 1.500
postos de serviços, uma fábrica
de lubrificantes no Rio de Janeiro e centros de armazenamento e distribuição. A bandeira Esso também será mantida.
O maior ganho do negócio será em termos de sinergia, o que
permitirá à Cosan tornar-se
mais competitiva no mercado,
disse o vice-presidente de Finanças da empresa, Paulo Diniz. Ele não especificou se a Cosan adotará uma política de
preços diferenciada.
"Poderemos tirar uma vantagem dessa sinergia, mas isso
não significa que vamos abrir
uma guerra de preços", afirmou
o presidente da Esso no Brasil,
Carlos Piotrowski.
Para efetuar o pagamento pelos ativos da Esso, a Cosan terá
um prazo de seis a oito meses,
que corresponde a um período
de transição no qual a plataforma de tecnologia da informação da Esso do Brasil será segregada das demais operações
da Exxon Mobil.
Diniz informou que a Cosan
possui US$ 1 bilhão em caixa, o
que em tese desobrigaria a empresa a buscar financiamento
no mercado para realizar a
aquisição. Ele disse ainda que a
empresa dispõe de mais de US$
500 milhões em linhas de crédito, mas estuda outras alternativas de capitalização, o que
inclui a possibilidade de atrair
um sócio minoritário.
Ontem, as ações da Cosan
S.A. tiveram queda de 1,85%, fechando a R$ 26,50, na Bovespa.
Os analistas avaliaram positivamente a operação da Cosan
do ponto de vista estratégico,
mas mantiveram dúvidas sobre
como a empresa irá montar a
estrutura para pagar o negócio.
Celso Boin, analista do setor
sucroalcooleiro da Link Corretora, avalia que a companhia
poderá se beneficiar muito com
a compra dos ativos de distribuição. "A empresa fica verticalizada. Terá controle da produção ao consumidor final. Isso
faz todo o sentido", diz Boin.
Segundo Peter Ping Ho, analista da Planner para a indústria de açúcar e álcool, a Cosan
terá receita adicional com a distribuição de outros combustíveis, como gasolina e diesel.
Para Gilberto Pereira de Souza, analista do Banco Espírito
Santo, o preço pago pela Cosan
não foi elevado. O BES avaliou
que a oferta foi 5,8 vezes a geração de caixa da Esso. "Aparentemente não foi um negócio caro", diz. No entanto, ele aponta
eventuais dificuldades da Cosan, caso a companhia tenha
que ir ao mercado buscar recursos para liquidar a operação.
Petrobras
A Petrobras não levou a rede
de postos da Esso, mas, segundo a Folha apurou, também
não reagiu negativamente ao
negócio, que potencialmente a
deixaria com quase 50% do setor de distribuição. É que a Cosan é uma estreante nesse mercado e não traz tanta ameaça à estatal. O maior receio da companhia seria que a empresa fosse adquirida por uma rival estrangeira. A Petrobras comprou a Ipiranga, em associação
com Ultra e Braskem, para barrar a possível entrada da estatal
venezuelana PDVSA no país.
Colaborou a Sucursal do Rio
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