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BC já admite reajuste da gasolina neste ano
Copom vê pressões maiores sobre combustíveis, apesar de ainda considerar que manutenção de preços seja mais provável
Equipe econômica avalia
que alta dos juros abriu
espaço para reajuste da
gasolina, conforme
publicou a Folha ontem
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ritmo acelerado do crescimento da economia e as pressões sobre os preços de alimentos e combustíveis foram os
principais motivos que, segundo o Banco Central, levaram à
alta de 0,5 ponto percentual
nos juros na semana passada.
Analistas apostam em nova alta
em junho, quando o Copom
(Comitê de Política Monetária
do BC) volta a se reunir.
Ontem, foi divulgada a chamada ata do Copom, documento que sempre vem a público oito dias após os encontros do comitê. O texto mostra como o
BC justifica a primeira alta de
juros em três anos, ocorrida na
semana passada, quando a Selic
foi fixada em 11,75% ao ano.
Na ata, o BC diz ainda que
considera que o mais provável é
que o preço da gasolina e do gás
de cozinha não sofra reajustes
neste ano, mas já afirma que as
pressões são cada vez mais fortes e uma elevação não pode ser
completamente descartada.
Conforme a Folha publicou
ontem, a avaliação na área econômica é que a alta dos juros
abriu espaço para que o preço
da gasolina -e especialmente
do diesel- possa ser reajustado. Um reajuste agora teria seu
impacto diluído no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor
Amplo) deste ano e reduziria
pressões sobre a inflação do
ano que vem.
Desde o começo do ano, o BC
se diz preocupado com o ritmo
de crescimento da economia,
pois fatores como a expansão
do crédito e o aumento da renda poderiam elevar o consumo
a níveis excessivamente altos,
que não poderiam ser atendidos por completo pela capacidade produtiva das empresas.
Além disso, ontem o BC
acrescentou, sem falar em números, que sua estimativa para
a inflação deste ano "sofreu
forte elevação" desde o mês
passado, ficando acima dos
4,5% previstos pela meta estabelecida pelo governo -que
admite um desvio de até dois
pontos percentuais para cima
ou para baixo desse número.
Para 2009, a alta projetada para o IPCA também está acima
dessa meta.
Para Cassiana Fernandes,
economista da Mauá Investimentos, a alta dos juros decidida na semana passada tem por
objetivo evitar que alguns reajustes específicos contaminem
outros preços, alimentando
uma alta mais forte da inflação.
"A principal preocupação é
ver qual será a reação da economia a um choque de oferta",
afirma Fernandes, numa referência à recente alta nos preços
dos alimentos -que ainda não
dá sinais de ter se encerrado-
e a um possível reajuste nos
combustíveis devido à disparada das cotações do petróleo.
A mesma ressalva é feita pelo
economista-chefe do Banco
Votorantim, Leonardo Sapienza. "O cenário externo hoje é
bastante nebuloso e aumenta
os riscos sobre a inflação."
Fernandes diz que o risco,
nesse cenário, é que uma economia muito aquecida facilite
o repasse de reajustes na gasolina para outros preços -daí a
iniciativa do BC em elevar os
juros agora para evitar essa
"contaminação".
Para a economista, é difícil
prever com exatidão até quando vai durar o ciclo de alta dos
juros iniciado na semana passada, mas um novo aumento de
0,5 ponto percentual na próxima reunião do Copom, em junho, é dado como certo e pode
ser seguido de outra elevação
de 0,5 ponto até o final do ano.
Já Sapienza diz que também
espera alta de 0,5 ponto no próximo encontro do Copom, mas
estima que a série de aumentos
pode ser um pouco mais longa,
com os juros chegando a
13,75% ao ano até dezembro.
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