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Vale e CSN fazem acordo
Empresas chegam a entendimento para encerrar disputa sobre mina Casa de Pedra
Desde 2005, destino do
excedente de minério de
ferro era motivo de ações
judiciais; retração no
mercado facilita acordo
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A Vale e a CSN selaram ontem acordo para pôr fim às disputas judiciais que envolvem a
produção excedente de minério de ferro da mina de Casa de
Pedra e duravam quatro anos.
Pelo acordo, a Vale fica desobrigada de comprar o minério
de Casa de Pedra que não é consumido diretamente pela siderúrgica. A CSN, por sua vez, não
precisa vendê-lo exclusivamente à mineradora.
A disputa começou em 2005,
quando o Cade julgou que havia
concentração excessiva no
mercado de minério e determinou à Vale que optasse ou por
vender a subsidiária Ferteco,
adquirida em 2001, ou abrisse
mão do contrato com a CSN
que lhe assegura a preferência
na compra do excedente de
produção da Casa de Pedra.
A Vale escolheu a segunda alternativa, mas recorreu à Justiça sob a alegação de que precisava ser indenizada pela CSN
pelas perdas resultantes do fim
do direito de preferência
-cláusula negociada quando as
duas empresas optaram, em
2001, por descruzarem participações acionárias recíprocas.
Pelo acordo de ontem, as empresas desistem das ações judiciais que envolvem o contrato
do direito de preferência e o
descruzamento de ações.
Dos 16 milhões de toneladas/ano de minério produzidos
em Casa de Pedra, a CSN consome 8 milhões de toneladas.
Segundo a Vale, ficou acertada "a flexibilização, por parte
da CSN, na execução do contrato que compreende o fornecimento de minério de ferro" da
Casa de Pedra, "que poderá ser
suspenso ou cancelado definitivamente até o final de 2009".
Em troca, a CSN se comprometeu a comprar da Vale 3 milhões de toneladas de pelotas
de minério entre 2009 e 2014.
A Folha apurou que o acordo
só foi possível graças à atual situação do mercado internacional de minério de ferro, travado por causa da crise.
Com a demanda global enfraquecida, a Vale não tinha para quem vender o minério fornecido pela CSN. O menor consumo obrigou a companhia a
paralisar três minas próprias.
Desse modo, foi possível selar o
acordo com a CSN e evitar uma
eventual derrota na Justiça.
Segundo a Vale, o acordo depende da aprovação dos acionistas da mineradora, que deram o aval e arcaram com os
custos do descruzamento de
ações realizado em 2001. Entre
eles, estão Bradesco e Previ.
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